Logo criado por Jorge Luís

Colaboradores do Planeta: Quando os Deuses Viraram Heróis

Houve lançamentos e relançamentos com o Thor e visto que agosto é mês de sua criação na Marvel, nosso colaborador Giulianno de Lima Liberalli decidiu nos mostrar sua chegada à Marvel e os deuses que vieram no seu rastro. Confira!


Agosto é o mês da criação do Poderoso Thor, Deus do Trovão e membro fundador dos Vingadores, porém o melhor é dizermos ‘adaptação’ do que ‘criação’ já que Thor é uma divindade da mitologia nórdica e está associado aos trovões, relâmpagos e tempestades, protetor da humanidade ligado a cura e a fertilidade, a época em que a adoração a sua divindade foi mais forte foi a era dos vikings, perduram até hoje algumas homenagens como o fato de que a quinta-feira, em inglês, é Thursday ou Dia de Thor, mas como um deus mitológico se tornou um popular personagem de HQs?

O ano era 1962 e a Marvel já havia iniciado sua história de sucesso com o Quarteto Fantástico, Hulk e Homem-Aranha, Stan Lee estava em busca de inspiração para criar o seu novo super-herói e com tantos indivíduos super poderosos já criados, o que chamaria a atenção como novidade no mundo dos quadrinhos? Um super Deus, quem sabe? Stan Lee é fã confesso da mitologia nórdica com as lendas sobre Odin, Valhala, Ragnarok e deuses em lutas fantásticas, pensando nisso decidiu buscar aí o seu novo herói e que tipo de coisa tornaria
esse herói atraente aos leitores, como ele voaria ou se deslocaria, como seriam os seus poderes, sua origem e veio na sua mente a imagem de Thor e seu martelo, Mjolnir. Em suas próprias palavras: “O Homem-Aranha tinha sua teia e viajava a Tarzan, só Deus sabe como o Superman consegue, mas eu poderia resolver os dois problemas de uma só vez: um martelo! De repente, tudo se encaixou, o personagem seria THOR, O DEUS DO TROVÃO!” Assim, Stan começou a escrever a origem do Poderoso Thor no Universo Marvel e na edição 83 de Journey Into Mistery ele fez sua estreia.

Até hoje Thor é um dos maiores heróis da editora, suas lendas e mitologia foram bem adaptadas para o mundo moderno dos super-heróis, o elmo alado de Thor foi uma adição de Jack Kirby ao visual dele, já que nas artes das lendas ele não aparece com esse elmo, Mjolnir, o rompe-tormentas, recebeu um visual mais imponente para demonstrar seu poder, Thor encarnou em um frágil alter ego humano, o médico Donald Blake, para lembrar de que sempre deve prezar a humildade e estar perto daqueles que jurou proteger, seu jeito diferente de falar foi outro toque de mestre de Stan, esse modo clássico de se expressar também ajudou a deixar o personagem com uma atmosfera de nobreza dos contos a La Shakespeare e também rendeu várias piadas junto ao Homem-Aranha e o Coisa. Fora dos quadrinhos ele marcou uma presença de sucesso nos atuais filmes da Marvel, sejam os seus filmes solo ou os dos Vingadores, seu meio-irmão Loki foi a peça principal da primeira fase e, como nos quadrinhos, foi a ameaça que levou a formação da equipe. Infelizmente, uma adaptação sofrível do personagem foi feita no telefilme O Retorno do Incrível Hulk onde apareceu como um fanfarrão ignorante e beberrão e a sua ligação com Donald Blake era ser invocado através do seu martelo que o Donald podia segurar! Cadê o ‘Somente aquele que for digno poderá empunhar o martelo e possuir o poder de Thor’? Stan, onde você estava nessa hora? Bem...

O sucesso de Thor trouxe outro deus da mitologia para o Universo Marvel: Hércules, o famoso semideus grego conhecido por sua incrível força e temperamento explosivo teve sua primeira aparição em Journey Into Mistery Annual 1 de 1965, onde Thor e Loki procuravam sair de Jotunheim e foram emboscados por gigantes de gelo, Thor os derrota mas cai em um buraco que se abriu durante a luta e vai parar no Olimpo, lá ele se depara com Hércules que o desafia para descobrir qual dos dois é o mais poderoso, resolvido o impasse Zeus transporta os Asgardianos para Jotunheim e a passagem para o Olimpo é soterrada. Mais a frente, em outra aventura, Hércules é enganado por Encantor e enfrenta os Vingadores, banido do Olimpo ele fica na Terra e se junta a equipe. Alguns dos seus traços mitológicos foram mais fielmente adaptados nessa versão para a Marvel, sua fanfarronice, tendência a bebedeira e brigas de bar lhe causaram vários problemas e alguns puxões de orelha por parte de Thor, uma das mais graves consequências da sua irresponsabilidade foi durante um ataque a Mansão dos Vingadores, bêbado e desrespeitando as ordens da Vespa por puro despeito por estar sob as ordens de uma mulher, líder da equipe na época, ele enfrentou os Mestres do Terror sozinho sendo espancando até entrar em coma, foi levado ao Olimpo para ser tratado, a situação foi tão grave ao ponto em que a equipe foi levada a prestar contas diante de Zeus, o Deus Pai irado com os ferimentos sofridos pelo filho.

Na DC também vimos Hércules nas histórias da Mulher Maravilha, porém retratado como nas lendas: o semideus desonesto e ganancioso que traiu a confiança de Hipólita e das Amazonas, capturando-as e as torturando, o que levou a rainha Hipólita a decretar que Themyscira estaria para sempre isolada do mundo dos homens.

Além deles vários deuses acabaram fazendo parte das HQs Marvel, trazidos pelas lendas nórdicas e gregas, nessa leva podemos destacar Valquíria e Ares, o Deus da Guerra. Valquíria, seu nome de nascença é Brunhilda, foi criada por Roy Thomas e John Buscema aparecendo pela primeira vez em Vingadores 83, de dezembro de 1970, Brunhilda usou várias hospedeiras humanas para caminhar na Terra, a mais conhecida foi Samantha
Parrington que integrou a equipe dos Defensores, as Valquírias são conhecidas como aquelas que escoltam os guerreiros caídos em combate para o Valhala, o grande salão da morte. Ares, o Deus da Guerra, apareceu pela primeira vez em Thor 126, junho de 1966, por Stan Lee e Jack Kirby inicialmente retratado como inimigo de Thor e Hércules, tempos depois passou a ser visto mais como um anti-herói passando a integrar a SHIELD após a Guerra Civil. Na DC ele foi retratado, assim como Hércules, na sua forma mais próxima da mitológica de Deus da Guerra e foi o principal inimigo da Mulher Maravilha em seu reinício pós-crise nas mãos de George Pérez.

Não incluí nessas citações a famosa criação de Jack Kirby para o Universo DC, Os Novos Deuses. Apesar do nome eles não possuem ligação com a mitologia tradicional e mesmo com todo o poder que possuem, não são deuses, mas uma raça de imortais altamente avançada e poderosa surgida após o Ragnarok que se intitulam deuses por mérito próprio. Darkseid, um dos mais poderosos deles, é um vilão presente em várias sagas como: Lendas, Odisséia Cósmica e Crise Final.


A mitologia sempre foi um campo farto de inspirações para boas histórias nos quadrinhos, entre elas podemos citar a excelente fase de Walt Simonson a frente do título do Thor, como poucos ele usou vários elementos de Asgard para retratar arcos inesquecíveis como a saga da caixa dos invernos antigos, a guerra de Surtur, o ataque de Malekith a Terra e o feitiço que impedia Thor de morrer, deixando ele frágil e vulnerável, levando-o a enfrentar os gigantes de gelo, Jormungand, a serpente do mundo, o Destruidor e a própria Hela, senhora da morte. Em pouco tempo o terceiro filme de Thor, Ragnarok, estará nos cinemas levando cada vez mais o nome do Deus do Trovão para as mais distantes regiões dos Nove Mundos e além.


Por Giulianno de Lima Liberalli

Colaborador do Planeta Marvel/DC

Postar um comentário

4 Comentários

  1. não sabia que o mês de agosto tido como o mês do Desgosto foi quando nasceu o Deus das Marteladas Trovejantes!! que venha o filme da Terceirização do Ragnarok!! viva o Thor!!! Marcos Punch.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Marcos, quanto tempo, por Odin! Ainda nada de concreto foi revelado sobre o terceiro filme, mas espero que façam um bom trabalho porque o Ragnarok é uma parte importante da mitologia nórdica, o fim de todas as coisas, esse filme tem que ser épico.

      Excluir
  2. Quando era criança e lia os formatinhos, achava "engraçado" a maneira deles falarem. O Thor sempre falava como quem tinha absoluta certeza de que iria derrotar seu oponente independente de quem fosse. E ainda era uma época em que o Hércules se equiparava em forças com o Thor. Bons tempos. Eu ainda gostava dos desenhos do John Buscema e quando chegou a fase do Simonson, até estranhei um pouco, mas a qualidade de seus desenhos e das histórias me conquistaram rapidamente. Com a Panini lançando clássicos em capa dura como o Demolidor do Frank Miller, quem sabe um lançamento nos mesmos moldes do Thor da fase do Simonson...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Roger, John Buscema é um artista com um traço marcante, assim como o Sal Buscema e a chegada do Walt Simonson trouxe um estilo muito diferente e novo, a Panini lançou Os Maiores Clássicos do Poderoso Thor com a fase de Simonson em cinco volumes (tenho todos no lugar de honra da minha coleção) e marcou o personagem, aliás fiquei bobo que a Panini seguiu até o quinto volume, porque o Quarteto de John Byrne parou praticamente na metade sem dar nenhuma satisfação. Abraços!

      Excluir