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Planeta Resenha Marvel: HQ: OS FABULOSOS X-MEN - A SAGA DA FÊNIX NEGRA

Na década de 1970, a Marvel dava um banho na concorrente DC Comics, que estava mal das pernas e não conseguia desbancar o sucesso das revistas do Quarteto Fantástico, Vingadores e, principalmente, do Homem-Aranha. Porém, um dos títulos da Casa das Ideias estava próximo do cancelamento e seguia adiante apenas com republicações, até que adquiriu sobrevida com um novo título, Giant-Size X-Men #1, publicado em maio de 1975.


A revista trazia uma nova dupla criativa, o roteirista Len Wein e o desenhista Dave Cockrum, que trouxeram uma nova formação para a equipe de mutantes, com Ciclope, Banshee, Pássaro Trovejante, Solaris, Tempestade, Noturno, Colossus e aquele que se tornaria um dos maiores ícones da editora, o nanico Wolverine.

A nova cara dada aos X-Men, agora uma equipe internacional, com membros oriundos de diversos países, fez enorme sucesso, e o resultado disso pode ser constatado na maneira como a franquia X-Men se comporta nos dias de hoje: diversos títulos, muitos personagens, vários filmes, desenhos, bonecos, jogos e tudo o mais no que for possível explorar a imagem dos heróis mutantes.

A imagem do grupo ganhou muito com a chegada de Cockrum, criador de personagens de apresentação visual impactante, como Colossus (um russo de pele de metal), Noturno (um alemão de pele azul com aparência diabólica e coração de gentleman), Tempestade (uma africana de cabelos brancos e olhos azuis) e Pássaro Trovejante (um índio apache nativo dos Estados Unidos). Além disso, Wein & Cockrum reaproveitaram um personagem criado pelo próprio Wein para a revista The Incredible Hulk #180, de novembro de 1974: Wolverine, um mutante canadense com vistosas garras nas costas das mãos e um passado misterioso.

E a coisa toda adquiriu proporções ainda maiores com a chegada de um novo desenhista, o inglês naturalizado canadense John Byrne, que assumiu a revista no lugar de Cockrum na edição 108 (dezembro de 1977) de X-Men. Byrne agora fazia parceira com seu conterrâneo Chris Claremont, que havia assumido os roteiros em X-Men #94 (agosto de 1975). Os dois já haviam trabalhado juntos com o personagem Punho de Ferro por quinze edições, portanto já possuíam considerável entrosamento, ou, ao menos, sabiam como lidar um com o outro, na medida do possível. Portanto, estava consolidada a dupla que é talvez uma das mais importantes para a história dos quadrinhos de super-heróis.

Eis que veio ao mundo, há 34 anos, o mais importante e influente arco (que, ao contrário do que diz o nome, não se trata de uma saga) de histórias dos X-Men: A Saga da Fênix Negra, iniciado em The Uncanny X-Men #129, de janeiro de 1980. Um exemplo de como compor um roteiro e de como desenhar uma história em quadrinhos. A personagem Fênix, a antiga Garota Marvel, Jean Grey, já existia e era muito mais poderosa do que os demais membros dos X-Men. Com tamanha disparidade, e por receio que ela apequenasse seus companheiros, a Fênix foi transformada na Fênix Negra, uma vilã com poderes imensuráveis e, sem dúvida, o maior desafio dos filhos do átomo até então, talvez até de toda a história da equipe.

Jean Grey começa a ter visões estranhas de uma possível vida passada que ela teria vivido no século XVIII, quando era integrante do Clube do Inferno e mulher de Jason Wyngarde, um dos líderes do clube que almeja secretamente dominar o planeta por meio de influência política e econômica. Mais tarde, descobre-se que Wyngarde é, na verdade, o Mestre Mental, um antigo inimigo dos X-Men, que age em conjunto com os demais membros do Clube do Inferno para controlar a mente de Jean e utilizar seus vastos poderes em benefício próprio. Só que a Fênix surge para acabar com os planos da patota infernal e, ainda por cima, põe fim a um planeta inteiro, o que leva à aparição dos alienígenas Shiar, que buscam justiça pelos atos da Fênix.

E como se não bastasse toda a competência criativa, Claremont & Byrne também foram responsáveis pelo surgimento das mutantes Cristal, uma cantora de disco music norte-americana (a Marvel tinha intenção de lançar uma franquia ligada ao estilo musical, mas demoraram demais, já que a disco estava em franca decadência no início dos anos 1980), e Kitty Pryde, uma adolescente norte-americana de origem judia com a habilidade de atravessar materiais sólidos. Além disso, é perceptível a quebra de padrões estabelecida pela dupla criativa, que inseriu elementos de violência e sexo bastante incomuns para o habitual da época. É só dar uma olhadinha no comportamento de Wolverine e no visual da Rainha Branca, surgida em The Uncanny X-Men #129. Fica difícil entender porque o famigerado Comics Code Authority não vetou nada na época.

A parceria Claremont & Byrne foi uma das mais produtivas e celebradas da história dos quadrinhos, e nos bastidores, também gerou bastante discussão pelos pontos de vista divergentes de ambos em relação a enredo e caracterização dos personagens. Ainda assim, a colaboração de ambos durou 35 edições, publicadas durante seis anos, antes que chegasse ao fim. Sorte nossa.

Os Fabulosos X-Men: A Saga da Fênix Negra (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 02) - 192 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em julho de 2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).

Por Leonardo Porto Passos

Fonte: HQ Maniacs

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