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A Teoria dos Super-Heróis

Um dos assuntos mais divertidos é a diferença entre os heróis ao longo das gerações. É interessante perceber que os mesmos personagens que entusiasmavam nossos avós, não conseguiriam impedir os crimes de hoje. A evolução dos super seres e super vilões tem a ver com a evolução dos valores da própria sociedade.

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Não sou tão velho assim, mas já me interessei muito pelos heróis antigos. Estou falando de Lamont Cranston – o Sombra, Kitti Walker – o Fantasma, Mandrake e Flash Gordon. O principal atrativo desses seres não eram seus superpoderes, era o seu ambiente. Até porque sempre achei o Fantasma poderoso de menos e o Mandrake poderoso demais. O interessante na história deles eram os mistérios desconhecidos que despertavam, como a selva africana, o poder da mente, o espaço sideral, a mágica. Eles eram dotados de forças naturalistas, e estas características não estavam tão inacessíveis assim. Seus inimigos eram criminosos comuns, e seu trabalho consistia em ajudar a polícia. Conforme a tecnologia foi evoluindo, foi-se desmistificando cada um desses assuntos, tirando o encantamento deles.

Mais tarde, foram surgindo os super-heróis científicos. Submetidos a experiências radioativas, espaciais, super-fórmulas, seus poderes sempre tinham uma justificativa plausível. Chamavam a atenção pelas suas habilidades pouco convencionais. Todos se perguntavam o que fariam se tivessem este ou aquele superpoder. Enfrentavam vilões também de mesma origem, diferentes apenas pela índole. Como eram poderosos demais, aos poucos a prisão dos bandidos foi dando lugar às odisseias espaciais. Quarteto Fantástico, Homem Aranha, Hulk, Capitão América estão entre eles.

Posteriormente, apareceram os mutantes. Embora seus poderes tivessem na verdade justificativa genética, estes personagens estavam mais estigmatizados pela incompreensão da sociedade que pelos benefícios de seus dons. A mutação poderia ser encarada com uma doença, como na Vampira, no Fera. Estava criado o herói-vítima, cuja dualidade o aproximava dos jovens, contrários aos preconceitos e revolucionários quanto ao comportamento.

Algumas opiniões polêmicas a respeito de vários super-seres podem ser aqui mencionadas. Primeiro, alguns desses super-heróis perderam fãs ao longo do tempo e só mantiveram sobrevida por estar em super-grupos. Assim, o Robin foi para os Novos Titãs, mutantes dissidentes criaram o X-Factor. Pense em como teria sido breve a carreira solo do Colossus, Tempestade, Vespa, Hank Pym.

Segundo, super-heróis poderosos demais enjoam mais rápido. Caso do Superman, Thor, Hulk. Se nada consegue detê-los, começa a ficar repetitivo e sem graça. Para o público se identificar com o ídolo, o mesmo tem que ter problemas. O Homem Aranha tem que ser zoado por ser nerd e ter dificuldades para pagar o aluguel. O Homem de Ferro é rico, mas é alcoólatra e tem problemas com a namorada e a empresa. O Batman em sua solidão é o maior prejudicado por ser um psicopata. O Wolverine não consegue nem ficar com a mulher que ele gosta. Torcemos por eles, mas seus defeitos fazem com que entendamos que mesmo sendo super poderosos, também enfrentam as dificuldades do dia a dia.

Terceiro, o cinema pode até repaginar alguns heróis, mas o tempo é implacável. Uma coisa é fazer sucesso em uma grande aventura a cada 4 anos, outra é o cotidiano de uma revista em quadrinhos mensal. Muitos que hoje causam sensação, com clipes de música e atores anabolizados, até bem pouco tempo atrás estavam com seus gibis ás moscas. Por esse motivo, muitos agora só aparecem em “Graphic Novels”. Infelizmente, vai chegar a hora em que os filmes também alcançarão seu limite.

Por fim, a causa que motiva um super herói sempre determina sua credibilidade. Guiados pela vingança como o Justiceiro, ou amaldiçoados como Spawn e Motoqueiro Fantasma, são até estilosos, malvadões, mas não viram ídolos como os heróis clássicos. Bonzinhos demais também não empolgam, o Superman às vezes exagera e parece um escoteiro-mirim, joguete do governo americano.


A verdade é que os heróis sofrem as mesmas tendências de poder e de caráter que a sociedade que os cerca. Talvez por isso os heróis recém-criados, como Novos Mutantes e Falcão de Aço, ao refletirem o mundo mais desumano que estamos hoje, não inspiram seguidores. Não tem mais graça prender os bandidos e ajudar a vovozinha, pra fazer sucesso tem que explodir muitas coisas contra os alienígenas.

Os super-heróis são importantes para contrabalançar o mundo real. As pessoas de verdade se mobilizam mais pela ganância, ressentimento e revanchismo. Mas gostaríamos de ver gente comum, como nós, com super poderes. Esses heróis passam aquela sensação de ter aproveitado essa excepcionalidade para fazer alguma coisa boa, aquele altruísmo inerente, que desejamos para os nossos filhos e governantes.

Um abraço a todos.

Por Vinicius Tavares


Fonte: Legião dos Heróis

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4 Comentários

  1. Flash Gordon e Fantasma são antigos mesmo!eu gosto do Filme do Fantasma com o Billy Zane! passava muito na Globo!os Heróis do Passado do Presente e do Futuro, todo Fã de quadrinhos precisa de seus Heróis!!Marcos Punch.

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    1. Eu também assisti o filme do Fantasma, mas já faz tempo, não me lembro muito dele.
      Até do Flash Gordon eu também assisti, tinha a trilha sonora do Queen.

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  2. também já vi o filme do Flash Gordon!! mas não assisti muito bem(não prestei tanta atenção!!)! Marcos Punch.

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    1. Me lembro que era uma época de poucos filmes de heróis. Tinha o Superman (que eram clássicos), o Conan, Flash Gordon, He-Man, daí venho o Batman do Tim Burton, que na época, pra mim, foi sensacional, nada com que eu já tinha visto antes.

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