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Superman e a Saga do Sandman: Uma versão visionária do Homem de Aço


Cortada no Brasil pela Editora Abril e nunca publicada de forma completa por aqui, a chamada Sandman Saga do Superman é um de seus maiores marcos, não só por ser a primeira história sob editoria de Julius Schwartz e ter dado o pontapé inicial na Era de Bronze; a história também edificou uma versão visionária do super-herói ilustrando-o com menos poderes e com uma personalidade mais dominante e menos insegura. Esta versão do herói foi adotada por John Byrne em 1986 em sua minissérie O Homem de Aço, mas ela foi primeiramente imaginada por Dennis O’Neil em 1971.

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Querendo deixar de vez o clima camp de suas histórias em fins dos anos 1960, a DC Comics viu o grande Mort Weisinger se aposentar e o não menos talentoso Schwartz assumir a editoração da super linha de títulos. A partir daí uma série de mudanças foram acontecendo de 1968 até 1971, quando O’Neil assumiu o título homônimo do Homem de Aço e o rei Jack Kirby pegou títulos marginalizados conectados ao herói (Superman’s Pal Jimmy Olsen e Superman’s Girlfriend Lois Lane) para iniciar a criação do Quarto Mundo.

Com a Sandman Saga a DC Comics e Dennis O’Neil mostraram um nível de maturidade mais elevado para o personagem, mesclando mistérios, mudanças de personalidade e de paradigmas para o herói que era considerado um deus num panteão de fantasiados.

Ficha Técnica:
Roteiro: Dennis O’Neil
Arte: Curt Swan
Arte-Final: Murphy Anderson
Capas: Curt Swan e Neal Adams
(Publicado em Superman #233-235, 237-238, 240-242, de Janeiro a Setembro de 1971)

O objetivo da história era levar o Superman de volta às suas origens, com menos poderes e mais esperteza. Sendo assim, a editora foi encorajada a divulgar a primeira edição da história,Superman #233, como se fosse o marco inicial de uma nova revista chamada The Amazing New Adventures of Superman, já que a capa estampava esta chamada e mostra um número “1” gigante ao lado. Na verdade, o objetivo era mostrar aos leitores que aquela edição servia de startpara uma nova direção com o Homem de Aço – além de deixar claro que aquela era a revista em quadrinhos mais vendida da América.

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O’Neil começa sua história de forma típica: um cientista tenta um grande experimento com kryptonita para transformar a pedra que faz mal ao Superman em uma forma alternativa de energia. Todavia, o experimento dá errado e tem efeitos colaterais bem curiosos; o Superman é irradiado de tal forma que deixa uma marca de seu vulto na areia onde o experimento ocorria e toda a kryptonita da Terra perde seu poder, sendo apenas meras pedras verdes. O Superman não pode mais ser atingido (a não ser por magia, é claro).

Todavia, o que ninguém envolvido naquele experimento percebeu é que o vulto de areia começou a criar vida e se transformou num ser vivo, mesmo arenoso e mudo. Concomitantemente, Clark Kent é realocado profissionalmente para âncora televisivo da WBGS, a rede de notícia que engloba o Planeta Diário e é comandada pelo duvidoso caráter de Morgan Edge.

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Durante a história o autor deixa claro que este novo Superman tem menos recursos, pois a cada encontro com o ser arenoso seus poderes são diminuídos. Por outro lado, sua personalidade humana se desenvolve e amadurece, posicionando Clark Kent e seu alter ego num equilíbrio perfeito.

A qualidade do trabalho de O’Neil, especialmente nesta época, é quase imune a críticas. O autor estava em sua melhor época como criador, escrevendo um Superman diferente de todos os autores que o precederam, mas não menos interessante ou menos icônico. Hoje, mais de 40 anos depois da publicação original desta saga, a narrativa continua dinâmica, com um texto interessante e uma arte de emocionar do grande Curt Swan.

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No fim da saga O’Neil apresenta o novo Superman: um alienígena com apenas 1/3 de seus poderes originais e personalidade dominante. Ainda que o catalisador de toda esta mudança seja caricato (um experimento científico típico dos quadrinhos camp), a diversão da aventura somada à identificação do leitor com a nova persona de Clark Kent e ao recém descoberto equilíbrio pessoal do herói resultam numa fórmula de sucesso invejável.

Era o início de uma nova era. Ou quase isso.

Apagando o que O’Neil fez em apenas um edição

Apesar do grande passo que a DC deu para remodelar seu maior ícone em algo mais moderno e palatável para o público pós anos 1960, a editora temeu em deixar seu grandioso passado pra trás, pedindo então que o popular Cary Bates assumisse a revista e voltasse tudo pra trás logo na edição seguinte (Superman #243). O temor da DC partiu principalmente por parte dos fãs mais antigos – e consequentemente mais fieis – que gostavam dos conflitos cósmicos e do nível de poder infinito do herói.

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Sendo assim, logo no início da história Bates faz o Superman ter uma aventura no espaço absorver a explosão de uma supernova como se fosse parte de seu cotidiano. A Sandman Saga estava oficialmente apagada da cronologia, mas a DC viria a se arrepender da decisão e aceitar a sugestão de John Byrne de refazer o herói àquela imagem após a Crise nas Infinitas Terras.

Em 1992 o veterano e aclamado Walt Simonson fez uma homenagem à história na revista Superman Special.

A história lá fora

Se no Brasil é praticamente impossível reunir a história de forma seqüencial e completa, sem nenhum corte, na terra do Tio Sam a série pode ser facilmente conseguida de diversas formas, desde as edições originais em comic-shops com grandes acervos até os vários relançamentos que a história teve. A mais recente, e mais fácil de ser encontrada, é a reedição em capa dura da linha DC Comics Classic Library chamada Superman: Kryptonite Nevermore, lançada em 2009.

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Por: Morcelli

Fonte: Terra Zero

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2 Comentários

  1. o Byrne mudou a "história" do Super lá nos anos 80 (acho que foi por esse tempo..) a DC reboota tanto o universo e o Homem do S também já teve tantas "origens" com mudanças e acréscimos que sabe se lá se ele ainda é "feito de Aço"ainda!! Marcos Punch.

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    1. Nisso eu concordo. Vários roteiristas já quiseram deixar sua "marca" nas origens do Super, mas me parece que a origem do Byrne (nos anos 80 sim), parece que era a oficial antes dos Novos 52. Aliás, que bela história hein. Me lembro de ler na própria revista em formatinho do Super-Homem (naquela época ainda era chamado de Super-Homem e não Superman).

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