Wolverine sempre foi um dos personagens mais queridos da
Marvel. Desde sua primeira aparição na revista Incredible Hulk #180, em outubro
de 1974, os fãs se perguntavam quem ou o que era aquele personagem apresentado
apenas como um agente super-humano do governo canadense. Ainda mais porque, em
sua estreia, suas garras não eram mostradas como retráteis, apesar de esta
sempre ter sido a ideia original dos criadores do baixinho, Len Wein e John
Romita. E nas aparições seguintes, quase nada sobre a sua história foi
revelado. Aliás, o próprio Logan sabia muito pouco sobre o seu passado.
Bem... Windsor-Smith era do tipo “fora da caixa”. Seus
enquadramentos eram diferentes, assim como as cores que utilizava, o formato
dos requadros (ou quadrinhos), a disposição “bagunçada” dos textos, as
onomatopeias... Sua narrativa continha uma criatividade que fugia dos padrões
dos quadrinhos de super-heróis de então. Portanto, nada mais adequado para um
personagem que também se diferenciava dos restantes. Depois veio a Image
Comics, aí a coisa toda desandou e surgiram centenas de cópias do Wolverine,
mesmo que a semelhança ficasse só na personalidade. Virou moda criar personagem
furioso e selvagem ou anti-herói. Mas isso é outra conversa.
Windsor-Smith fez a história sozinho. Escreveu, desenhou,
arte-finalizou e coloriu. E o fez com maestria. O resultado final, além de belo
aos olhos, é também uma das mais envolventes e significativas histórias de toda
a carreira do nanico. Arma X conta a história de como Logan – que ainda não era
o Wolverine, mas apenas um bêbado briguento – foi sedado, capturado e levado
para um laboratório militar secreto, a sede do Projeto X, um programa secreto
com o objetivo de criar um superassassino. É lá onde ele recebe a cobertura de
adamantium em seu esqueleto e as famosas garras que dão charme ao personagem
(esqueça a minissérie Origem, esta foi uma tentativa de arrumar a bagunça feita
por outros roteiristas, que criaram histórias conflitantes com Arma X, embora
fique implícito que o personagem já tinha as garras antes do implante de
adamantium). A história se passa na década de 1960, quando a histeria
antimutante ainda não havia acontecido e nem sequer sabiam que Logan era um
mutante.
Além do adamantium, outra intenção era implantar memórias e
controlar Logan mentalmente para que ele pudesse ser usado como uma arma letal.
Mas o fator de cura do mutante não colaborou e o plano de dominação desceu pelo
ralo. Só que alguns implantes de memória deram certo, tanto que diversos
roteiristas usaram isso como “desculpa” para criar suas histórias após a
publicação de Arma X (em quatorze partes, incluindo prólogo e epílogo), o que
resultou em muita porcaria e bagunça para a cronologia do canadense.
Fato é que Windsor-Smith pôs alguns pingos nos is e foi o
responsável por uma das melhores histórias de um dos personagens mais queridos
pelos leitores.
Quanta responsa, não?!
Wolverine - Arma X (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel
Vol. 12) - 144 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em maio de
2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).
Por Leonardo Porto
Passos
Fonte: HQ Maniacs
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