Muito
bem, Fiéis Leitores, Finalmente chegamos à parte final de nossa série de textos
sobre a fase marcante de Grant Morrison à frente da principal revista do
Superman nos Novos 52, Action Comics. Como eu prometi e
como era de se esperar, o escocês maluco abriu definitivamente as portas da sua
imaginação e destilou todas as suas ideias malucas, tanto em questão de
conceitos quanto de execução.
Sem
qualquer pudor, Morrison apresenta as ideias mais surreais. Desde uma nova
abordagem sobre a zona fantasma e seu ilustre habitante resgatado, Kriypto, até uma completa
revitalização da 5ª Dimensão e seus personagens
de nomes tão marcantes e tão difíceis de lembrar. Tal repaginada serve como uma
luva já que todas as ameaças bizarras que Morrison inventou acabam se mostrando
frutos da quinta dimensão e seu novo vilão que odeia o Superman por uma série
de motivos muito especiais.
Finalmente
presenciamos toda a extensão (pra poder perceber todos os seus poderes, na
verdade precisaríamos enxergar em cinco dimensões, mas tudo bem) dos poderes do
novo vilão demoníaco enquanto ele ataca Kal-El em três épocas
diferentes, traz vilões de terras paralelas para enfrentar o Azulão, joga todo
um exército de parasitas em formas de anjos em rota de colisão com a Terra,
libera toda a fúria de seu exército anti-superman, e colapsa linhas temporais
inteiras sobre a cabeça de nosso grande herói.
Superman – No Fim Dos Dias (at
the end of days) é um arco recheado de conceitos difíceis,
reviravoltas mirabolantes e eventos que parecem não ter sentido nenhum, mas é
muito gratificante chegar ao fim da leitura para encontrar um sentido em tudo
que aconteceu. Aqui surge a única crítica ao arco: ele é completamente
inacessível para quem não esteve presente desde no mínimo a quinta edição das
revistas que Morrison escreveu. Levando em conta que a ideia dos N52 era
justamente atrair leitores novos, colocar uma história assim tão cedo (Morrison
ficou até a edição 18) pode ser considerado um tiro no próprio pé por parte da
editora.
Mas para
aqueles que acompanharam tudo, creio que o resultado foi muito gratificante. É
muito bom ver Morrison trabalhar seus conceitos sobre o poder que grandes
ideias possuem usando o Superman como vetor.
Por mais desencontrada que sua
narrativa seja, vale a pena ler e montar um mosaico em nossas imaginações. Eu
poderia falar também sobre a arte estonteante de Rags
Morales, que conseguiu manter sua qualidade de maneira
digna, apesar de precisar de alguns ajudantes ao longo do caminho. Mas em
questão de visual, o mais notável dessas últimas edições é, sem sombra de
dúvidas, as cores! A equipe de Brad Anderson, Jordie Bellaire, Jay David Ramos e
Gabe Eltaeb, segurou as pontas e é muito graças a esses
artistas que momentos que poderiam ser muito visualmente confusos não foram; ao
contrário, os quatro coloristas entregaram um trabalho de encher os olhos e que
ajudou muito a contar a história.
É
uma pena que esta preciosa fase do escocês na vida do azulão foi tão
prontamente esquecida pelo editorial. Sem nenhuma explicação, em poucas edições
a antiga diferença de idade entre Clark e Jimmy já estava de volta, derrubando
os personagens à sua antiga forma. Krypto também foi completamente esquecido,
não fazendo qualquer aparição depois de ser resgatado do limbo por Morrison.
Enquanto sua passagem de sete anos na vida do Cavaleiro das Trevas gera frutos
até hoje, as 18 edições que Morrison escreveu para Action Comics nos
N52 parecem nunca ter acontecido. Prova de como a editora estava perdida em
seus primeiros meses de Novos 52, também evidenciada aqui e aqui.
Concluindo,
não posso deixar de citar outra coisa muito interessante que ocorreu durante as
18 edições comandadas por Morrison: as histórias backup. Assim chamamos aquelas
histórias que são publicadas junto com as principais, na mesma edição, mas
possuem aproximadamente oito páginas apenas e contam histórias curtinhas sobre
um personagem diferente ou sobre uma história secundária. Histórias backup viraram moda em tempos
recentes, toda a história do Shazam nos
N52 até agora foi contada em histórias backup da
Liga da Justiça. As histórias Backup das
18 primeiras edições de Action
Comics são comandadas pelo prestigiado Sholly Fisch, escritor muito
querido por Grant Morrison que pediu pessoalmente a presença do colega.
Fisch usou
muito bem o espaço que teve para desenvolver personagens que não teriam espaço
na história principal, tas como Aço,
Homem de Kryptonita, o casal Kent, dentre muitos outros.
Fisch procurou sempre carregar o lado emocional de suas histórias e conseguiu
muito bem fazer com que os leitores criassem simpatia pelos personagens que
desenvolveu. Parte muito importante no run de
Morrison em Action Comics, sem dúvidas.
Depois
que Morrison encerrou sua passagem pelo título, a verdade é que o personagem
afundou numa espiral de escritores ruins e falta de planejamento. Não, nem Superman Unchained pode ser considerada uma boa história ou mesmo que tenha
resgatado o personagem de seu martírio e Superman amargou assim quase dois anos
de histórias ilegíveis em seus dois títulos principais. Apenas com a nova fase
iniciada recentemente em terras do Tim Sam, capitaneada por Geoff Johns e John
Romita Jr parece que o Azulão voltará a seus dias de glória.
Por
Gabriel Fraga
Fonte:
Quadrinhos em Questão
2 Comentários
o Super tá de Quatro e o Bode vermelho tá com 4 olhos no "lombo" do Kriptoniano?!! e o cara Vermelho ainda tá "adestrando" um Cachorro com correntes Verdes de um Lanterna ( gostei dos desenhos!!) pelo amor de Jack Kirby!! Marcos Punch.
ResponderExcluirÉ aqui que as coisas começam a ficar mais complicadas, no estilo Morrison de escrever, mas eu gostei (depois de ler duas vezes).
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