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Planeta Resenha DC: A Morte de Batman

O álbum lançado pela Ebal com o título A Morte de Batman faz questão desde já de demonstrar a existência do multiverso, pondo em sua primeira página um comparativo entre duas versões do planeta Terra, uma com os heróis da Era de Prata e outro com suas contrapartes da Era de Ouro, tudo isso evidentemente antes da mega-saga Crise nas Infinitas Terras. Na larga introdução, conta-se que os heróis surgiram no começo do século, sendo o primeiro deles o alienígena Kal-El, que ostentava o título de Super-Homem, além de explicitar a primeira reunião de mascarados, intitulada Sociedade da Justiça. Logo depois, é contado que a diferença das ações dos super-poderosos tinha um intervalo de vinte anos e o preâmbulo é perfeito por ser sintético.
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O roteiro de Paul Levitz começa mostrando uma ação conjunta do Lanterna Verde (Alan Scott) e da Poderosa, ao tentar conter um fenômeno energético em um treinamento imposto pelo computador da Sociedade. É engraçado o papel que Poderosa exerce na trama. Mesmo sendo um dos seres mais poderosos do planeta, ela não consegue ser ouvida pelos seus semelhantes, em um claro eco do machismo típico dos anos de origem daquele panteão de heróis. A máxima é mostrada de modo cômico e não panfletário como pode parecer.
Dois dos membros periféricos do grupo são Robin, ainda Dick Grayson e Caçadora, Helena Wayne, filha da Mulher-Gato e do Batman, que tem a sua identidade supostamente guardada da ciência do seu pai. Bruce Wayne tem deixado o manto de lado, uma vez que é o Comissário de Polícia da cidade, e por isso seria perseguido por um estranho meta-humano que ataca as torres gêmeas da cidade – que são as mesmas torres gêmeas derrubadas em 11 de setembro, já que esta Gotham engloba outras cidades do Leste dos EUA.
Bill Jensen, o tal vilão, não tem dificuldade em vencer Poderosa, Lanterna e outros membros da SJA, e logo o chefe de polícia atende os pedidos do bandido e tem um embate pessoal com ele. O meta-humano solta uma rajada em cima dele e dos policiais, mas é impedido pelo Doutor Destino, e, sem qualquer clímax, tenta novamente e enfim derruba o que outrora foi o Cruzado Encapuzado, matando-o.
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Após a surpresa dos acontecimentos finais, a segunda parte de Só As Lendas São Eternas começa mostrando o estado de perplexidade dos sobre-humanos ao sepultar Bruce Wayne, e conta o motivo do ódio de Bill ao comissário de polícia, indiretamente responsável por sua transformação pessoal, que o fez rivalizar em magnificência até com o Senhor Destino, grande mago desta realidade.
Na terceira parte, em A Lenda Torna a Viver, é mostrado um recordatório do Batman enfrentando Jensen, antes do derradeiro destino. Ele não pode deixar de notar o quão poderoso tornou-se o criminoso, que antes era um simples homem que assassinou seu sócio, e que foi o responsável por sua ascensão de detetive a chefe do departamento. O ódio do bandido era tanto que ao descobrir a identidade do Morcego, Jensen tem uma atitude kamikaze para dar fim à vida de seu opositor.
Diante do túmulo de seu mentor, Grayson manifestou o desejo de tomar para si o capuz do herói, mas foi proibido pela Caçadora, que reforçava que as ações da dupla como heróis eram importantes, mas que a lenda de seu pai deveria ser respeitada, e deixada em paz. No dito “epílogo do epílogo”, A Noite do Ladrão de Almas mostra a procura da SJA pela origem dos poderes de Bill Jensen.
Ao procurar a origem dos ataques, os heróis descobrem que o real vilão era Fredric Vaux, um feiticeiro que busca almas para alimentar os deuses das trevas, que lhe confiavam o poder que tinha. Seu intuito era acabar com a vida do grupo de vigilantes, e seu embate pessoal com o também mago Senhor Destino guarda momentos emocionantes. Mas ainda mais pessoal é a vontade de Helena em ir às vias de fato com o vilão responsável pela morte de seu pai. O combate místico alterou drasticamente a parede da realidade, graças ao caótico feitiço do bandido. Entre os heróis, surge a tentação em trazer Batman de volta à vida, mas segundo o Mago, esta saída não seria a melhor, nem a mais aconselhável, ao invés disso ele torce os fatos de modo místico e consegue resguardar a identidade secreta do desfalecido herói. O ótimo roteiro de Paul Levitz eleva a questão de Batman como lenda de um modo respeitoso e muito honroso, tão canônico que fez James Robinson optar por forçar a editora a não ter um Batman na revista Terra 2 dos novos 52. A Morte de Batman segue como uma das boas reimaginações do personagem.
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Por Filipe Pereira

Fonte: Vortex Cultural

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