[o artigo abaixo contém spoilers]
Roteiros de Matt Fraction
Desenhos de Michael Allred
Primeiro uma breve
recapitulação sobre a origem da Fundação Futuro. Reed Richards, como um dos cientistas
mais respeitados do mundo, participava de convenções anuais onde se reunia com
as mentes mais brilhantes de todos os ramos da ciência do planeta para discutir
ideias visionárias para resolver os problemas do mundo. Até o dia em que ele
cansou de ver que seus colegas cientistas não ousavam o suficiente para
realmente fazer a diferença em grandes obstáculos para o avanço da humanidade.
Daí surgiu a ideia de criar sua própria fundação de mentes brilhantes, onde
reuniria jovens superdotados, e com imaginação e entusiasmo o bastante para
mudar o mundo para melhor.
Durante toda a fase de
histórias escritas por Jonathan Hickman, pouco antes da criação
da Fundação Futuro, o Quarteto Fantástico ofereceu abrigo a várias crianças
superdotadas de outras espécies humanóides inteligentes da Terra com as quais
tiveram contato durante missões em que a equipe resolveu diferentes crises
ocorridas nas cidades onde os pequenos viviam.
A Fundação começou com Mik, Korr, Turg e Tong quatro crianças molóides evoluídas,
cuja raça humanóide subterrânea serviu por muitos anos como escravos de um dos
vilões mais antigos do Quarteto, o Toupeira; Vil e Wu duas
crianças da raça dos atlantis originais (seres submarinos meio peixes meio
homens, bem diferentes dos atlantis atuais, com aparência mais humana, pele
azul e guelras, de quem o Namor é um descendente mestiço); Bentley 23, o 23º clone criança do Mago, outro vilão antigo do Quarteto; Alex Power, um ex-integrante do Quarteto Futuro, que há alguns anos
atrás era um grupo de crianças com superpoderes; o Homem-Dragão, um andróide monstruoso
que até pouco tempo atrás era um vilão que vivia dando trabalho para vários
heróis da Marvel, até recentemente ser reprogramado por Valeria Richards para
bloquear seus instintos primários destrutivos e explorar todo o seu intelecto; Artie, um mutante com o poder de
projetar seus pensamentos sob a forma de hologramas; e Sanguessuga, mutante capaz de anular
os poderes de outros mutantes ao seu redor.
Com essa equipe eclética de
super-gênios, Reed Richards começou a desenvolver formas de resolver grandes
problemas da ciência, começando com uma busca pela cura da condição de Ben Grimm, o Coisa (algo que conseguiram em parte, pois a
tal “cura” é capaz de revertê-lo para a forma humana por apenas um dia por ano).
Depois disto eles passaram por
muitas aventuras, chegando ao ponto de ajudar o Quarteto a enfrentar um grupo
de Celestiais Loucos de outro universo que tinha poder o
bastante para destruir o universo, história que culminou numa das cenas mais
antológicas de toda a história do Quarteto Fantástico (sim, estou novamente
citando “To me… MY GALACTUS!”, porque ela
sempre merecerá uma menção quando couber).
Resumindo, a Fundação Futuro
foi um dos conceitos mais bacanas criados por Jonathan Hickman, e um dos
melhores grupos de personagens da Marvel reunidos nos últimos anos, e agora é a
vez de Matt Fraction se divertir com o brinquedo que seu colega deixou pra trás.
A história de FF#1 é tão bem
bolada que toda esta minha introdução acima soa um tanto inútil, isto porque
Fraction encontrou uma forma de reapresentar o conceito e os personagens para
possíveis novos leitores sem que estes sintam a necessidade de ler as histórias
anteriores.
Não temos nenhuma cena de ação
neste primeiro capítulo, ele inteiro é sobre cada integrante do Quarteto
Fantástico indo atrás dos quatro candidatos que selecionaram para substituí-los
durante sua ausência (anunciada em Fantastic Four #1), e concentra-se em
conversas “triviais” entre eles e seus substitutos, mas, claro, levando em
conta as idiossincrasias do universo ficcional da Marvel.
É preciso falar rapidamente da
nova formação do Quarteto, que é uma das mais inusitadas desde aquela composta
por Motoqueiro Fantasma, Homem Aranha, Wolverine e Hulk (sim, isto aconteceu). A atual
terá como líder o Homem-Formiga II, Scott Lang, que recentemente perdeu
sua filha Cassie, a Estatura do grupo Novos Vingadores; Medusa, esposa do Raio Negro, rei dos Inumanos; Mulher-Hulk, prima de Bruce Banner com poderes semelhantes aos dele, mas
capaz de preservar sua personalidade quando assume a forma musculosa,
superpoderosa; e, talvez a escolha mais inesperada de todas, Darla Deering, codinome Sra. Coisa, uma personagem nova,
criada por Matt Fraction e Mike Allred especialmente para estrear neste título,
onde, por enquanto, ela aparece apenas como a socialite namorada de Johnny Storm, o Tocha Humana, mas que na capa desta
edição já aparece usando sua “Armadura de Coisa”, que lhe dará superforça e
poderes parecidos com os do Coisa (esta informação não é revelada na edição,
mas sim no especial Marvel NOW! Point One, que não li
ainda).
Fraction escreve a história
como uma sitcom de ficção científica e super-heróis, algo que casa
perfeitamente com os desenhos do Mike Allred, cujo traço possui um senso
de humor e um toque de estranheza e excentricidade naturais, construindo um
visual único para a história, e tornando-a ainda mais divertida do que seria se
ficasse por conta de um desenhista mais “tradicional”.
Além dos “recrutamentos”, nesta
primeira edição também vemos pequenas entrevistas de uma página para apresentam
cada uma das crianças da Fundação Futuro, outra ótima jogada do roteirista, que
dá aos leitores novatos o essencial para entenderem a premissa da série e conhecer
seus personagens, tudo escrito e desenhado de maneira leve e descontraída.
Ainda há outra boa sacada no final da história, quando descobrimos em que ponto
do tempo todos os depoimentos das crianças se encaixam.
Alguns podem até não gostar do início “desacelerado” de
Fraction tanto aqui como no título do Quarteto, mas vejo isto como um grande
acerto do autor, que aqui se sai até melhor do que lá, pois temos um contato
maior com os personagens, e é com eles que devemos nos importar antes de partir
pro meio da ação. Conseguiu me conquistar.
Fonte: Nerd GeekFeelings
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