1968- Depois de aparecer esporadicamente
nas histórias do Quarteto Fantástico como convidado especial, o Surfista
Prateado ganha uma revista própria. Mas Stan Lee quis dar uma atenção especial
ao Surfista, e quis fazer dele sua voz para falar de tudo o que ele achava que
havia de errado com a sociedade e o mundo. O que melhor que alguém de fora
do planeta para ver o que nós, primitivos humanos, não percebíamos?
Então, a revista do Surfista seria
bimestral (pelo menos nas primeiras edições) e teria o dobro de páginas pelo
mesmo preço das outras, com histórias completas (o maior problema com gibis de
super-heróis é que a história sempre continua na edição seguinte). Na
primeira edição, foi a presentada A
ORIGEM DO SURFISTA PRATEADO, com desenhos do lendário John Buscema.
Em meio a uma montanha de neve
encontra um portal antigo e ruínas, que o fazem lembrar de
seu passado, e sua origem vai sendo contada em flashbacks:
"No planeta Zenn-La, um paraíso
tecnológico criado por uma raça humanoide super evoluída e avançada espiritual
e culturalmente, vivia Norrin Radd, um jovem romântico e sonhador que não
suportava a sociedade hedonista e fútil à sua volta (qualquer semelhança com
nossos dias de Big Brother NÃO é mera coincidência - as grandes obras são
sempre atuais). Seu ídolos eram os antepassados, para quem ainda havia
desafios e algo a ser desbravado. Até mesmo o conhecimento era
adquirido através de cubos hipnóticos. Roupas e comida eram confeccionadas por
máquinas. Norrin visitava frequentemente o museu holográfico, revivendo o
passado e assistindo a batalhas, ao surgimento da era da razão (numa alusão
coerente à época do Iluminismo, uma oportunidade desperdiçada por
nós) e a conquista do espaço.
Ele vivia com sua amada, a
bela Shalla Bal, que se entristecia ao ver o descontentamento
de Norrin, quando este dizia: "Aquilo que é fácil não vale a pena ser
conquistado. Até mesmo seu lábios não seriam tão doces se eu não fosse
merecedor deles".
Um dia, porém, uma
sombra cobriu Zenn-La: era Galactus, O Devorador de Mundos, que se
aproximava para consumir o planeta. O povo há muito havia esquecido o que era
lutar, pois guerras, doenças e armas eram obsoletos. Tentaram empregar sua
única defesa: uma bomba de colbalto que fez tremer as edificações reluzentes
e pôs o paraíso abaixo, apenas para assistirem Galactus desviar-se
entre dimensões (?), permanecendo incólume.
Mas em meio ao caos, apenas ele,
Norrin Radd, teve coragem de utilizar uma pequena espaçonave e ir falar com o
gigante, dizendo que ele deveria procurar planetas SEM VIDA INTELIGENTE para
se alimentar. Galactus então fala que sua necessidade de energia é urgente e
pergunta: "Se sua vida dependesse de pisar num formigueiro, você hesitaria?"
Então Norrin Radd se oferece para
procurar planetas em seu lugar, desde que poupe seu mundo natal. Galactus
aceita e o transforma no Surfista Prateado! Ele se despede de Shalla Bal e
segue seu caminho com seu novo mestre, nunca esquecendo sua amada..."
[Nunca esquecendo uma pinoia! Na
época que ele chegou na Terra ele nem lembrava de onde vinha e de sua promessa
de procurar mundos SEM VIDA (não digo vida inteligente, pois não sei se me
atrevo de chamar a raça humana de inteligente). Não foi culpa dele, como verão
em capítulos posteriores, mas eu queria chamar a atenção para outro fato, o
Norrin vivia chateado e queria aventura, né? Então o espertinho matou dois
coelhos com uma caixa d'água só (eu sei que é cajadada) , salvando
o planeta e abandonando seu povo indolente. Galactus usou Norrin ou foi o
contrário? Ah, e vejam o último quadrinho que diz: "...até que o próprio
tempo perdeu seu significado!" Levem em conta que a noção de tempo se
perde no espaço (quem estuda física quântica sabe um pouco disso), mas certas
coisas (como estes cálculos) devem ser desconsideradas em benefício da
imaginação.]
Essa série clássica do Surfista
Prateado teve 18 edições, foi publicada até 1970. No Brasil, foram publicadas
pela Editora Abril fora de ordem, com páginas e falas cortadas na revista
Heróis da TV e Capitão América, em números esporádicos. Melhor do que nada, eu digo.
Graças à editora Mythos, consegui completar as 18 histórias (em preto e branco
nas Edições Históricas do personagem, que me custaram R$ 19,90 e 29,90,
respectivamente).
A Panini, posteriormente, lançou a Biblioteca Histórica Marvel: Surfista
Prateado, com as seis primeiras histórias (as melhores), com capa dura e papel
especial – foi meu sonho realizado.
Fonte: Gibiblioteca
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