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Planeta Marvel NOW: Cable and X-Force #1

[o artigo abaixo contém spoilers]

Roteiros de Dennis Hopeless
Desenhos de Salvador Larroca
Cores de Frank D’Armatta

Dennis Hopeless é um escritor que nunca vi tão gordo. Até aqui nada contra, pois sempre há a chance do cara ser bom e nos surpreender, o que infelizmente não é o caso aqui. Ele começa a história mostrando a nova X-Force de Cable já formada, composta por Dominó, Colossus, Forge e Dr. Nemesis se encontrando com a equipe de Vingadores liderada por Destrutor (que está sendo apresentada no título Uncanny Avengers). Pra quem não sabe ou não se lembra, Destrutor é Alex Summers, irmão de Ciclope e, portanto, tio de Cable. Daí que isto gera um diálogo um tanto estranho em que Alex dá uma de tiozão pra cima de um sobrinho que é claramente mais velho e tem mais experiência que ele, e o repreende como se tivesse pego em flagrante um moleque que acabou de quebrar o vidro da janela do vizinho com a bola de futebol. A cena não dura muito, e não passa disto. Depois dela a história volta no tempo e começa a apresentar uma trama que já virou rotina nos títulos de equipes da Marvel NOW!: o processo de recrutamento dos membros.

Cable and the X-Force 01-000
Tudo bem que é necessário que o leitor novato, ou mesmo para o veterano que já não acompanha o universo mutante há algum tempo, se habitue aos personagens, mas a história aqui é bem arroz com feijão. Vemos Cable visitando seu amigo Forge, um mutante cujo poder é, basicamente, inventar máquinas. Isto mesmo, ele é muito bom em criá-las, e só. E como Cable, desde que foi curado do vírus tecnorgânico, perdeu a mobilidade do braço esquerdo (o mesmo que, por décadas, foi muitas vezes confundido com uma prótese cibernética), agora ele precisa de uma espécie de exoesqueleto que o ajude a movê-lo. Forge o constrói, e como o próprio Cable faz questão de salientar, é um dos acessórios mais esteticamente horríveis e desajeitados que o personagem já utilizou (e estamos falando de um cara que já usou ombreiras enormes e empunhou trabucos que tinham quase o tamanho de seu corpo).
Depois passamos rapidamente por uma missão da mutante Dominó, que é uma versão espiã da Feiticeira Escarlate, só que sem toda a vastidão de seus poderes. Ela tem a capacidade de alterar as probabilidades a seu favor, mas ele funciona mais como um reflexo condicionado que de alguma forma afeta tudo que pode se voltar contra ela, fazendo com que ela consiga se livrar de várias enrascadas, mas não permite que ela faça coisas aparecerem do nada, nem alterar toda a realidade como sua “prima” com complexo de deusa apagadora de genes mutantes.

E também vemos o rápido recrutamento do Dr. Nemesis, que é talvez o cientista mais metido a gostosão e insuportável já criado para uma HQ da Marvel, e é só isto que vocês devem saber sobre ele (sério, nunca fui com a fuça do personagem, e não tenho o menor interesse de conhecê-lo mais a fundo).

Paralelo a tudo isto, acompanhamos como anda a vida de Esperança, que desde o final de Vingadores vs. X-Men, quando restaurou o gene mutante de milhões de seres humanos com o uso da Força Fênix, está numa situação muito parecida com a de Cable, andando por aí sem saber ao certo o que fazer da vida depois que seu maior objetivo foi cumprido. Com isto sua maior motivação é reencontrar Cable, que ela considera seu pai adotivo. Isto acontece ainda nesta edição, o que nos poupa de várias edições nos enrolando com esta subtrama desinteressante. Ponto para Hopeless!
Daí, quando chegamos nas últimas páginas sem saber porque estamos acompanhando estes personagens tão sem propósito, e sem saber qual é o maldito plano que Cable insiste em esconder dos demais – o que é muito irritante, diga-se – rola um gancho que aponta para a primeira missão do grupo, que misteriosamente tem conexões com uma visão que Esperança teve algumas páginas antes, quando acessou a mente de Cable durante uma de suas enxaquecas repentinas (outro efeito colateral da cura do vírus tecnorgânico, que pode indicar que seus poderes telepáticos estão voltando a se manifestar). E é isto!
Edição bem morna, que poderia se beneficiar dos traços de Salvador Larroca, um cara que mandou muito bem quando estava no título do Homem de Ferro ao lado de Matt Fraction, mas que aqui parece ter feito tudo às pressas. Pra compensar um pouco, Frank D’Armata faz seu já competente trabalho de colorização, mas isto não é o bastante pra tirar da boca o gosto amargo de termos lido uma história que está tão sem rumo quanto seus protagonistas.
Enfim, o jeito é dar uma olhada nas próximas edições pra saber se isto foi só uma primeira impressão que se mostrou apenas incompleta e sem contexto, ou o início de mais uma série mutante dispensável, algo que, infelizmente, não falta na Marvel. Espero que melhore, pois Cable merece um título à altura de sua jornada até aqui (ou uma nova chance de morrer heroicamente e descansar em paz de uma vez por todas, antes que baguncem ainda mais sua história, já complicada demais).


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4 Comentários

  1. é bom que essa edição foi "Morna" e não teve muita coisa pro Nerd resenhar...Marcos Punch.

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  2. Roger sempre capta as minhas "Mensagens"!! esse cara é Ultra-Esperto!!! Marcos Punch.

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