O que vimos se desenvolver desde o fim do
ano passado com o lançamento de da revista Homem de Ferro & Thor na Nova Marvel brasileira com toda
certeza entrará para o cânone da trajetória do deus do trovão nas revistas da
editora. Com maior responsabilidade recaindo sobre JASON AARON e ESAD RIBIC, vimos um épico se desenhando ao longo dos meses.
Já comecei a falar da história em janeiro, e agora volto para tecer alguns comentários
sobre a conclusão de um dos mais instigantes arcos de abertura das várias
revistas que já trouxeram Thor como
protagonista, que terminou em julho, em Homem de Ferro & Thor #9.
A história tem diversos aspectos positivos, apesar de em alguns momentos parecer muito enigmática ou mesmo arrastada. O primeiro deles é a oportunidade constante que Aaron nos dá de refletir sobre como damos sentido às divindades que os seres humanos cultuam, sem com isso mirar em alguma religião ou crença específica. Se você ler com atenção, percebe essa crítica/reflexão em diversos pontos da história.
Além disso, a interação e caracterização de cada Thor (o jovem, o Vingador e o velho e solitário rei) é o que há de mais épico na história. Com uma surreal interação de três versões da mesma pessoa, é possível imaginar como poderíamos dialogar com nosso passado e pensar o que fazer com nosso próprio futuro. A inserção das netas do velho Thor apenas aprofunda o tema do choque de gerações e de legados. O tempo é um brinquedo nas mãos (e na cabeça!) de Aaron, que o usa de forma engenhosa quando desvela a cartada final de Gor, Carniceiro dos Deuses.
Aliás, outro elemento essencial, claro, é Gorr. Ele começa como um vilão bastante simples em seus propósitos. Mas o que parece um personagem unidimensional vai se mostrando o mais próximo de um humano de todos os principais personagens que desfilam nas onze partes dessa grande história. Isso fica mais nítido na sua origem, em história isoladamente ilustrada por BUTCH GUICE, que proporciona uma bem colocada mudança de visual. Aliás, apenas chovendo no molhado, a intensidade das inúmeras cenas de batalha e mudanças de cores, ângulos e expressões exigidas pela narrativa de Aaron são magistralmente realizadas por Esad Ribic, que parece que nasceu para ilustrar essa história.
Mas voltando a Gorr, o que parecia um
personagem simplório, apenas um pano de fundo para o desenvolvimento de lados
pouco trabalhados do deus do trovão, mostrou pouco a pouco ser algo muito mais
amplo. A “humanidade” que citei se desdobra no quanto o ódio e seu forte
ressentimento tomam completamente controle de sua vida, levando-o a cometer as
maiores atrocidades em nome do combate daquilo que ELE considera a maior de
todas. A condenação de todos os panteões segundo sua lógica é um retrato de
inúmeros defeitos apresentados por nós com muita frequência.
A ironia daquilo que Gorr acaba se tornando, e perfeitamente apontada por seu próprio filho, é essencial para entendermos toda a lógica por trás da história.
O fim do monstro é esperado, mas guarda sequências de tirar o fôlego e a lembrança de que o protagonista – todas as suas três diferentes e tão parecidas versões – é, afinal, um deus; no que isso tem de pior e de melhor.
Fica difícil imaginar se o próprio Aaron será capaz de superar o que nos apresentou em tão poucas páginas. Aguardemos.
Por João
A ironia daquilo que Gorr acaba se tornando, e perfeitamente apontada por seu próprio filho, é essencial para entendermos toda a lógica por trás da história.
O fim do monstro é esperado, mas guarda sequências de tirar o fôlego e a lembrança de que o protagonista – todas as suas três diferentes e tão parecidas versões – é, afinal, um deus; no que isso tem de pior e de melhor.
Fica difícil imaginar se o próprio Aaron será capaz de superar o que nos apresentou em tão poucas páginas. Aguardemos.
Por João
Fonte: Universo Marvel 616
2 Comentários
O Gorr é um dos melhores vilões que eu já vi.Tirou o Treinador do meu top 10 vilões favoritos da Marvel.Acho o Gorr no nível do Loki.
ResponderExcluirPs:Thor o Deus do Trovão(now)-de longe a melhor hq da Marvel atual.
Realmente o Gorr surpreendeu. A edição nº 5 que conta a origem do Gorr é excelente para entender a motivação desse vilão. Pena que os desenhos não foram do Esad Ribic, mas a qualidade não cai.
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