Cortada no Brasil pela Editora Abril e nunca publicada de forma completa
por aqui, a chamada Sandman Saga do Superman é um
de seus maiores marcos, não só por ser a primeira história sob editoria de Julius Schwartz e ter
dado o pontapé inicial na Era de Bronze; a história também edificou uma versão
visionária do super-herói ilustrando-o com menos poderes e com uma
personalidade mais dominante e menos insegura. Esta versão do herói foi adotada
por John Byrne em 1986 em sua minissérie O Homem de Aço, mas ela foi primeiramente imaginada por Dennis O’Neil em
1971.
Com a Sandman Saga a DC
Comics e Dennis O’Neil mostraram um nível de maturidade mais elevado para o
personagem, mesclando mistérios, mudanças de personalidade e de paradigmas para
o herói que era considerado um deus num panteão de fantasiados.
Ficha Técnica:
Roteiro: Dennis O’Neil
Arte: Curt Swan
Arte-Final: Murphy Anderson
Capas: Curt Swan e Neal Adams
(Publicado em Superman #233-235, 237-238, 240-242, de Janeiro a Setembro de 1971)
Roteiro: Dennis O’Neil
Arte: Curt Swan
Arte-Final: Murphy Anderson
Capas: Curt Swan e Neal Adams
(Publicado em Superman #233-235, 237-238, 240-242, de Janeiro a Setembro de 1971)
O objetivo da história era levar o Superman de volta às suas origens,
com menos poderes e mais esperteza. Sendo assim, a editora foi encorajada a
divulgar a primeira edição da história,Superman #233, como se fosse o marco inicial de uma nova
revista chamada The Amazing New Adventures of
Superman, já que a capa
estampava esta chamada e mostra um número “1” gigante ao lado. Na verdade, o objetivo era
mostrar aos leitores que aquela edição servia de startpara uma nova direção com o Homem de Aço – além de
deixar claro que aquela era a revista em quadrinhos mais vendida da América.
O’Neil começa sua história de forma típica: um cientista tenta um grande
experimento com kryptonita para transformar a pedra que faz mal ao Superman em
uma forma alternativa de energia. Todavia, o experimento dá errado e tem
efeitos colaterais bem curiosos; o Superman é irradiado de tal forma que deixa
uma marca de seu vulto na areia onde o experimento ocorria e toda a kryptonita
da Terra perde seu poder, sendo apenas meras pedras verdes. O Superman não pode
mais ser atingido (a não ser por magia, é claro).
Todavia, o que ninguém envolvido naquele experimento percebeu é que o
vulto de areia começou a criar vida e se transformou num ser vivo, mesmo
arenoso e mudo. Concomitantemente, Clark Kent é realocado profissionalmente
para âncora televisivo da WBGS, a rede de notícia que engloba o Planeta Diário
e é comandada pelo duvidoso caráter de Morgan Edge.
Durante a história o autor deixa claro que este novo Superman tem menos
recursos, pois a cada encontro com o ser arenoso seus poderes são diminuídos.
Por outro lado, sua personalidade humana se desenvolve e amadurece,
posicionando Clark Kent e seu alter ego num equilíbrio perfeito.
A qualidade do trabalho de O’Neil, especialmente nesta época, é quase
imune a críticas. O autor estava em sua melhor época como criador, escrevendo
um Superman diferente de todos os autores que o precederam, mas não menos
interessante ou menos icônico. Hoje, mais de 40 anos depois da publicação
original desta saga, a narrativa continua dinâmica, com um texto interessante e
uma arte de emocionar do grande Curt Swan.
No fim da saga O’Neil apresenta o novo Superman: um alienígena com
apenas 1/3 de seus poderes originais e personalidade dominante. Ainda que o
catalisador de toda esta mudança seja caricato (um experimento científico
típico dos quadrinhos camp), a diversão da aventura somada à identificação
do leitor com a nova persona de Clark Kent e ao recém descoberto equilíbrio
pessoal do herói resultam numa fórmula de sucesso invejável.
Era o início de uma nova era. Ou quase isso.
Apagando o que O’Neil fez em apenas um edição
Apesar do grande passo que a DC deu para remodelar seu maior ícone em
algo mais moderno e palatável para o público pós anos 1960, a editora temeu em
deixar seu grandioso passado pra trás, pedindo então que o popular Cary Bates
assumisse a revista e voltasse tudo pra trás logo na edição seguinte (Superman
#243). O temor da DC partiu principalmente por parte dos fãs mais antigos – e
consequentemente mais fieis – que gostavam dos conflitos cósmicos e do nível de
poder infinito do herói.
Sendo assim, logo no início da história Bates faz o Superman ter uma
aventura no espaço absorver a explosão de uma supernova como se fosse parte de
seu cotidiano. A Sandman Saga estava oficialmente apagada da cronologia, mas a
DC viria a se arrepender da decisão e aceitar a sugestão de John Byrne de
refazer o herói àquela imagem após a Crise nas Infinitas Terras.
Em 1992 o veterano e aclamado Walt Simonson fez
uma homenagem à história na revista Superman Special.
A história lá fora
Se no Brasil é praticamente impossível reunir a história de forma
seqüencial e completa, sem nenhum corte, na terra do Tio Sam a série pode ser
facilmente conseguida de diversas formas, desde as edições originais em comic-shops com
grandes acervos até os vários relançamentos que a história teve. A mais
recente, e mais fácil de ser encontrada, é a reedição em capa dura da linha DC Comics Classic Library chamada Superman: Kryptonite Nevermore, lançada em 2009.
Por: Morcelli
Fonte: Terra Zero
2 Comentários
o Byrne mudou a "história" do Super lá nos anos 80 (acho que foi por esse tempo..) a DC reboota tanto o universo e o Homem do S também já teve tantas "origens" com mudanças e acréscimos que sabe se lá se ele ainda é "feito de Aço"ainda!! Marcos Punch.
ResponderExcluirNisso eu concordo. Vários roteiristas já quiseram deixar sua "marca" nas origens do Super, mas me parece que a origem do Byrne (nos anos 80 sim), parece que era a oficial antes dos Novos 52. Aliás, que bela história hein. Me lembro de ler na própria revista em formatinho do Super-Homem (naquela época ainda era chamado de Super-Homem e não Superman).
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