A Panini lançou o terceiro volume de Regênese com a
continuação da saga do Monstro do Pântano capitaneada pelos talentos de Rick
Veitch e Alfredo Alcala, dando sequência aos eventos dos volumes anteriores
aonde vemos o dilema na vida do Elemental mais poderoso do planeta que deve
decidir o destino da semente destinada a se tornar o seu sucessor no reino
vegetal.
No primeiro volume vimos o que aconteceu após o
retorno do Monstro a Terra e sua surpresa em descobrir que o Parlamento das
Árvores o deu como morto, dando origem ao processo de formar um novo Elemental
para não comprometer o equilíbrio das forças naturais do planeta. Para Alec
foram dadas duas opções: Destruir o embrião do próximo Elemental para
permanecer no posto ou se destruir para dar lugar ao seu sucessor, mas essa
situação não ficou restrita a uma disputa “familiar” e acabou afetando aos
sensitivos do planeta, tamanha a importância do problema. Claro que isso
envolveu nosso velho conhecido Constantine que iniciou o seu próprio processo
de buscar o herdeiro do manto de Elemental Vegetal do planeta, o que sempre
resulta em dores de cabeça para Alec.
No segundo volume o mago inglês busca recriar as
condições que originaram o Monstro do Pântano, acreditando que a gênese da
criatura se dá com morte e chamas o que facilitaria a transição de um homem
para a forma de um Elemental superior, fazendo uso dos seus contatos místicos,
Constatine busca os candidatos que podem dar forma física ao embrião do
Parlamento. Paralelo a isso, Alec busca meios de permitir uma coexistência
pacífica entre ele e o seu “irmão”, ajudando-o a encontrar equilíbrio na sua
mente perturbada cuja essência se encontra bagunçada pelas frustradas
tentativas anteriores de encontrar um hospedeiro ideal para habitar.
As coisas se complicam mais à medida que cada um
tenta resolver o problema a sua maneira, o desequilíbrio causado pela
indefinição da formação do embrião começa a afetar a delicada teia de vida
vegetal ao redor do planeta, chegando ao ponto de o Parlamento invocar
elementais adormecidos para pressionar Alec a tomar uma posição definitiva,
depois do confronto que chegou a envolver Chester, Abby e Constantine, ele
entende que a situação só tende a piorar envolvendo todos aqueles que ama em
uma turbilhão de caos cada vez maior. Decidido a eliminar o embrião, Alec é
detido por Abby, entendendo que o embrião é uma nova forma de vida e que merece
uma chance de existir e evoluir, ela sugere a Alec que, dada a sua dificuldade
de chegar a uma conclusão racional para resolver a questão, ele expanda sua
inteligência a um nível que possa entender e dar um fim ao problema, pois como
ele pode fazer uso quase ilimitado de sua consciência e forma, o mesmo poderia
se aplicar ao seu cérebro. O método funciona e Alec encontra a solução ideal
para o problema, porém a solução envolve o uso do corpo de Constatine como um
dublê de corpo para Alec poder dar uma forma humana ao embrião como filho dele
e de Abby, já que a concepção normal é inviável para o Monstro do Pântano, a
única saída foi possuir o mago inglês para poder realizar a tarefa.
Relutantemente Abby entende a solução encontrada por
Alec e aceita, claro que a situação
não é fácil, mesmo sabendo que é a essência
de Alec no corpo de Constantine, isso não torna as coisas mais simples.
Acompanhamos o desenrolar da situação no terceiro volume, onde vemos a relação
dos dois amantes envolta em dúvidas e questionamentos sobre o grande passo que
ambos estão dando: o de trazer ao mundo uma nova forma de vida, uma junção do mundo
da carne com o mundo vegetal, algo totalmente novo no planeta. Enquanto a
relação dos dois passa por um momento delicado, uma nova ameaça se aproxima
para perturbar novamente a tentativa de ambos de construírem a vida perfeita
que tanto sonham, é a chegada do ataque visto na saga Invasão publicada na
época e que envolveu todos os heróis da Terra, inclusive o Monstro, alvo de um
ataque disposto a destruir sua essência e sua ligação com o planeta.
Completando o volume temos um conflito entre o Monstro e Superman em
Metrópolis, quando Alec decide apagar todos os dados de sua existência dos
bancos de dados das centrais de inteligência ele percebe que uma pessoa ficou
de fora da sua vingança quando retornou do espaço: Lex Luthor, claro que o
Homem de Aço entra no seu caminho para evitar que Alec elimine Luthor. Fechando
a terceira edição um anual do Monstro do Pântano em uma aventura envolvendo uma
tentativa do super gorila Grodd de se vingar de Solovar e da Cidade Gorila,
arrastando Alec e outros super símios em seus planos.
O nível das histórias nesses segundo e terceiros
volumes mostram uma maior acomodação e liberdade do time criativo em continuar
a boa fase tomando a continuidade do trabalho de Alan Moore, Rick Veitch mostra
que assimilou o espírito das ideias de Moore para o personagem, usando o
misticismo essencial nas aventuras do Monstro com os novos rumos que a
mitologia da série começou a tomar, mostrando que a perfeita vida normal que
Alec deseja ao lado de sua amada Abby de forma alguma poderá ser comum, com uma
bela casa e um vasto jardim para compartilharem suas existências tendo os
pântanos da Lousiana a sua disposição, suas tarefas como protetor de toda vida
vegetal do planeta são maiores do que imagina. Percebemos também a importância
dada a Constantine nessa saga, o personagem criado por Moore foi uma das pedras
angulares para o desenvolvimento dessa sequência de histórias, ponto para a
Panini que publicou essa saga em um material de qualidade sem deixar os fãs
aguardando muito tempo pela publicação dos volumes. Entretanto, o terceiro
volume não mostra as consequências do ataque de Invasão ao Monstro do Pântano
ou mais do desenvolvimento da gestação de Abby, Rick Veitch permaneceu por mais
um tempo na publicação, no entanto suas ideias para o desenrolar da gravidez e
o nascimento da criança o levou a sérias desavenças com a diretoria da DC
Comics, culminando na sua saída do título.
Ainda não se sabe se a Panini irá lançar as últimas
histórias de Veitch para o Monstro já que o próximo arco anunciado para 2017 é
o de Grant Morrison e Mark Millar: The Root of All Evil. O ideal seria dar
continuidade, mas caso isso não aconteça espero que a editora publique um
informativo situando os leitores sobre os acontecimentos pós Invasão que
encerram a fase de Veitch no comando do título. Mesmo assim, Regênese foi uma
saga fantástica e que valorizou todo o revolucionário trabalho de Alan Moore no
Monstro do Pântano.
Por
Giulianno de Lima Liberalli
Colaborador
do Planeta Marvel/DC