[o artigo abaixo contém spoilers]
Roteiros de Jeph Loeb
Desenhos de Ed McGuinness
Arte-final de Dexter Vines
Cores de Marte Gracia
Desenhos de Ed McGuinness
Arte-final de Dexter Vines
Cores de Marte Gracia
Nova é um dos heróis cósmicos da Marvel.
Ele faz parte da chamada Tropa Nova, que
é basicamente uma força policial intergaláctica cuja base original era no planeta Xandar, onde ficava a fonte de poder dos membros
da Tropa, a Força Nova,
gerada por um computador vivo chamado Mente do Mundo Xandariana.
Sim, o conceito é uma variante (alguns dirão um plágio descarado) daquele por
trás da Tropa dos Lanternas Verdes da DC Comics.
A Tropa Nova já teve
quatro versões, com o surgimento da maioria delas coincidindo com a
reconstrução de Xandar e a restauração da Tropa. Sua última versão foi
desmantelada quando Richard Rider,
o Nova anterior, absorveu a Força Nova de todos os membros da Tropa para conter Thanos dentro
do chamado Cancerverso, um
universo paralelo onde a própria morte foi extinta, e a vida espalhou-se pelo
cosmos como um tumor. Não li esta história, que foi apresentada na mini-série
em 6 edições The Thanos Imperative publicada entre 2010 e 2011 (até o
momento não publicada no Brasil), mas o que nos importa saber é que Richard
Rider aparentemente morreu no processo, e com ele a Força Nova e a Mente do
Mundo.
Sam Alexander, o Nova atual, ainda não teve sua origem detalhada, e apareceu
muito pouco antes desta nova série (apenas no início e no final de Vingadores vs X-Men e
nas edições especiais Marvel Point One e Marvel Now! Point One).
Jeph Loeb reservou a primeira edição para
contar a origem do Nova atual. Pra começar o autor encontrou uma forma bem
esperta de explicar como ainda existe um Nova após a fonte de poder da Tropa se
perder com a morte de Richard Rider, e a solução é bem simples: existia uma equipe secreta, os Novas Negros,
responsável por realizar missões sigilosas. Como a existência dos Novas Negros
aparentemente era mantida em segredo até dos Novas Dourados (dos quais Richard
Rider fazia parte), logo, supõe-se que eles tenham uma fonte de energia
diferente do resto da Tropa, talvez como uma medida de segurança para evitar
que alguém descubra a existência deles. É também possível que a energia venha
diretamente do uniforme, ao invés de depender de uma fonte central que alimenta
seus trajes remotamente. Isto explicaria os poderes do Nova atual, que
independeria da existência da Força Nova.
Mas, saindo um pouco do campo das especulações, é
preciso elogiar a jogada de Loeb para o começo da série. O Nova atual sequer
aparece neste primeiro número, que tem boa parte dele dedicado a esclarecer a
origem dos poderes desta nova versão do herói, e sua relação com o pai, que
promete ser um dos temas centrais da série, pelo menos neste primeiro arco.
Difícil errar quando uma história que promete jogar o
protagonista em aventuras por todo o universo começa com os dois pés no chão, e
mais focada nas relações familiares e sociais do personagem central, e na
tarefa de estabelecer o cenário mundano do qual Sam “escapará” para salvar a
Terra e o Universo de grandes ameaças. Sim, é o caminho mais seguro, mas alguns
clichês ainda se mostram bons o bastante para serem reutilizados, e Loeb soube
empregá-los muito bem aqui.
Sam não nutre muito
respeito por Jesse, seu pai,
que trabalha como faxineiro no colégio onde estuda. Só isto já gera uma série
de outros problemas que o garoto tem que enfrentar no seu dia-a-dia, desde o
valentão que fica atazanando sua vida por ele ser filho do cara que limpa os
banheiros da escola, até o inspetor – cujo visual é claramente baseado no Sr. Strickland, da trilogia De Volta Para o Futuro – que fica atormentando o garoto por
causa da incompetência do pai em concluir suas tarefas, o que leva Sam a
acobertar Jesse terminando os serviços que ele deixou incompletos (como limpar
os banheiros) para que não perca o emprego. Resumindo, é uma relação bem
desgastante a deles.
O relacionamento
entre pai e filho ainda conta com outro complicador, que é o passado que Jesse
alega ter vivido: sua juventude como um membro da Tropa Nova. Sam não acredita
nas histórias do pai, mesmo ele guardando na garagem de casa seu capacete da
Tropa, que deve ser apenas um brinquedo inútil aos olhos incrédulos do filho.
Isto porque a imagem que Jesse tenta vender ao filho é o total oposto da
posição que ocupa hoje (uma história bem parecida com a do pai da Esmagadora, revelada em Avengers #5, que também não acreditava nas histórias do avô da
heroína quando este contava suas aventuras espaciais). Afinal, como diabos um
sujeito que já lutou contra alienígenas em outras galáxias termina como o
faxineiro de uma escola? É insultante para Sam que o pai insista em narrar suas
fantasias como se realmente tivesse vivido todas elas, enquanto não é capaz nem
de realizar seu trabalho direito, e livrar o filho do estresse que passa todos
os dias no colégio. Também fica subentendido que a família é mais sustentada
pela mãe do que por Jesse.
Apesar de suas
poucas aparições, o restante do núcleo familiar de Sam promete ser tão
importante quanto seu pai. Sua mãe, ao contrário do filho, tem muito respeito
por Jesse, e deixa subentendido que ela acredita nas histórias dele, e insiste
que o garoto aceite a realidade dos sacrifícios que o pai fez para ficar com
sua família (deixar de ser um herói para viver como uma pessoa comum). Já Kaelynn, sua irmã caçula, acredita totalmente nas
histórias de Jesse, o que rende um dos momentos mais tocantes da história,
quando Sam fica prestes a arruinar a crença da irmã, mas se contém a tempo, por
entender quão importante é para a menina acreditar nas aventuras do pai.
O ponto de partida escolhido por Loeb é animador.
Creio que será interessante ver o amadurecimento de Sam, e a influência disto
sobre a sua relação com o Jesse. Promete ser emocionante o momento em que o
garoto reencontrar pai, e admitir que esteve errado este tempo todo, após ter
vivido aventuras tão emocionantes quanto as dele, quem sabe até ao lado do
velho.
Pra
completar, as rápidas aparições de Gamora e Rocket Racoon já começam a traçar as conexões entre
as séries cósmicas da Marvel, e o vindouro título dos Guardiões da Galáxia.
Nova tem tudo pra
ser uma série bacana de acompanhar, ainda mais tendo os simpáticos e
expressivos desenhos de Ed McGuinness e as belas cores de Marte Gracia, tornando a leitura ainda mais agradável.
Fonte: Nerd GeekFeelings
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