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Planeta Resenha Marvel: Infinito

Uma mega-saga que também terminou em dezembro aqui no Brasil, dessa vez pela Marvel, foi Infinito, a aventura cósmica protagonizando os Vingadores e idealizada pelo escritor Jonathan Hickman.
Diferente de outras sagas, que contam com revistas próprias desenrolando a história principal e com outras revistas servindo apenas como tie-ins (histórias complementares que podem ser lidas ou não), Infinito depende completamente da revista mensal Os Vingadores para um completo entendimento da saga, além das 6 revistas que a compõem. Isso porque a saga lida com acontecimentos intrinsecamente ligados às revistas Avengers e New Avengers, ambas publicadas na mensal brasileira Os Vingadores.

 

Na trama, temos dois plots acontecendo ao mesmo tempo, e se desenvolvendo em campos opostos. No primeiro, uma antiga raça de alienígenas tão antiga quanto o universo intitulada Os Construtores, está destruindo inúmeros planetas em um processo de “limpeza”, onde precisam limpar e semear, segundo eles algo que fazem desde sempre, sendo os responsáveis pela criação do universo como ele é. Os Construtores vem seguindo uma rota traçada pelo universo e destruindo todos os planetas pelo caminho, tudo para chegar até o seu alvo: a Terra. De acordo com os inimigos, a Terra é o ponto de eixo, algo que está causando as “incursões”, um conceito criado por Hickman onde dois universos alternativos sofrem uma contração e se chocam dentro de oito horas, algo que só pode ser impedido com a destruição da Terra de um deles, algo que salva ambos os universos. Os Illuminati (Homem de Ferro, Pantera Negra, Sr. Fantástico, Fera, Namor, Dr. Estranho e Raio Negro) já estavam a par dessa situação, e vem secretamente destruindo o planeta Terra desses outros universos quando estão se aproximando do seu. No entanto, os Construtores de todos os outros universos decidem que o melhor método de impedir as incursões é destruir todas as Terras de todos os universos.

Porém, os Vingadores irão garantir que aqui isso não vai rolar.
Assim, o Capitão América decide reunir os heróis e partir para o espaço, onde os membros do Conselho Galáctico (formado pelo império Shiar, Skrulls, Krees, Aniquilador, Ninhada, entre outras raças) estão se reunindo para impedir a horda de naves dos Construtores enquanto ainda estão a caminho.

No segundo plot, temos como foco o titã louco, Thanos. É revelado que o tirano está procurando seu filho pelo universo, e ao passar pelos planetas onde ele pode estar, é exigido um tributo: as cabeças de todos os jovens com idade entre 16 e 22 anos. Thanos teme o poder de seu herdeiro, e seu objetivo é cometer infanticídio. Como não podia deixar de ser, é revelado que o destino do garoto é nada mais nada menos que o próprio planeta Terra. Como não poderia deixar de ser. Uma Terra que – como é avisado a Thanos – está sem Vingadores.

Além de procurar o seu filho perdido, Thanos decide que quer a Terra para si também, aproveitando para procurar a última Jóia do Infinito que ainda existe, em posse dos Illuminati.
O titã, aliás, não está sozinho. Dessa vez ele conta com poderosos aliados a seu lado, seus leais soldados, chamados de Seletores Obsidianos ou “A Ordem Negra”. São eles: Corvus Glaive (que funciona como uma espécie de líder do grupo, apesar de todos parecerem bastante independentes e respondendo apenas a Thanos), Próxima Meia-Noite, Estrela Negra, Fauce de Ébano e Supergigante.

E assim temos o background de Infinito, uma ambiciosa e enorme saga cósmica muito bem construída por Jonathan Hickman e que trabalha de maneira excelente todos os personagens envolvidos. Destaque para o Capitão América, que aqui se mostra um excelente estrategista, fazendo jus à sua fama de “maior estrategista do universo Marvel”, algo que há um bom tempo não estava sendo aproveitado. O crescimento de Steve Rogers na história é notório, inicialmente sendo visto como “apenas um humano” e até mesmo sendo subestimado, até se tornar o grande idealizador de todas as manobras de ataque, chegando ao ponto de praticamente comandar o Conselho Galático.

Outra personagem muito bem trabalhada por Hickman é Carol Danvers, a capitã Marvel. O roteirista faz questão de nos lembrar que antes de tudo ela é um soldado, inclusive com patente mais alta que a do próprio Capitão América, e assim somos brindados com um dos melhores momentos da personagem desde um bom tempo. Aqui vemos Carol agindo como a guerreira que é, e não sendo apenas mais uma super-heroína de segundo escalão, posição a qual vinha sendo relegada até alguns anos atrás.

E é claro, preciso falar de Thanos. Para quem acha que “só Jim Starlin sabe escrever Thanos”, saiba que está enganado ou sendo saudosista ao extremo. O Thanos de Hickman mantém a mesma personalidade que tornou o personagem o que é. Alguém egocêntrico, dúbio, claramente louco, e cujos objetivos só fazem sentido para si mesmo. Objetivos esses que ele fará de tudo para alcançar. Inclusive matar o próprio filho.

Por fim, somos finalmente apresentados a um novo personagem, que afinal é o tema central de boa parte da história: Thane, o filho de Thanos.
O rapaz na verdade é um inumano, fruto de um caso de Thanos com uma inumana pertencente a uma das muitas tribos que se espalharam pelo universo e que entraram em guerra com ele em algum momento. Thane foi ocultado por anos em uma das tribos na Terra, vivendo como curandeiro e sempre temendo o seu destino, por saber que é filho de seu pai.

Após um plano de Raio Negro e seu irmão Máximus, uma bomba terrígena é ativada, causando uma transformação em todos os inumanos com poderes latentes, e assim revelando a verdadeira face de Thane: um ser poderoso que traz a morte simplesmente pela sua existência. Todos que estejam próximos a Thane morrem, e assim é revelado então porque Thanos teme tanto o seu filho a ponto de querer matá-lo. O titã passou a vida perseguindo a morte, sem saber que a havia gerado.

Ao final, toda a trama se afunila, e após a terra ser salva da ameaça dos Construtores, os Vingadores ainda precisam lidar com Thanos e seu cerco ao redor do planeta, seus soldados da Ordem Negra, além da ameaça de Thane, em uma das batalhas mais épicas do universo Marvel.

Infinito já pode entrar no hall das melhores sagas da Casa das Ideias, contando com momentos que já nascem clássicos, como a batalha entre Thanos e Raio Negro que culmina na destruição de Attilan, a diplomacia de Thor com um Construtor, a terrigênese que transforma milhares de pessoas em Inumanos, além das sensacionais manobras estratégicas do Capitão América, que o fazem ser respeitado por inúmeras raças.

Por Murilo Oliveira

Fonte: O Vício

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