Ela precisa fugir de um porta-aviões
aéreo em queda livre, enquanto é perseguida pelos agentes da Shield ao mesmo
tempo em que tenta proteger civis inocentes, especialmente seu namorado… tudo
isso usando trajes sumários ou simplesmente nua.
E sim, é mesmo tão divertido quanto
parece!
Devido aos problemas de descontrole
apresentados pelo Hulk na época da publicação dessa história, a Shield decide
investigar a versão feminina e descolada do gigante esmeralda, muito a
contragosto de Nick Fury, que decide “lavar as mãos”. O comando vai sendo
delegado até membros menos escrupulosos da organização, o que faz com que o que
deveria ser apenas uma investigação amistosa torne-se um sequestro brutal em
meio ao East Village, onde agentes vestindo armaduras de combate investem
pesado contra a verdona estonteante, que resiste bravamente mas acaba sendo
teleportada para a base da Shield junto com seu namorado Wyatt e alguns
transeuntes que estavam próximos ao ataque.
Não bastasse os óbvios problemas
burocráticos internos da Shield entre outras arbitrariedades que culminaram na
clara violação dos seus direitos civis, ela foi submetida ainda a alguns
constrangimentos desnecessários, dentre os quais ser revistada nua diante de
uma equipe de agentes extasiados, e coagida a permitir invasivos testes e
análises clínicas, aos quais ela foi obrigada a aceitar para preservar a
integridade física de Wyatt e dos outros civis… sendo em seguida jogada exausta
numa jaula, como uma aberração perigosa.
Como desgraça pouca é bobagem, um
dos pedestres transportados para o porta-aviões da Shield estava infectado por
uma ninhada de baratas radioativas inteligentes, capazes de controlar
hospedeiros humanos ao penetrar seu corpo através do contato boca a boca.
John Byrne é apaixonado pela
Mulher-Hulk, isso é público e notório. Desde que ele pôs as mãos nela, ela
deixou de ser a “Selvagem”, para ser tornar “Sensacional”… colocou-a como
substituta do Coisa durante sua elogiada e espetacular passagem pelo título do
Quarteto Fantástico, e fez com que ela se tornasse uma das mais queridas e
admiradas personagens da Marvel.
Essa história tem uma premissa
simples, porém é muito contundente em sua simplicidade. Eu explico: não temos
aqui um roteiro elaborado, repleto de reviravoltas ou tiradas geniais… mas é
delicioso ver como ele retrata o cotidiano de uma mulher verde com mais
de 2 metros de altura, que chama atenção por onde passa, faz um tremendo
sucesso com os homens… e adora tudo isso. Embora possa controlar a
transformação e mudar sua forma para a da advogada sem graça, ela passa o tempo
todo como Mulher-Hulk, por opção. Ao contrário da criatura irascível que seu
primo se tornou, Jennifer vê sua mutação como uma dádiva e está muitíssimo
feliz exercendo o papel de heroína. E esse é um dos pontos que faz essa
história ser significativa para a personagem.
Essa HQ é um divisor de águas para
ela, uma brusca e bem vinda mudança nos rumos que viria a tomar pela frente.
Para evitar uma catástrofe que ceifaria milhares de vidas, ela se expõe a
níveis altíssimos de radiação. Embora seu poderoso corpo seja perfeitamente
capaz de resistir sem nenhum dano, ela perde o dom de reverter à forma humana.
E agora, ela se vê obrigada a ser eternamente a Mulher-Hulk, não tendo mais o
poder de escolher ser normal. Dizem que só damos valor as coisas depois que
perdemos… e embora ela tenha lidado com isso de forma extremamente otimista,
sabe em seu íntimo que alguma coisa preciosa se perdeu para sempre.
Byrne é daqueles artistas que
dispensa apresentações, a menos que você tenha começado a ler quadrinhos ontem.
Ele é um veterano, já tendo trabalhado com praticamente todos os grandes
personagens da Marvel e DC, sempre deixando sua marca e uma legião de fãs. Seu
traço é uma referência e serve de inspiração para as próximas gerações de
grandes artistas.
A Sensacional Mulher-Hulk é uma
história com muita ação, humor, sensualidade e uma boa dose de humanidade. É
impossível não se apaixonar pela personagem ou não se deixar envolver pelo seu
carisma, cultivado com tanto cuidado por Byrne.
E uma ótima lembrança do motivo dos
quadrinhos existirem: diversão!
Fonte: O Santuário
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