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O que eu sei sobre os X-Men?

Certa vez tive contato com seres fascinantes, que embora marginalizados, era donos de um senso de moral inabalável, nunca desistiam dos seus amigos e eram capazes até mesmo de sacrificar as próprias vidas em prol dos ideais em que acreditavam. Eles eram mutantes. Eram X-men. E eu, um jovem de leitor de quadrinhos, ainda descobrindo todo aquele universo.
Ainda não havia os filmes de sucesso. O desenho animado estreou alguns anos depois. A pronúncia aportuguesada era “xis-men”. Eu estou falando dos anos 80, (mais especificamente do ano de 1988) então esqueça internet, fóruns e sites sobre quadrinhos. A gente escrevia cartas para as seções de correspondência das revistas, e com nosso nome e endereço publicados, outros fãs de quadrinhos entravam em contato. Assim fiz alguns amigos em várias partes do país, alguns dos quais mantenho contato até hoje, agora sim através das redes sociais.
Naqueles tempos em que a informação não era tão difundida, ficávamos meio que nas mãos das editoras e de fato não sabíamos o que esperar das próximas edições, não fazíamos ideia de quando um escritor ou desenhista deixaria ou adotaria um título, a não ser que isso fosse mencionado nas seções de cartas pelo editor ou algum (raro) leitor que acompanhasse as edições originais americanas.
Nessa época de descobertas, eu devorava todos os gibis que podia comprar. De todas as editoras e todos os estilos. Com o tempo, meu gosto foi se afunilando (que palavra feia) e tendendo mais aos quadrinhos de super-heróis, de modo que em certa época, eu era o feliz colecionador de um razoável acervo de gibis Marvel e DC publicados em formatinho pela editora Abril.
Eu poderia falar sobre centenas de personagens aqui, mas hoje escolhi voltar meu pensamento para esses desajustados heroicos que mexeram tanto com a minha mente, e que contribuíram de alguma forma para definir o caráter que eu viria a ter quando adulto. Os excluídos mutantes pupilos do professor Xavier.
E esse vai ser o meu desafio, a minha retirada voluntária da confortável poltrona acolchoada, e meu caminho pela tortuosa estrada do desconhecido. Porque, depois de tantos anos afastado, pegando apenas algumas referências da mídia e assistindo os filmes, mas completamente alheio a tudo o que têm acontecido nos quadrinhos dos mutantes, o que eu ainda sei sobre os X-Men? Será uma visão que corresponde a alguma coisa ainda existente hoje ou são conceitos envelhecidos e há muito tempo abandonados?
Os X-Men que conheci era odiados mas não pregavam o ódio. Estavam em constante conflito com seus poderes – são maldições ou bênçãos? Havia Ororo Munroe, que não tinha poderes, mas era uma guerreira implacável, linda, ostentava seu penteado moicano com orgulho. Ela tinha sido uma mutante poderosa, capaz de controlar os elementos. Mas eu nunca a tinha visto fazer nada assim. Eu já a conheci como a líder dos X-men, cargo obtido após derrotar Scott Summers em combate, provando que habilidade e perícia estão acima de poderes. Ororo tinha uma forte relação com um cara chamado Logan, que alguns conheciam como Wolverine. Ele era uma máquina de combate, mas desacelerava perto dela, baixava a guarda e se deixava levar. O professor Xavier era constantemente mencionado, mas estava desaparecido, perdido nas estrelas. O diretor da escola era um homem chamado Eric que jurou a Charles que cuidaria dos seus alunos. Além da equipe principal, havia um grupo de novos mutantes, e ele os treinava com afinco em situações de combate simulados num ambiente conhecido como “sala do perigo”, e seguidamente os derrotava. Certa vez um dos alunos mencionou algo como: “É impossível lutar com esse cara! Como os X-Men originais conseguiam vencer ele”? Foi então que descobri duas coisas: houveram outros X-men antes daqueles, e Eric foi um inimigo mortal deles, quando era chamado de Magneto.

 
Os Novos Mutantes tinham suas próprias histórias e eram a nova geração dos X-Men. Entre eles estavam, Míssil – que podia voar  protegido por uma energia propulsora, Mancha Solar, que retirava seus poderes do sol, era superforte, mas não invulnerável, Karma, com o dom de dominar mentes, Miragem que criava ilusões, Magia que podia gerar discos de teleporte e tinha conexão com uma dimensão infernal, Cifra, com o dom de falar e compreender todas as línguas e um alienígena tecnorgânico chamado de Warlock.
Foi nessa época que conheci então a personagem chamada Rachel Summers, caminhando pelas ruas escuras da cidade. Ela tinha poderes telepáticos e telecinéticos,  alegava ter vindo do futuro, e era a filha de dois dos X-Men originais: Scott Summers e Jean Grey. Scott era o Ciclope, mas e essa tal de Jean Grey? Eu nunca a tinha visto, mas fiquei sabendo que ela foi a Garota Marvel, e morreu depois de se tornar uma entidade poderosa chamada de Fênix. Rachel já era parte dos X-Men, era amiga da confusa Vampira, que tinha o dom de absorver os poderes e memórias dos outros temporariamente, mas isso sempre causava problemas a sua própria personalidade; ela podia voar e tinha superforça, mas esses dons foram roubados de forma permanente de outra mulher, a Miss Marvel. Por algum motivo os poderes dela permaneceram com a Vampira, assim como boa parte de suas lembranças, ocultas na mente dela. Além disso, boa parte do passado da moça se tornou uma página em branco em sua mente, não sendo desvendada nem pelos telepatas.  Os outros amigos de Rachel eram o elfo alemão Kurt Wagner, que podia se teleportar e era um ótimo espadachim, Peter Rasputin, um russo que tinha o dom de blindar o próprio corpo, e Kitty Pryde (que tinha uma queda por Peter), podia ficar intangível e caminhar no ar.
Tempestade, Ciclope, Colossus, Noturno, Wolverine, Rachel Summers, Vampira, Magneto e Lince Negra. Esses são os X-Men que tenho guardados na mente, o meu primeiro contato com a equipe, e a formação que sempre vou considerar a mais querida.


Como esquecer as guerras Asgardianas, quando eles entram em contato com os conterrâneos de Thor? Como esquecer o perverso Loki seduzindo Ororo com a promessa de poder, oferecendo a ela um martelo como o de seu meio irmão e o título de deusa da tempestade? Claro, dominando sua mente para servir aos seus propósitos… ele a obrigou a atacar seus próprios amigos, mas Logan foi até as últimas consequências para trazê-la de volta, mesma sendo irradiado pela energia do martelo dela, tendo sua pele queimada ao mesmo tempo que o fator de cura a regenerava, ele continuou avançado… até alcançar, Ororo, até trazê-la de volta…

Tenho muito vívida em minhas memórias o momento em que Rachel desiste de andar por aí usando colant de aeróbica e vai até a casa dos pais de sua falecida mãe Jean Grey, e encontra uma esfera que contém a essência dela… e reclama naquele momento para ela o poder e o nome de Fênix! Ela então assume a alcunha de sua mãe, para surpresa e desconfiança de Scott, que até então não sabia que Rachel era sua filha do futuro…
Falando de futuro, tive a oportunidade de ler algum tempo depois a saga “Dias de um futuro esquecido”, onde num amanhã onde os mutantes são aprisionados e obrigados a usar colares bloqueadores de poderes, e constantemente vigiados pelos imensos robôs sentinelas, Rachel consegue transferir a consciência de Kitty Pryde para o seu corpo no passado a fim de tentar evitar a catástrofe; ao mesmo tempo, as versões mais velhas dos mutantes remanescentes (inclusive um Magneto numa cadeira de rodas) travam uma batalha desesperada contra os sentinelas, o que resulta em mortes e mais tragédias… um verdadeiro épico produzido por Chris Claremont e Jonh Byrne, dupla que fez enorme sucesso com os X-Men, mas cujo trabalho acompanhei muito pouco, tendo pego a fase de Claremont com o desenhista John Romita Jr, que continua sendo a melhor de todas na minha humilde e leiga opinião.
Enfim, o que eu sei sobre os X-Men? Provavelmente algumas coisas a mais, escondidas na memória, misturadas com elementos dos filmes e das animações… mas o que realmente importa para mim, o que ficou de tudo, foi o que acabei de relatar. Essa foi a minha experiência pessoal com os personagens. Obrigado aos que chegaram até esse ponto do texto. Foi ótimo compartilhar isso com vocês.
Valeu a pena.
E depois dessa prolongada pausa, acho que agora é um momento interessante para voltar a ler de novo as histórias desses mutantes marginalizados que insistem em salvar o mundo…

Fonte: O Santuário

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