No mês de dezembro, terminou no
Brasil a publicação da saga Vilania Eterna. Dividida em 7 edições, a HQ
foi a primeira mega-saga da DC Comics após o reboot Novos 52, já que Trono da
Atlântida e Guerra da Trindade haviam sido sagas contidas ao gibi da Liga da
Justiça.
Escrita por Geoff Johns e com arte de David Finch, a saga começa imediatamente após o final de Guerra da Trindade, com o Sindicato do Crime advindo da Terra 3 chegando em nossa realidade e encontrando uma Liga da Justiça alquebrada e desarticulada.
Escrita por Geoff Johns e com arte de David Finch, a saga começa imediatamente após o final de Guerra da Trindade, com o Sindicato do Crime advindo da Terra 3 chegando em nossa realidade e encontrando uma Liga da Justiça alquebrada e desarticulada.
O Sindicato nada mais é do que a versão da Liga da Justiça de um universo paralelo onde todos são vilões, e que vieram para essa realidade após seu mundo ter sido destruído, com a equipe sendo composta por:Ultraman (uma versão maligna do Superman que precisa absorver kryptonita para se energizar),Relâmpago (um velocista psicopata equivalente ao Flash), Anel Energético (um Hal Jordan que ao invés de destemido é completamente covarde e inseguro), Coruja (Thomas Wayne, que ao invés de adotar um morcego como sua contraparte, optou por uma coruja, seu predador natural), Superwoman (que apesar de possuir o laço da verdade não se trata de uma versão maligna de Diana, e sim de Lois Lane), Morte Nuclear (um ser parecido com o Nuclear, porém com uma aparência assustadora) e Atômica, a namorada do Relâmpago, e que possui o pode de diminuir o seu tamanho para um átomo, assim como Ray Palmer.
Essa equipe de vilões super
poderosos se livra da Liga da Justiça prendendo-os na matriz do Nuclear, que é
aprisionado. Dessa forma, dão início à sua dominação do planeta, dando carta
branca para todos os vilões do universo DC causarem o caos por onde passarem, e
assim transformando essa realidade no que a sua era: um local onde os vilões
mandam.Um de seus atos para mostrar superioridade e o quanto os heróis não
podem fazer nada, é quando capturam o Asa Noturna e revelam sua identidade para
o mundo.
E em um mundo dominado por vilões de
outra dimensão, com os heróis completamente subjugados, quem sobra para
defender o planeta? Os nossos vilões, é claro.
Nem um pouco satisfeito em ver o seu
mundo dominado por uma versão insana do Superman, Lex Luthor põe em prática um
plano para derrubar o Sindicato do Crime e pegar o planeta de volta. Finalmente
ele tem sua chance de provar que a Liga da Justiça estava errada, e que ELE é a
melhor chance de salvação da humanidade. Despertando um clone do Superman que
ainda estava em desenvolvimento (a versão Novos 52 do Bizarro), Luthor começa a
desenhar o seu contra-ataque. Essa nova versão do Bizarro aliás, é um dos pontos
altos da saga. Ingênuo e inocente, o monstro quase lembra uma criança,
provocando momentos engraçadíssimos com Luthor, que chega a comentar a ironia
de “a mente mais poderosa do mundo estar presa com a mente mais abobalhada do
mundo”. O personagem acaba sendo durante a história a válvula de escape de
Luthor, com quem ele desabafa e se abre, e onde podemos ver essa outra faceta
mais… humana, do famoso gênio do crime e maior antagonista do Superman.
Diria inclusive que Vilania Eterna nada mais é do que uma história de Lex Luthor.
Diria inclusive que Vilania Eterna nada mais é do que uma história de Lex Luthor.
Luthor descobre que não é o único
vilão incomodado com a situação, e logo se vê formando uma equipe de ataque
composta por Adão Negro, Capitão Frio, Arraia Negra, Exterminador e Sinestro.
Além de Batman e Mulher-Gato, que conseguiram escapar do ataque à Liga da
Justiça. Esse detalhe de colocar um dos heróis se unindo e sendo obrigado a
trabalhar com essa equipe de vilões por não ter outra alternativa foi uma
excelente sacada de Johns, principalmente por ser o Batman. O personagem fica
claramente incomodado com a situação, e tenta se impor para os vilões tentando
dar as ordens, o que obviamente não acontece, e gera uma das cenas mais
divertidas da HQ.
Com a equipe de defesa reunida, só
resta partir para o esconderijo do inimigo, e tentar retomar o planeta desses
invasores dimensionais. O que pode não ser tão fácil, vide que seus poderes são
os mesmos da Liga da Justiça, com a diferença de serem completamente sem
escrúpulos e sem pena de usar seus poderes de qualquer forma que os faça matar
o inimigo.
Vilania Eterna até tem um plot simples,
não há uma premissa revolucionária. Mas é muito interessante ver que a última
linha de defesa do planeta acabam sendo os vilões, dispostos a expulsar esses
invasores que vieram fazer o que eles sempre tentaram. É no mínimo irônico.
Além disso, Johns direciona a
história muito bem, com a equipe de Luthor se construindo, um foco muito grande
em cima do personagem (ele narra boa parte da história), e situações nada
previsíveis. Nunca dá pra saber o que vai acontecer em seguida. As lutas são
cruéis, viscerais, com muitas mortes abruptas e situações chocantes.
Para quem não sabe, o Sindicato do
Crime não é algo exclusivamente criado para a saga Vilania Eterna. A ideia
de uma versão maligna da Liga da Justiça em uma terra de vilões é um conceito
antigo, e esses personagens já apareceram outras vezes, sendo suas aparições
mais conhecidas: em Crise nas Infinitas Terras quando seu universo é
destruído pelo Antimonitor; na graphic Liga da Justiça Terra 2 de
Grant Morrison; e até mesmo na animação Liga da Justiça – Crise em Duas
Terras, onde uma versão do Sindicato antagoniza com os heróis.
A versão utilizada em Vilania
Eterna nada mais é do que uma releitura desses personagens clássicos para
a cronologia dos Novos 52. Aliás, é interessante comentar uma curiosidade: Na
já clássica Crise nas Infinitas Terras, é mostrado que na terra 3, lar do
Sindicato do Crime, Lex Luthor é o único super-herói existente. O fato do nosso
Lex acabar sendo o “herói” em Vilania Eterna não apenas é uma homenagem a isso,
como na história também temos uma versão Novos 52 do Lex Luthor super-herói da
Terra 3. E a roupagem que Geoff Johns deu ao personagem é simplesmente
sensacional.
Os desenhos de David Finch, apesar
de inconstantes e meio preguiçosos em alguns momentos (causando terríveis
problemas de anatomia), cumprem bem o seu papel. Principalmente nas cenas de
violência explícita (algo bastante comum aqui), onde o artista costuma sempre
mandar bem.
Vilania Eterna é uma ótima história,
de qualidade, e diria até que já pode ser elencada como uma das melhores que a
DC já produziu. Muitas cenas marcantes, massaveísmo na medida certa, ótima
construção de personagens (destaque para Lex Luthor, Bizarro e Capitão Frio),
um roteiro amarradinho e um final sensacional. Recomendo fortemente.
Por Murilo Oliveira
Fonte: O Vício
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