O Homem Sem Medo tinha tudo para ter se aposentado sem deixar nenhuma
grande marca na história dos comics. O mote do personagem era muito
simples: filho de um pugilista, Matt Murdock foi advertido por seu pai para não
seguir a carreira de lutador. Na miséria, tendo passado pela fase áurea, o
velho pugilista não via o boxe como caminho digno e disciplinou seu filho a
estudar para se tornar advogado. Entretanto, um acidente com o caminhão que
levava material radioativo cegou o garoto.
Como toda radiação liberada durante o pós-guerra - pelo menos nos comics -
ela deu superpoderes a Murdock (um radar para compensar sua cegueira).
O pai foi assassinado pela máfia ao vencer uma luta arranjada (mote usado pelo consumidor de cultura pop Quentim Tarantino, no filme Pulp Fiction) e Murdock declarou guerra ao crime (qualquer semelhança com o Homem-Morcego não é mera coincidência). O garoto aprendeu braile, se tornou o maior advogado criminalista que já houve em todos os tempos e nas horas de folga treinava com os instrumentos de seu pai. De dia, defendia casos nos tribunais. De noite, se vestia de diabo e pulava de prédio em prédio
No fim das contas, era apenas um grande amalgama de
Batman e Homem-Aranha. Não fez grande sucesso e a Marvel Comics decidiu
encerrar o título em 1979. Chamou um roteirista não muito conhecido e deu-lhe
carta branca para os últimos doze títulos da revista (era preciso publicar doze
números para cumprir com as últimas assinaturas). O nome do roteirista? Frank
Miller.
Alguns anos depois, o personagem teve uma segunda importância na
história dos quadrinhos de super-heróis: foi desenhado em uma graphic novel por Bill Sienkiewicz. O desenho é importante por
inserir uma nova arte neste tipo de quadrinhos. Até então não havia desenhos
com estilo excessivamente autoral no gênero.
Miller criou um personagem aparentemente menor – Elektra – e fez uma
saga MARAVILHOSA, com grande densidade narrativa. Usou o inimigo do Homem-Aranha:
o Rei do Crime, como vilão principal. Influenciado pela literatura japonesa, a
saga de Miller era recheada de arte marcial no melhor que o gênero já fez em
quadrinhos de super-heróis. O Demolidor passou por uma enorme crise que acabou
com a morte de sua amada. Frank Miller consagrou tanto ao personagem quanto a
si próprio como roteirista.
O título explodiu em vendas e, é claro, não foi cancelado. Na seqüência
da saga, a Marvel contratou-o para dar continuidade a revista. Miller fez então A Queda de Murdock. Provou que não tinha sido autor de apenas uma história. O
personagem ganhou outra vida e passou a encabeçar os títulos da Marvel (junto
com Homem Aranha, X-Men e Quarteto Fantástico).
Do legado de Demolidor pode-se citar uma infindável lista de
influências: o Lex Luthor, de John Byrne (claramente inspirado no Rei do Crime,
de Miller); Pulp Fiction e Kill Bill, de Tarantino; Ronin e Lobo Solitário
(levado para o mercado americano graças ao sucesso de Elektra); A Nova Fase de
Batman após a megassaga Crise nas Infinitas Terras.
Fonte: Mundo daMarvel
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