Ainda
lançada pela Editora Brasil-América (Ebal), a edição extra de A Última História de Batman reúne dois contos. Ambientada na Terra
2 (ou Terra Paralela, segundo a tradução brasileira original), a história
homônima ao especial, com roteiro de David Vern Reed, começa introduzindo
as figuras mitológicas das Feiticeiras do Destino, responsáveis
por tecerem as linhas da vida, dando sua permissão ao prosseguimento da
vivência dos homens ou pondo números finais à existência de Batman.
A dupla
dinâmica investiga uma trama espacial, semelhante ao visual da “nova”
Gotham. O escapismo à la Space Opera toma a temática de subúrbio imundo comum
às histórias clássicas do Morcego. O vilão, um sujeito desconhecido de face
avermelhada, ataca o Cruzado Encapuzado num embate em meio ao espaço inócuo.
Depois desse curioso confronto, o detetive retorna à superfície terrestre
para investigar alguns suspeitos de sabotarem um dos lançamentos semanais de
foguetes organizado pela prefeitura de Gotham.
A batalha
contra o (enfim) revelado bandido interespacial Spectrum é meio infantil e
abobalhada, como toda a tônica da revista, mas é baseada na conclusão de que a
história deixa de ser ordinária e se põe um degrau acima da mediocridade. Bruce
revela ao seu parceiro que o desejo de se aposentar é cada vez mais frequente,
como seria visto décadas mais tarde na áurea fase de Grant
Morrison comandando
as tramas do Bat-título. Mas neste ponto, o motivo é diferente da simples
folga, pois Wayne pensa em se candidatar a governador, para ser mais ativo nas
mudanças que pensa para a cidade.
A maturidade
prevista através dos cabelos brancos é evoluída em conceito para uma mudança
postural. O herói enxerga que seu senso de justiça seria melhor aproveitado
enquanto governante, e clama ao seu amigo e pupilo que entenda a sua retirada
do ofício de vigilante. O último momento em que os quadrinhos focam Bruce é
quando ele sai da sala, e são mostradas imagens que simbolizariam a nostalgia e
o saudosismo que ele sentia por ter de abrir mão do batente de herói e das
lutas do bem contra o mal. Os desenhos clássicos de Walt
Simonson e a
arte-final de Dick Giordano ajudam a assinalar ainda mais tal
aura.
Após deixar
a “Turma Titã” por um tempo, Ricardito decide revisitar seu mentor, o Arqueiro
Verde. Gerry Cornway mostra uma história passada após o flagrante que Oliver
Queen deu em seu pupilo, que utilizava heroína, dando até mais dubiedade ao
título de Herói Indesejado – que se passaria a priori na Terra Um. Mesmo sendo
um pouco interessante, a segunda história não consegue rivalizar em importância
com o tema-título.
Por Filipe Pereira
Fonte: Vortex Cultural
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