Logo criado por Jorge Luís

Planeta Resenha DC: Monstro do Pântano: Raízes – Volume 1 – Boas sementes geram bons frutos!

A Panini Comics lançou no Brasil o especial encadernado com as primeiras histórias do Monstro do Pântano, produzidas pelos criadores do personagem na década de setenta.
mp-rv1 (1)
E se você acha que as melhores histórias do personagem são aquelas escritas por Alan Moore nos anos oitenta, saiba que você está coberto de razão… em parte. É claro que a citada fase é excepcional, um verdadeiro divisor de águas que forçou os editores e os leitores a levarem os quadrinhos muito mais a sério, além de ser um dos grandes motivadores da criação do selo Vertigo, que delimitaria para sempre a publicação de quadrinhos para o público adulto.
Gibis não eram mais coisa de criança.
E já não eram há muito tempo, mas não vou entrar nessa questão. O fato é que as histórias criadas por Moore foram mesmo revolucionárias, mas antes dele, o Monstro esteve em ótimas mãos, as mãos de seus criadores, Len Wein e Bernie Wrightson. Eles conceberam não apenas o personagem, mas estruturaram toda uma mitologia à sua volta, repleta de coadjuvantes que perduram até hoje como personagens fortes nas histórias do pantanoso, como Anton Arcane e sua sobrinha Abgail, Matt Cable e todo o pano de fundo adicional. Obviamente esses elementos foram potencializados pelo talento criativo do famoso escritor barbudo, que elevou a narrativa a outro patamar e inovou ao recontar aspectos importantes da origem do personagem sem desmentir nem uma vírgula do que os criadores propuseram. Mas todos os elementos já estavam lá, e essas histórias, salvo por algumas referências inevitáveis da época, não envelheceram, sendo ainda hoje uma opção divertida de leitura.
Capa de "The House of Secrets" 92, que trouxe a primeira versão do Monstro.
O primeiro embrião do que viria ser o personagem foi publicado na revista “The House of  Secrets” 92 e deveria ter sido uma história de terror curta e autocontida. Começo, meio e fim. Ela narrava a trágica história de Alex Olsen com a cruel separação da mulher amada seguida da horrenda transformação na criatura do pântano, o que lhe proporcionou a justa vingança contra seu invejoso suposto melhor amigo, que tramou sua morte.  As vendas dessa edição superaram todas as expectativas e os leitores clamaram por mais. Porém, a dupla criadora já havia apresentado a canção final de Alex Olsen. Não havia mais nada a ser dito sobre ele. Mas com o tempo, e devido a contínuas solicitações de que mais histórias do monstro fossem feitas, eles tiveram uma ideia: deixar Alex confinado a sua bonita e triste história, e dar vida ao Monstro do Pântano através de outra pessoa. Assim surgiu Alec Holland, um gênio em botânica que cria um composto para uma fórmula biorrestauradora para organismos vegetais que sofre um atentado contra sua vida e se torna a nova encarnação do horripilante Ser coberto de musgo.
A ideia deu muito certo, e o personagem voltou às bancas em revista própria tornando-se um sucesso imediato.
Essas primeiras histórias narram as desventuras de Holland logo após a sua transformação, onde ele tem que lidar com a morte de sua esposa, a perda de sua humanidade e seu desejo de vingança. Os leitores acompanham sua trajetória de autoconhecimento, em histórias que em muito pouco lembram o estilo dos super-heróis, estando desde sempre com os pés firmes no gênero do terror e da ficção científica. Cientistas insanos fazendo experiências aterradoras com seres humanos, magia negra, lobisomens, bruxas e robôs descontrolados foram alguns dos temas abordados nas histórias. Há até mesmo uma homenagem ao mito de Frankenstein na forma trágica com que o pai de Abigail é retratado. O visual da personagem foi claramente inspirado no da noiva de Frankenstein nos filmes clássicos. (Abby tem os cabelos brancos com duas mechas negras nas laterais). Esse visual permanece até hoje em suas histórias mais recentes.
6
Len Wein ainda era praticamente um novato na época que co-criou o personagem, mas hoje é celebrado como um dos grandes nomes dos quadrinhos, tendo co-criado alguns outros personagens de enorme destaque, sendo que posso citar como mais popular o mutante Wolverine dos X-Men. Já Bernie Wrightson é dono de um traço extremamente original e perfeito para ilustrar HQs de horror. Embora essas primeiras histórias do Monstro do Pântano tenham começado a ser publicadas em 1971/72, poderiam perfeitamente ter estreado no mês passado, pois a sua arte não envelheceu.
Para finalizar só tenho a dizer que me diverti muito com esse primeiro volume dos primórdios do Monstro e aguardo ansioso pelo próximo. Foi bom descobrir que existiu vida inteligente nas histórias do personagem antes da fase de Alan Moore, e que o padrão se manteve elevado mesmo depois de sua saída já em sua fase na Vertigo e mais recentemente com o relançamento do título com roteiros de Scott Snyder.
Os fãs podem ficar sossegados. O legado de Len Wein  e Bernie Wrightson segue favorável.
vB0L5udh

Por Rodrigo Garrit
Fonte: O Santuário

Postar um comentário

0 Comentários