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Planeta Resenha: O Garoto que Colecionava Homem-Aranha

Boa parte dos quadrinhos atuais são ruins porque seus roteiristas (e editores é claro) querem escrever histórias complexas sem ter competência para tanto. Nisso surgem mega-sagas, reviravoltas mirabolantes e personagens intrincados que em um olhar atento não conseguem esconder sua superficialidade confusa disfarçada de profundidade.

Estes autores enganam-se em vários níveis, entretanto relevante para o nosso tema é o erro em acreditar que uma narrativa de qualidade é aquela repleta de detalhes e ramificações. Histórias simples podem ser excelentes se bem contadas; algo óbvio eu sei, mas que parece ter sido esquecido por muitos.

"O Garoto que Colecionava Homem-Aranha" é uma história de 1984 (publicada originalmente em The Amazing Spider-Man #248) e exemplifica bem esta velha máxima do "menos que pode ser mais".


A narrativa de apenas 11 páginas retrata a visita do Amigão da Vizinhança ao garoto Tim que é seu grande fã. O foco concentra-se na interação singela entre a criança inocente e seu grande ídolo enquanto conversam sobre acontecimentos relacionados ao herói que para ela são motivo de muita felicidade.

O roteiro simples de Roger Stern é extremamente competente conseguindo fazer cada página ser relevante sem causar prejuízos ao ritmo. O resultado dessa capacidade impressiona pela verossimilhança que a trama consegue passar em um espaço tão curto; chega a ser emocionante, sobretudo para quem é um verdadeiro fã do Cabeça de Teia.

A arte de Ron Frenz também não pode ser esquecida, sobretudo porque cada expressão facial do garotinho consegue retratar muito bem as emoções que ele está sentindo por encontrar aquele que admira.

A história acaba tendo até outras qualidades como os temáticos recortes da matéria que vão explicando mais sobre a vida de Tim (o colecionador de recortes) enquanto a ação se desenrola.

O final então, apresentado por estes trechos de reportagem, dificilmente seria melhor pois consegue sintetizar as qualidades de toda a história: simplicidade, relevância e emoção.

Assim, "O Garoto que Colecionava Homem-Aranha" é uma pequena obra-prima que consegue ser excelente mesmo sem ter nada de incrível.


Fonte: Leia Literatura

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