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Planeta Marvel NOW: FF #1

[o artigo abaixo contém spoilers]

Roteiros de Matt Fraction
Desenhos de Michael Allred

Primeiro uma breve recapitulação sobre a origem da Fundação Futuro. Reed Richards, como um dos cientistas mais respeitados do mundo, participava de convenções anuais onde se reunia com as mentes mais brilhantes de todos os ramos da ciência do planeta para discutir ideias visionárias para resolver os problemas do mundo. Até o dia em que ele cansou de ver que seus colegas cientistas não ousavam o suficiente para realmente fazer a diferença em grandes obstáculos para o avanço da humanidade. Daí surgiu a ideia de criar sua própria fundação de mentes brilhantes, onde reuniria jovens superdotados, e com imaginação e entusiasmo o bastante para mudar o mundo para melhor.

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A ideia de Reed era dar suporte e orientação para estas crianças prodígio, começando por sua filha, Valéria Richards, uma garotinha de 3 anos que é mais articulada que a maioria dos adultos que conhecemos, e com um Q.I. que ultrapassa o de alguns dos maiores gênios da espécie humana (suspeita-se até que ela seja mais inteligente que seu pai), e por Franklin Richards, que não é tão inteligente quanto a irmã mas tem muita imaginação e um dormente poder mutante que o torna capaz de, literalmente, alterar a realidade.

Durante toda a fase de histórias escritas por Jonathan Hickman, pouco antes da criação da Fundação Futuro, o Quarteto Fantástico ofereceu abrigo a várias crianças superdotadas de outras espécies humanóides inteligentes da Terra com as quais tiveram contato durante missões em que a equipe resolveu diferentes crises ocorridas nas cidades onde os pequenos viviam.

A Fundação começou com Mik, Korr, Turg e Tong quatro crianças molóides evoluídas, cuja raça humanóide subterrânea serviu por muitos anos como escravos de um dos vilões mais antigos do Quarteto, o Toupeira; Vil e Wu duas crianças da raça dos atlantis originais (seres submarinos meio peixes meio homens, bem diferentes dos atlantis atuais, com aparência mais humana, pele azul e guelras, de quem o Namor é um descendente mestiço); Bentley 23, o 23º clone criança do Mago, outro vilão antigo do Quarteto; Alex Power, um ex-integrante do Quarteto Futuro, que há alguns anos atrás era um grupo de crianças com superpoderes; o Homem-Dragão, um andróide monstruoso que até pouco tempo atrás era um vilão que vivia dando trabalho para vários heróis da Marvel, até recentemente ser reprogramado por Valeria Richards para bloquear seus instintos primários destrutivos e explorar todo o seu intelecto; Artie, um mutante com o poder de projetar seus pensamentos sob a forma de hologramas; e Sanguessuga, mutante capaz de anular os poderes de outros mutantes ao seu redor.

Com essa equipe eclética de super-gênios, Reed Richards começou a desenvolver formas de resolver grandes problemas da ciência, começando com uma busca pela cura da condição de Ben Grimm, o Coisa (algo que conseguiram em parte, pois a tal “cura” é capaz de revertê-lo para a forma humana por apenas um dia por ano).

Depois disto eles passaram por muitas aventuras, chegando ao ponto de ajudar o Quarteto a enfrentar um grupo de Celestiais Loucos de outro universo que tinha poder o bastante para destruir o universo, história que culminou numa das cenas mais antológicas de toda a história do Quarteto Fantástico (sim, estou novamente citando “To me… MY GALACTUS!”, porque ela sempre merecerá uma menção quando couber).

Resumindo, a Fundação Futuro foi um dos conceitos mais bacanas criados por Jonathan Hickman, e um dos melhores grupos de personagens da Marvel reunidos nos últimos anos, e agora é a vez de Matt Fraction se divertir com o brinquedo que seu colega deixou pra trás.

A história de FF#1 é tão bem bolada que toda esta minha introdução acima soa um tanto inútil, isto porque Fraction encontrou uma forma de reapresentar o conceito e os personagens para possíveis novos leitores sem que estes sintam a necessidade de ler as histórias anteriores.
Não temos nenhuma cena de ação neste primeiro capítulo, ele inteiro é sobre cada integrante do Quarteto Fantástico indo atrás dos quatro candidatos que selecionaram para substituí-los durante sua ausência (anunciada em Fantastic Four #1), e concentra-se em conversas “triviais” entre eles e seus substitutos, mas, claro, levando em conta as idiossincrasias do universo ficcional da Marvel.

É preciso falar rapidamente da nova formação do Quarteto, que é uma das mais inusitadas desde aquela composta por Motoqueiro Fantasma, Homem Aranha, Wolverine e Hulk (sim, isto aconteceu). A atual terá como líder o Homem-Formiga II, Scott Lang, que recentemente perdeu sua filha Cassie, a Estatura do grupo Novos Vingadores; Medusa, esposa do Raio Negro, rei dos Inumanos; Mulher-Hulk, prima de Bruce Banner com poderes semelhantes aos dele, mas capaz de preservar sua personalidade quando assume a forma musculosa, superpoderosa; e, talvez a escolha mais inesperada de todas, Darla Deering, codinome Sra. Coisa, uma personagem nova, criada por Matt Fraction e Mike Allred especialmente para estrear neste título, onde, por enquanto, ela aparece apenas como a socialite namorada de Johnny Storm, o Tocha Humana, mas que na capa desta edição já aparece usando sua “Armadura de Coisa”, que lhe dará superforça e poderes parecidos com os do Coisa (esta informação não é revelada na edição, mas sim no especial Marvel NOW! Point One, que não li ainda).

Fraction escreve a história como uma sitcom de ficção científica e super-heróis, algo que casa perfeitamente com os desenhos do Mike Allred, cujo traço possui um senso de humor e um toque de estranheza e excentricidade naturais, construindo um visual único para a história, e tornando-a ainda mais divertida do que seria se ficasse por conta de um desenhista mais “tradicional”.

Além dos “recrutamentos”, nesta primeira edição também vemos pequenas entrevistas de uma página para apresentam cada uma das crianças da Fundação Futuro, outra ótima jogada do roteirista, que dá aos leitores novatos o essencial para entenderem a premissa da série e conhecer seus personagens, tudo escrito e desenhado de maneira leve e descontraída. Ainda há outra boa sacada no final da história, quando descobrimos em que ponto do tempo todos os depoimentos das crianças se encaixam.
Alguns podem até não gostar do início “desacelerado” de Fraction tanto aqui como no título do Quarteto, mas vejo isto como um grande acerto do autor, que aqui se sai até melhor do que lá, pois temos um contato maior com os personagens, e é com eles que devemos nos importar antes de partir pro meio da ação. Conseguiu me conquistar.


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