Logo criado por Jorge Luís

Planeta Resenha Marvel: “Eternos” de Neil Gaiman e John Romita Jr.

Bilhões de anos atrás os seres conhecidos como “Celestiais” visitaram a Terra e fizeram dela seu tubo de ensaio, manipulando a estrutura genética dos habitantes, concebendo assim seu projeto de ciências cósmico. Como resultado disso eles criaram novas raças: Os Deviantes, os Humanos e os Eternos.

Eternals-1-Rick-Barry-Variant-350908198146

Sim, essa é a história oficial dos personagens. Se ela de fato procede, esse é um dos grandes mistérios do Universo Marvel. Mas o fato é que os Celestiais realmente são seres de poder imensurável, temidos até mesmo pelo Vigia… assim como suas criações, que vagam por entre as Eras cumprindo a função que lhes fora programada: proteger a grande máquina até o dia do retorno de seus mestres.
E por “grande máquina”, entenda-se o planeta Terra.

Os Eternos são fruto da imaginação incomparável de Jack Kirby, mestre criador de alguns dos mais importantes super-heróis que conhecemos. Curiosamente, podemos supor que os Eternos por pouco não foram criados dentro da concorrente DC Comics. É que Kirby havia saído da Marvel e ido de malas, cuia e genialidade para a editora do Superman, onde trabalhou por cinco anos, o que foi suficiente para ele criar uma mitologia própria dentro daquele universo, dando vida a personagens como Os Novos Deuses (e o vilão mais emblemático da DC até hoje, Darkseid), além de Etrigan, o demônio, Kamandi, Omac, etc. Após esse período, ele regressou para a editora do Homem Aranha, onde voltou a trabalhar com os personagens da Marvel e criou os Eternos.

A série original durou apenas 19 números, e embora tivesse uma premissa poderosa, não se refletiu em boas vendas. Os personagens ficaram à margem dos acontecimentos do restante do Universo Marvel durante muitos anos, tendo até reaparecido em outras HQs na tentativa de fazê-los relevantes, mas sem muito sucesso, até que foram revitalizados nessa minissérie de Neil Gaiman e John Romita Jr.

Escolher Gaiman para trabalhar nessa série pareceu ser a decisão mais acertada possível, uma vez que o autor já consagrado pelo seu trabalho na série Sandman da Vertigo dificilmente erraria a mão com um conceito tão rico como esse. Mas o fato é que se os fãs de Sandman lerem a minissérie esperando encontrar algo dos Perpétuos nos Eternos ficarão decepcionados.

Tanto na sua própria essência quanto no aprofundamento da história, temos trabalhos distintos… e é assim que deveria ser mesmo. Não que o texto não seja profundo, não que os personagens não sejam bem explorados… muito pelo contrário. O que vemos é uma preocupação enorme do autor com o “elenco” da HQ, trabalhando habilidosamente seu cotidiano com o cuidado de um pai. A essa altura, Neil Gaiman não seria um escritor capaz de escrever diálogos rasos, ainda que não alcance o nível de complexidade já visto anteriormente. Entretanto, mesmo escrevendo abaixo do padrão de seus outros trabalhos, Gaiman possui um texto acima da média, fora dos parâmetros tradicionais de um gibi de super-heróis, o que é muito bom pela sua abordagem diferenciada, mas pode desanimar aqueles que esperam grandes batalhas ou cenas de lutas épicas. Calma, as batalhas existem, mas nunca são o foco da trama.

John Romita Jr. está inspiradíssimo, numa das suas melhores performances. Ele recria à sua maneira os grandes seres cósmicos imaginados por Jack Kirby e entrega belos painéis com os gigantescos Celestiais, invocando em sua arte toda a grandiosidade do traço do criador dos personagens.

A minissérie termina com a promessa de um novo começo, deixa um gosto de quero mais, e estabelece o ponto de partida para que os Eternos repovoem o Universo Marvel.

Por Rodrigo Garrit

Fonte: O Santuário

Postar um comentário

0 Comentários