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Planeta Marvel NOW: Secret Avengers #1

[o artigo abaixo contém spoilers]

Antes de falar desta nova versão dos Vingadores Secretos, é importante esclarecer parte da história de Nick Fury Jr., um dos cabeças desta nova equipe. O personagem surgiu na mini-série Cicatrizes de Batalha (Battle Scars, no original, publicada recentemente pela Panini em Avante, Vingadores! #57), trama que se passa imediatamente após a saga A Essência do Medo. Na história acompanhamos um soldado chamado Marcus Johnson que tem a mãe assassinada sob circunstâncias misteriosas, e começa a ser caçado por vários mercenários, além de ter sua vida salva e acompanhada de perto pelo Capitão América e a S.H.I.E.L.D. No final da mini-série foi revelado que o rapaz é filho do Nick Fury, que, pra quem não sabe, no Universo Marvel Tradicional (também conhecido como Universo Marvel 616) é branco.

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Cicatrizes de Batalha foi um pretexto em 6 edições para transformar o novo personagem numa versão negra de Nick Fury dentro do Universo 616, a fim de aproximá-lo ainda mais da versão do cinema. No final da história Marcus Johnson assume o nome que desde sempre foi seu por direito: Nick Fury Jr. Enquanto isto seu pai dá a entender que está muito perto de pendurar as chuteiras, pois a Fórmula Infinito – uma variante do Soro de Supersoldado, que deu origem à super-resistência e força muscular do Capitão América, e que no caso dele desacelerou seu envelhecimento – está perdendo o efeito, por isto agora a idade vai começar a cobrar seu preço. Duvido muito que o personagem sumirá de uma vez por todas, pois ele já foi dado como morto algumas vezes. Mas os planos atuais da Marvel tem como objetivo dar mais visibilidade ao seu filho. Pra completar sua transformação, Nick Jr. decide raspar o cabelo com gilete e deixar crescer um cavanhaque. Pouco sutil, né? Também achei. E como se isto não bastasse, Cheese, seu melhor amigo do exército, que o ajudou durante toda a mini-série, também ganha um novo nome. Podem adivinhar qual é? Phil Coulson! Isto mesmo, é o já famoso Agente Coulson dos filmes da Marvel, que só passou a existir no Universo 616 a partir desta mini-série. Forçadas de barra à parte, o que realmente importa é se ambos serão bem integrados e utilizados daqui pra frente.

Daí chegamos a esta nova versão dos Vingadores Secretos. Enquanto no título Indestructible Hulk a Comandante Hill garantiu a cooperação de Bruce Banner e, por consequência, do Gigante Esmeralda, que será usado em missões nas quais houver a necessidade de uma destruição em massa estratégica, neste título a Diretora Johnson, por intermédio do Agente Coulson, põe em prática um plano da agência cuja finalidade é criar sua própria equipe de Vingadores (sim, porque outra equipe deles nunca é demais num mundo que já conta com seis grupos que usam o nome).

Nesta primeira edição acompanhamos o recrutamento do Gavião Arqueiro e da Viúva Negra, e somos apresentados ao conceito principal da série. Basicamente os integrantes receberão implantes nanotecnológicos que apagarão as memórias referentes às missões que realizarem para a S.H.I.E.L.D..

Outro ponto que compensa ser esclarecido é a rápida menção que a Comandante Hill faz de uma operação fracassada que Nick Fury comandou anos atrás. Na época ele reuniu integrantes dos Vingadores para ajudá-lo a tirar do poder Lucia von Bardas, então primeira ministra da Latvéria, que estava financiando a tecnologia de super-criminosos. Ao término da missão os heróis tiveram suas memórias apagadas, mas o processo não funcionou como era esperado, e pra piorar von Bardas, dada como morta durante a missão, voltou para vingar-se dos responsáveis por sua queda e transformação (ela teve seu corpo mutilado e foi convertida num ciborgue). Apesar dos heróis terem derrotado von Bardas, Nick Fury teve que abandonar o posto de diretor da agência, pois a missão não foi aprovada pelo presidente dos Estados Unidos (tudo isto foi apresentado na mini-série Guerra Secreta, publicada pela Panini em 2005 – não confundir com Guerras Secretas, o famoso crossover da editora que deu início às super-sagas da Marvel). A saída de Fury marcou o início de uma fase turbulenta da S.H.I.E.L.D., quando ela teve como diretores, na sequência, por Maria Hill, Tony Stark, Norman Osborn, Steve Rogers, e atualmente Daisy Johnson. Tudo isto levou a divisão de desenvolvimento da agência a ser muito cuidadosa na criação dos novos implantes apagadores de memória.

A edição também brinca um pouco com o fato de agora existir um Nick Fury negro. E os desenhos de Luke Ross não escondem que a intenção da Marvel é fortalecer ainda mais a relação de seu universo dos quadrinhos com o do cinema. Semelhante à sua versão do Universo Ultimate Marvel, Nick Fury Jr. também teve o rosto desenhado para parecer com o de Samuel L. Jackson, e o do Agente Coulson é claramente inspirado no de Clark Gregg, ator que o interpretou nos filmes da Marvel.
Mas o destaque fica mesmo para a primeira missão da dupla Gavião Arqueiro e Viúva Negra (os dois integrantes revelados até o momento, apesar da capa deixar uma pista sobre o próximo a entrar pra equipe): impedir que um traficante de armas húngaro, conhecedor de magias negras, venda seus conhecimentos para uma das células terroristas da Al Qaeda. Uma das técnicas que ele pretende vender dá ao usuário a capacidade de teleportar-se para qualquer lugar do mundo, incluindo o interior da Casa Branca! É um bom ponto de partida para uma série de espionagem.
A trama principal é cheia de mistérios, e ainda apresenta uma reviravolta no mínimo intrigante no final da história. Outra fonte de mistério da narrativa, que Nick Spencer faz questão de esconder e alardear que está fazendo isto, é o motivo usado para convencer a Viúva e o Gavião a toparem ter suas memórias mexidas pela S.H.I.E.L.D.. Aparentemente é algo relacionado ao passado deles, talvez um vilão com o qual fazem questão de lidar pessoalmente. Ou seja, um motivo a mais para continuar acompanhando a série.

Secret Avengers é um título que promete boas histórias de espionagem, e várias conspirações. Pode ser um dos “herdeiros” do legado que Ed Brubaker deixou com sua passagem pelo título do Capitão América, o precursor dessa recente leva de quadrinhos mais “realistas” e sombrios ambientados no Universo Marvel. É uma boa pedida pra quem prefere uma abordagem diferenciada dos personagens vistos no cinema. Vale a pena dar uma conferida nas próximas edições.


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