Lançado em
2004, em formato de mini-série, Lex Luthor: Homem de Aço mostra a situação de Metropolis sobre os olhos do magnata careca. A
arte de Lee Bermejo é bastante peculiar, aliada às cores
de Dave Stewart, que por sua vez dão um
tom de pintura às páginas. Os personagens tem seus rostos marcados – até os
bebês tem rugas – e a face do kriptoniano é feita de forma escura, demonstrando
graficamente o quanto ele é “ruim” aos olhos do seu inimigo.
Ventila-se a
possibilidade de que o roteiro de David
Goyer em Man of Steel 2 seja influenciado por esta HQ, em
especial o conluio entre ele e Bruce Wayne, onde o foco seria na
cobrança as consequências dos atos do último filho de Krypton. O fato pode ser
emulado e encaixaria bem no roteiro se a sutileza e a reticência do vigilante de Gotham for reproduzida como em sua
essência, mas qualquer coisa além disso é pura especulação.
O hostil
milionário põe em seu discurso inúmeras referências aos grandes feitos do
homem, validando a ação do sujeito sem poderes em detrimento dos feitos
super-heroicos. Ele fala tudo isso para logo depois apresentar Hope,
um protótipo feminino quase onipotente, que viria para preencher o ideal do ser
humano com habilidades perto do Divino, mas idealizado por
alguém de “dentro”. Curioso como ele se isola e se torna cínico, mesmo para
atributos tão quentes aos olhos humanos como a sedução e o desejo carnal, a não
ser quando tais tentações partem do objeto feito por seu próprio imaginário.
Hope é de Metropolis, nascida e criada e
só tem olhos para a cidade. Ganha notoriedade e fama instantaneamente, o que
incomoda o jornalista Clark Kent, e o leva a fazer duras
críticas a sua conduta. Seu código ético é inspirado no de Lex Luthor,
e sua punição ao mal feitor que assassinou dezenas de policiais de forma
impensada – um demente Homem dos Brinquedos – é prova disso, pois ela o larga
esperando seu fim derradeiro e o vilão é salvo pelo Alienígena de capa. No fim
das contas, Hope é fantasticamente intangível, e por isso irreal, é como uma
máquina que põe para fora os desejos e forma de pensar de Lex, mas que ainda
assim é mecânica, e distante da realidade e pensamento humano, assim como o kryptoniano que o protagonista tanto odeia.
A fala final
de Lex escancara em forma de desabafo – mas sem perder a classe – tudo o que o
seu Nêmesis representa para ele e para a humanidade, claro, sob sua ótica
distorcida. O homem comum assume que sozinho é impotente diante de tal poder,
mas se apega a esperança de que com seus semelhantes ele conseguirá a vitória.
A esperança é algo impresso no caráter do Homem, e enquanto ele viver, ela
viverá também. Azzarello consegue resgatar grande parte da
grandiosidade do personagem mesmo sem ignorar suas facetas pouco fáceis de
lidar, como a do cientista louco, ao contrário, o autor dá um novo sentido para
isso, tornando-o crível e até empático.
Fonte: Vórtex
2 Comentários
a arte do Bermejo é muito boa!! no Caratér do Luthor tem uma Impressora de Esperança?!? Hope Lex 100 sentido!! Marcos Punch.
ResponderExcluirO Lee Bermejo é bom mesmo. Como roteirista, só li o Batman Noel que achei bem simplório, o que não é ruim. Vamos ver como ele se dá escrevendo a nova série We Are Robin.
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