[o artigo abaixo contém spoilers]
Roteiro de Jonathan Hickman
Desenhos de Steve Epting
Arte-final de Rick Magyar
Cores de Frank D’Armata
Desenhos de Steve Epting
Arte-final de Rick Magyar
Cores de Frank D’Armata
Antes uma palavrinha
sobre o grupo Illuminati em sua versão para o Universo Marvel. Originalmente formado por Homem de Ferro, Sr. Fantástico, Raio Negro, Namor, Professor
Xavier e Dr. Estranho, ele consistia numa sociedade secreta
em que cada membro representava uma vertente das diversas comunidades de
meta-humanos e mutantes que habitavam o planeta, e possui como interesse comum
a proteção da Terra. Sua formação ocorreu após uma crise de grandes proporções
que ameaçou todo o planeta, a Guerra Kree-Skrull, em que duas raças alienígenas
rivais usaram nosso planeta como campo de batalha. Apesar de nosso mundo
escapar ileso, o ocorrido abriu os olhos destes líderes, que resolveram formar
um conclave restrito com o intuito de prevenir que ameaças iguais ou maiores
que aquela viessem a surgir.
Nos últimos
anos os Illuminati enfrentaram várias crises, mas apesar delas, e de alguns
membros que saíram no decorrer dos anos, atualmente o grupo mantém praticamente
a mesma formação original, exceto pela ausência do Professor Xavier, que morreu durante o evento Vingadores vs. X-Men, e da recente adição do Capitão América, que inicialmente revoltou-se com
a própria existência de tal grupo, mas acabou achando melhor fazer parte dele e
ser uma espécie de consciência do mesmo, formado em sua maioria por indivíduos
extremamente racionais.
Esta terceira
encarnação do título New Avengers lidará
com os Illuminati, inicialmente tendo que resolver um problema surgido em Wakanda. Esta
primeira edição trata de apresentá-lo ao leitor sem pressa, tanto que toda a
história é protagonizada apenas pelo Pantera Negra, e o restante do grupo só
aparece no final da história.
Atualmente o Pantera
Negra não é mais o Rei de Wakanda, um país africano que, ao contrário de seus
vizinhos no continente, é uma nação tão próspera e rica em recursos e
tecnologia quanto os países de primeiro mundo que conhecemos. Por uma série de
eventos que não cabe neste review, o Pantera transferiu seu título para sua
irmã, Shuri, e agora governa apenas a Necrópolis de Wakanda, funcionando como um
representante no mundo dos vivos da terra dos mortos, e tendo acesso aos
conhecimentos e poderes dos reis que governaram Wakanda desde sua criação
(longa história, que integrou um dos últimos arcos escritos por Hickman no
volume anterior de Fantastic Four, o que demonstra o apreço do
escritor pelos personagens com quem trabalhou antes, e pela ideia de integrar
os títulos pelos quais passou, criando um corpo coletivo para o seu trabalho na
editora).
Esta primeira
história não é tão carregada de simbolismos como sua estreia em Avengers, mas Jonathan Hickman usa uma boa parcela
de ideias interessantes, a começar pelo “rito de passagem” que vemos no início
da edição, em que um grupo de adolescentes wakandianos estão concluindo uma série de provas que
consistem numa versão moderna e tecnológica de rituais conhecidos de tribos
africanas. É muito curioso vê-los usando uma mistura de trajes tradicionais com
aparatos eletrônicos, e conversando tanto sobre encontrar uma tribo perdida
quanto decifrar a estrutura de um homem artificial.
O grupo encontra um artefato no meio da floresta, e
descobre que ele abre um portal para outro ponto do universo, que abriga um
sistema solar parecido com o nosso, exceto pelo fato de possuir 12 planetas ao
invés de 8. Atravessando o portal eles, ao lado do Pantera Negra, que aparece
pra congratulá-los pela conclusão de seus testes, descobrem uma espécie de
Terra paralela que está sendo invadida por um grupo de indivíduos que manuseiam
um aparelho cuja função é destruir aquele planeta. E basicamente o resto da
edição é o Pantera tentando impedir estes indivíduos de destruir o tal planeta,
uma ação que gera perdas de ambos os lados, e dá ao herói a motivação que
precisava para convocar os Illuminati.
É uma história cheia
de mistérios, que começam logo na primeira página, com um monólogo/depoimento
de Reed Richards aparentemente
aceitando um destino inevitável para a Terra. Momentos como este acabam
forçando o leitor a continuar acompanhando as próximas edições para descobrir o
que se passa, e qual será a forma de intervenção dos Illuminati na crise atual.
Além disto esta
primeira edição apresenta pistas de ligações entre o que Hickman está fazendo
no título Avengers. Manifold, por exemplo, o segundo em comando no
grupo de vilões comandados por Black Swan, carrega no peito um símbolo já visto
no diagrama apresentado na primeira edição de Avengers, usado por um membro reserva do grupo que
parece ser uma versão paralela dele em nosso mundo (no caso um aborígene com o
poder de abrir portais entre um ponto e outro do espaço). Além disto, em
Avengers #1 Steve Rogers foi
acordado de um pesadelo por Tony Stark, que parecia ser uma reminiscência de
uma reunião anterior dos Illuminati. Esta pista aponta para possibilidade de
estarmos acompanhando uma história que se passa antes de Avengers #1. Só
lembrando que também é dito em Avengers #1 que Hyperion veio de um universo
morto, e nesta edição vemos um mundo inteiro ser destruído. Resta
descobrir se o desenlace da situação presente influenciará de maneira
significativa o que estamos acompanhando no título Avengers.
Agora uma atenção
maior para o grupo misterioso de vilões. Além de Manifold, fomos apresentados à Black Swan, que fala sobre “pagar a oferenda” a
um Grande Destruidor, que é “impaciente e seu apetite infinito.” Sim, eu
também pensei no Galactus, ou em um ser parecido com ele. Pelo que
concluí destes fragmentos de informação, o planeta visto no céu da outra Terra
é o mundo natal do grupo, e eles são uma espécie de arautos
da destruição de
uma entidade que se alimenta de planetas, pois ela pergunta ao Pantera o que
ele faria se ela dissesse que veio para matar um mundo. Também é curiosa a
semelhança entre esta ameaça apresentada aqui, e aquela, representada pelo Jardim, introduzida em Avengers #1, pois eles também trazem consigo a
possibilidade de assassinar um mundo, embora, no caso deles, também exista a
chance de uma transformação, de uma evolução da vida planetária.
Não chegou a
ser uma estréia tão retumbante quanto aquela vista em Avengers, mas New Avengers começou muito bem, cumprindo o dever
de instigar o leitor a continuar acompanhando. E como estamos falando de mais
um título escrito pelo Hickman, sempre há a promessa do conceito original
expandir-se e enveredar por caminhos imprevistos e ideias fascinantes.
Fonte: Nerd GeekFeelings
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