Ele
tem dividido opiniões ao redor do mundo. Muitos odiaram e muitos amaram. É
chegada a hora da Opinião do Planeta sobre Batman vs Superman. Eu (Roger) e meu
parceiro e colaborador Giulianno de Lima Liberalli resolvemos expor nossos
humildes comentários à respeito desse blockbuster tão aguardado pelos fãs.
Opinião do Giulianno de Lima Liberalli
– Batman vs Superman ou Batman – O Cavaleiro das Trevas?
Saindo
da sessão de Batman vs Superman comecei a entender o dilema da vida do Duas
Caras, uma decisão difícil nas mãos e a moeda pedindo para ser jogada, mas a
questão era mais complicada do que o raciocínio do Charada: Qual foi o filme
que realmente assisti? Tenho a impressão que vi a adaptação de O Cavaleiro das
Trevas de Miller com uma continuação de Homem de Aço e a Morte do Superman
costurados em uma trama pirotécnica e apressada ao querer apresentar o novo
universo DC nas telas, nisso houveram os pontos que me agradaram e aqueles
pontos que não me deixaram feliz, avisando que estarei falando abertamente para
quem não viu o filme ainda.
Começando
pelo Batman de Ben Affleck que carregou o filme nos ombros, não é a toa que o
nome dele vem na frente e é o Batman que sempre quis ver no cinema: o homem
amargurado por uma guerra contra um inimigo que sabe que não pode vencer e nem
pode parar de combater para evitar que outros sofram a mesma perda que a dele,
amparado pelo melhor Alfred do cinema interpretado pelo excelente Jeremy Irons
e várias cenas homenagearam o clássico de Frank Miller, curioso que Snyder declarou
que esse filme introduziria Batman no universo do Superman e não se inspiraria
na HQ de Miller, mas foi o que mais senti ali na tela em cenas como o resgate
de Martha Kent e a reação do Batman diante do criminoso, até as palavras foram
as mesmas.
Henry
Cavill seguiu o mesmo padrão do primeiro filme como Superman, não evoluiu na
atuação, continuando seu Homem de Aço de onde parou sendo o poderoso alienígena
que precisa encontrar seu lugar no mundo sem mudar o rumo da humanidade,
tentando ser um de nós, mas é impossível, pois ele é o Superman e nada vai
mudar isso, todas suas ações serão para mudar a história, mexer com a vida de
todos, o que nos faz perceber que seu núcleo de personagens também continuou o
mesmo, Perry e Lois exerceram suas funções básicas de apoio e ponto, mais uma
chance desperdiçada dos talentos de Amy Adams e Laurence Fishburne.
A
introdução da Mulher Maravilha ficou boa deixando as pistas para o seu filme
solo, a escolha de Gal Gadot se provou acertada passando a imagem de beleza,
força e poder que a personagem invoca, sua participação na batalha não me
pareceu gratuita ou forçada e a atriz pareceu bem a vontade no papel prometendo
um bom trabalho no futuro filme. As rápidas introduções aos demais integrantes
da Liga me pareceram um pouco forçadas e se encaixariam melhor em uma cena
pós-créditos mostrando Batman, e não a Mulher Maravilha, vendo os vídeos
roubados de Lex Luthor monitorando os demais heróis: Aquaman, Flash e Cyborg,
tudo dando a entender que a ameaça de Darkseid se aproxima e somente a união
desses seres poderosos poderá fazer frente ao Senhor de Apokolips.
O
que me leva ao Lex Luthor, não entendi a proposta da interpretação de Jesse
Eisenberg, ótimo ator, diga-se de passagem, só que tive a impressão de ver um
Coringa gênio, esquizofrênico e milionário sem a cara branca e o sorriso
marcante ao invés do manipulador frio e psicótico que é o Luthor. Seus modos
extravagantes, fala desconexa e alucinada me fizeram questionar qual tom
queriam dar ao personagem afinal de contas? E como era fácil para ele conduzir
as vidas de todos ao seu redor como um maestro insano, forçado honestamente.
A
trilha sonora parecia estar na dúvida entre uma ópera rock ou um filme dos
Transformers, faltou um tom que marcasse o personagem para que quando
ouvíssemos de cara nos identificássemos com ele. E deixaram muito no ar o que
realmente levou um povo evoluído cientificamente como os kryptonianos a criarem
uma criatura como Apocalypse e deixarem a fórmula disponível para qualquer um
poder ter o seu quando quisesse, parecia aquele lance de “É para ser assim,
rápido e rasteiro, precisamos de uma ameaça que reúna a Trindade em batalha”.
Assim como o sonho de Batman sobre um futuro dominado por um Superman ditador
auxiliado por parademônios abrindo caminho para a, literalmente, rápida
participação do Flash alertando o herói no filme dando pistas de que um futuro
ameaçador vai se concretizar e que as sementes estavam sendo plantadas naquele
momento.
Enfim,
em um final aberto para a vindoura Liga da Justiça, o filme me deu certeza de
que os heróis da DC poderão ter um futuro nas telas do cinema, só gostaria que
esse futuro tivesse uma imagem mais positiva e menos devastadora. Agora é aguardar os filmes solo do Flash, Mulher Maravilha, Cyborg
e Aquaman para ver o resultado.
Opinião do Roger – Batman vs Superman –
Dois lados da mesma moeda.
Para
começo de conversa, Zack Snyder aceitou um trabalho dificílimo. Levar pela
primeira vez na história da humanidade dois dos maiores ícones dos quadrinhos
americanos – Superman e Batman – exige muita coragem (e dinheiro também, é
claro). Pouco antes de sua estreia, a Warner deu sinais de que realmente
precisa aprender muito sobre os personagens que tem em mãos. Receoso com a
receptividade do filme, o estúdio aguardava valores modestos para a bilheteria
de estreia. Mas veja bem, um filme que tem BATMAN e SUPERMAN, não dá para
esperar menos do que quebrar alguns recordes. Repito – um filme que tem BATMAN
e SUPERMAN tem a obrigação de vender bem.
Dito
isso, gostaria de deixar algumas observações sobre o filme em si. Os trailers
entregaram muita coisa, mas mesmo assim, tive surpresas, o que foi um ponto
positivo. A narrativa e a montagem não foi um problema para mim. Deu para
acompanhar bem os acontecimentos e não me senti perdido durante o filme.
Afinal, o diretor optou por tentar abordar seus dois principais personagens com
equilíbrio de tempo de tela. Além de Lex Luthor e Lois Lane que também
aparecerem bastante. Era muita coisa para pouco tempo. Percebi referências ao
Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, A Morte do Superman, Paz na Terra, Crise
nas Infinitas Terras e um pouco de Injustice, principalmente na forma
“perigosa” como o Superman está se desenvolvendo nesse universo.
A
participação da Mulher-Maravilha no clímax foi simplesmente “maravilhoso”. Convenceu-me
e para mim, era a Mulher-Maravilha que estou acostumado a ler nas HQs. Vê-la
lutando transportou-me de volta as grandes lutas que ela travou nos quadrinhos
(ela enfrentou Ares de igual para igual, só para citar um exemplo). Diana, por
outro lado, achei um pouco estranho, mas prefiro esperar pelo filme solo para
ver como ela é apresentada. A citação de Perry White sobre a forma como o
jornalismo é feito atualmente que é bem diferente do que era em 1938 (ano da
estreia do Superman na revista Action Comics #1), uma bela homenagem ao Homem
de Aço. Citação de nomes de peso no universo DC como Mazzuchelli (David
Mazzuchelli, desenhista de Batman – Ano Um) e Rucka (Greg Rucka, escritor de
uma excelente fase da Mulher-Maravilha, que inclusive está voltando em Rebirth
e também co-escritor da ótima série semanal 52 Weeks). Cenas que lembram muito
as referências das HQs que citei no parágrafo anterior também devem deixar os
fãs satisfeitos. E a última coisa que Luthor fala no filme – Ding, Ding, Ding –
automaticamente nos remete ao som muito parecido de um certo dispositivo
mostrado na cena do Cyborg.
Ben
Affleck interpretou bem essa visão de Bruce Wayne (bem diferente da visão do
Bruce de Christian Bale e Christopher Nolan). Aqui, Snyder e Affleck investem
no Bruce Wayne carrancudo, sombrio e frio do Cavaleiro das Trevas de Frank
Miller. Alguns podem sentir falta do Bruce playboy e irresponsável quando está
em público, mas a verdade é que nessa visão, o papel ficou bom. Aproveito para
parabenizar pela cena da morte dos pais de Bruce, igualzinho ao Cavaleiro das
Trevas de Miller e a aparição do Flash à lá Crise nas Infinitas Terras. O tom
grandioso está presente, como deveria ser num filme que apresenta os Melhores
do Mundo. A versão de Alfred é bem diferente da que estou acostumado, mas
também existe nas HQs, está presente em Batman Terra Um escrito por Geoff
Johns. Me estranhou um pouco, mas não dá para reclamar. Bom, então foi tudo uma
maravilha Roger?
Bem,
infelizmente digo que não e vou citar agora algumas coisas que me incomodaram.
Primeiro de tudo – para mim, Batman não mata. Ele até quase chegou a esse ponto
na saga Batman – Hush (Silêncio) quando foi convencido por James Gordon que
apelou para a amizade entre eles, pouco antes de atirar na cabeça do Coringa.
Mesmo assim, que eu me lembre, Batman não mata e isso tem muita importância em
sua mitologia. É isso, por exemplo, que torna ele e o Coringa inimigos quase
que “eternos”. Quantas discussões não aconteceram porque o Batman não matou o
Coringa quando teve chances claras e “justificadas” para isso. Quantas vítimas
não teriam sido poupadas – Bárbara Gordon, Jason Todd, Sarah Gordon, e tantos
outros... E não justifica o diretor dizer que essa é a versão de Cavaleiro das
Trevas do Miller, porque até mesmo nessa HQ vemos um Batman preocupado e esperançoso
em recuperar Harvey Dent.
Isso
me leva ao segundo ponto – o motivo da luta entre o Batman e o Superman foi
meio decepcionante para mim. Zack Snyder perdeu uma grande oportunidade de
expor não somente uma luta física, mas uma batalha de ideologias entre o
Superman e o Batman. Passou-me a impressão de que o diretor não se sente
confortável, ou não tem competência para desenvolver o lado motivacional dos
personagens. Lembro-me agora de uma cena de Man of Steel quando Superman e Zod
estão destruindo Metrópolis e vemos uma luta pela sobrevivência de Perry White
e dois de seus companheiros de trabalho. Assistindo a cena, não me passou
nenhuma emoção que normalmente eu sentiria, pois nenhum daqueles personagens
tinha sido desenvolvido a ponto do público se identificar com eles. Bem,
voltando ao BvS, não digo que Zack Snyder é um mau diretor, mas a proposta de
Batman vs Superman era grandiosa demais para o que ele conseguiu realizar. Outro exemplo, é a cena em que o Superman se entrega. Diante das autoridades governamentais, bem na hora em que ele poderia começar a sua "defesa", há uma explosão, e mais uma chance de mostrar um pouco do ponto de vista do Superman é desperdiçada.
A
versão de Lex Luthor tentou emular seus dias da Era de Ouro quando era um
cientista megalomaníaco. Aliás, Snyder se apoiou bastante nessa fase durante o
filme. Mesmo assim, quando minha esposa (que não entende nada de HQs e só
assiste aos filmes para me acompanhar) sussurrou em meu ouvido perguntando se
ele (o Lex do Eisenberg) se tornaria o Coringa durante o filme, algo começou a
me incomodar e passei a prestar mais atenção sobre isso, e acho que minha
esposa não estava errada. Para quem não conhece (e conhece muito bem a
cronologia DC de um modo em geral), pode ter ficado com a impressão de estar
vendo um pré-Coringa no lugar de Luthor, e convenhamos, Lex Luthor é um vilão
que merecia muito mais do que foi apresentado. Fora isso, o motivo do final da
luta entre Batman e Superman não me convenceu nem um pouco e só se agravou
quando o Batman salvou Martha Kent. Não reparei em nenhum momento que a mãe de
Clark estava num esconderijo revestido de chumbo ou magia, que impedisse o
Superman de saber onde ela estava. Enfim, o filme dividiu minhas opiniões (o
que normalmente não é bom sinal). Na verdade, ainda há muita coisa a ser dita sobre o filme, mas seria praticamente impossível nesse texto (aparição dos membros da Liga da Justiça, efeitos, trilha sonora, etc.). Até gostei do filme, mas fiquei com a
impressão de um enorme potencial desperdiçado. De qualquer forma, como o título do post sugere, o sinal para o futuro dos filmes da DC foi dado. Que venha o Esquadrão Suicida em seguida.
12 Comentários
É muita informação para eu processar.
ResponderExcluirHehehe... Ozy em modo Stand-by?
ExcluirMais ou menos, mas gostei muito da forma que o Sr escreveu. Dessa vez me pareceu mais incisivo, decisivo.
ExcluirEu até pensei em citar alguma coisa da Marvel, mas achei que não seria apropriado. Além do que, já ficou longo demais.
ExcluirNão achei longo, mas como eu disse, achei o seu texto mais sincero até agora, porque dava para perceber sua indignação com determinadas partes do filme. E eu percebi, com o passar de todo esse tempo que a gente se fala, que o Sr tenta sempre suprimir as partes negativas de qualquer coisa que escreva e focar sempre mais nas positivas, o que me faz pensar que esse filme pode ter lhe magoado em algumas partes. E o Sr não está sozinho, também me senti ofendido na primeira vez que assisti, mas foi mais pelo final, que até agora, eu não tolerei.
ExcluirSim Ozy, você é muito observador. Sempre tento focar nos pontos positivos e deixar os negativos de lado, até porque, normalmente os pontos negativos são facilmente vistos (ou até mal interpretados). Mas, infelizmente, um filme que como protagonistas BATMAN e SUPERMAN, dois dos maiores de todos os tempos, não poderia acontecer o que aconteceu. Preciso assistir novamente com certeza, mas farei isso em casa, num versão em DVD ou algo assim. Acho que o problema foi que minha expectativa para o BvS estava tão alta quanto o primeiro dos Vingadores, mas no caso dos Vingadores, me foi entregue tudo que eu esperava.
ExcluirQuanto a ficar ofendido, eu me senti tapeado, por isso dei o tapa final e fui embora, como vcs devem ter conferido, hehehe.
ExcluirAh sim, você deixou bem claro seu ponto de vista. Como estão dizendo, é um filme que está dividindo opiniões mesmo...rs.
ExcluirA versão full power está chegando...
ExcluirA versão full power está chegando...
Ouvi falar que terá 3 horas de duração, mas também cheguei e a ler que o primeiro corte teve 4 horas.
ExcluirPrefiro a de 4 horas, embora o mundo só venha a conhecer a de 3.
ExcluirEntendo que às vezes a versão do cinema fica comprometida devido a tempo de exibição, etc, e uma versão do diretor (ou sem cortes) dá uma perspectiva ampliada e completa da obra como um todo. Isso aconteceu comigo na versão do diretor do filme do Demolidor e do Lanterna Verde, que melhorou bastante nas versões estendidas. Até a versão da Vampira dos X-Men Dias de Um Futuro, ficou bacana, embora eu tenha gostado da versão do cinema mesmo.
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