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Planeta Resenha Marvel: CAPITÃO AMÉRICA - TEMPO ESGOTADO

O Capitão América, antes de qualquer coisa, é um personagem controverso. Quase uma bandeira norte-americana ambulante, é amado por uns e odiado por muitos. Há aqueles que apreciem as histórias do personagem, um misto de super-herói com aventuras militares. Mas há também quem as execre por enxergar certa dose de ufanismo por parte do supersoldado. Além do mais, é difícil não achar o personagem datado com aquele uniforme fedendo à naftalina, assim como é difícil engolir a seco um herói capaz de saltar de aviões sem usar paraquedas e ainda sair são e salvo ou ficar ileso diante de um exército que o tem como alvo, tudo por causa de um escudo. Isso podia até parecer razoável há sete décadas, mas hoje é tão singelo quanto qualquer desenho animado reprisado à exaustão nas sessões infantis matutinas.


No entanto, há quem saiba tirar leite de pedra, e esse é o caso de Ed Brubaker. Explorar o deslocamento temporal e cultural de Steve Rogers, todo mundo já fez. Retratar suas dores quanto às pessoas que fizeram parte de sua vida, também. Idem sobre o eterno confronto com os nazistas. E Brubaker retomou todos esses aspectos nesta série. Então, o que fez de Tempo Esgotado um arco tão aclamado? Os coadjuvantes.

O Sentinela da Liberdade continua pulando pra lá e pra cá, protegendo-se incrivelmente de balas atrás de seu escudo patriótico, o mesmo que ele vive arremessando em quase todas as cenas em que aparece, e com o mesmo blábláblá de bom moço amante da bandeira de sempre. Ele ainda não para de pensar em seu ex-parceiro Bucky, em suas batalhas antinazis e em quanto o mundo está mudado. A mesmíssima lenga-lenga de sempre. Mas o que faz a diferença em Tempo Esgotado são os personagens que giram em torno do homem do escudo, como o vilão Barão Zemo – vilão com V maiúsculo, aliás –, o mal-encarado Ossos Cruzados, a agente da S.H.I.E.L.D. Sharon Carter, subalterna de Nick Fury, que também dá as caras, e o herói meia-boca com crise de identidade Nômade, ou Jack Monroe, caso prefira. É essa galera que realmente faz a diferença e que apimenta uma história que poderia não passar do mais-do-mesmo típico que ocorre nas HQs do Capitão América.

Brubaker sabe dar profundidade aos personagens, com ênfase no lado humano de cada um, seus conflitos internos, frustrações, angústias, assim como é hábil em criar diálogos naturais e convincentes. E para fugir ainda mais da ação gratuita – que não deixa de ocorrer em certos momentos – e dos clichês do personagem, a história é mais voltada à espionagem, o que, obviamente, envolve segredos e conspirações.

Ainda assim, Tempo Esgotado não chega a ser um marco na história dos quadrinhos, mas dá início a uma saga que, ao menos, dá um pouco de fôlego a um personagem desgastado, e até mesmo desinteressante para muitos que não vivem no país sob a tutela de Barack Obama. Resta ler o volume 45 da Salvat, O Soldado Invernal, para saber se a expectativa se concretiza.

Capitão América - Tempo Esgotado (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 44) - 160 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em novembro de 2013 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).


HQ Maniacs

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