[o artigo abaixo contém spoilers]
Roteiros de Dan Slott
Desenhos de Ryan Stegman
Cores de Edgar Delgado
Desenhos de Ryan Stegman
Cores de Edgar Delgado
O resumo da ópera é
o seguinte: o Dr. Octopus estava
com um câncer terminal, e diante disto resolveu se redimir, e fazer o máximo de
bem para o mundo enquanto ainda lhe restava tempo. Usando seu amplo
conhecimento científico ele começou a desenvolver tecnologias que ajudassem a
sanar grandes males de nosso planeta, como o buraco na camada de ozônio por
exemplo, entre outros. Só que daí, em seus dias finais, o vilão concluiu que o
que ele havia feito ainda não era suficiente, e foi além. Otto encontrou uma
forma de transferir
sua mente para o corpo de Peter Parker, e fez isto de forma que o
rapaz sequer percebeu, até já ser tarde demais. Quando o domínio do vilão se
tornou completo, ele expulsou Peter de dentro de seu corpo, e o jogou dentro do
corpo moribundo em que estava. Dessa forma o Dr. Octopus virou o Homem-Aranha,
enquanto Peter Parker tornou-se a contragosto um de seus maiores inimigos.
Por tudo isto as
expectativas em torno deste Homem-Aranha Superior não são nada boas. Fazer leitores
antigos – e mesmo os novatos, que assistiram O Espetacular Homem-Aranha nos cinemas ano passado – engolirem
grandes mudanças já é difícil, imagine convencê-los de que vale a pena
acompanhar um título em que o corpo de seu herói favorito agora é controlado
pela mente de um de seus inimigos mais conhecidos. Esta é a tarefa que o
roteirista Dan Slott, arquiteto de toda essa nova fase, têm em
mãos.
O Superior do título
reflete muito bem a postura de Octavius como Homem-Aranha, um herói que,
literalmente, se acha melhor que a versão anterior do personagem, e deixa seu
orgulho e a vontade de mostrar que é o mais inteligente no recinto
influenciarem suas ações. Ele deixa claro seu desprezo por quem julga indigno
de sua atenção, e seu desejo de ser o centro das atenções, a ponto de acionar a
imprensa para que ela registre sua luta contra o Sexteto Sinistro, os inimigos que enfrenta nesta
primeira edição.
A ideia de botá-lo de cara confrontando uma versão menos
“digna” de seu antigo grupo é boa, pois torna o embate tanto físico quanto
simbólico, já que o Sexteto é um dos “pecados” que o Octopus cometeu durante
sua carreira criminosa, e agora ele recebe a chance de redimir-se ao combatê-lo.
Não chega a ser uma ideia original, mas funciona relativamente bem.
Durante suas
duas lutas com o grupo a postura deste novo Homem-Aranha fica mais evidente.
Ele é um herói que usa todos os seus conhecimentos científicos para derrotar
seus inimigos, a ponto de decidir injetar em seus inimigos nanorobôs de
rastreamento, uma estratégia muito invasiva que talvez Peter Parker não
empregaria, mas que Octopus faz sem hesitar. Também deu pra entender porque Dan
Slott se referiu ao novo Aranha em algumas entrevistas como um pouco parecido
com o Batman, pois há semelhanças, como a obstinação de
ambos em atingir a máxima performance como combatente do crime. A diferença é
que o Octopus-Aranha toma decisões moralmente duvidosas, o que o deixa sempre
numa posição em que ele pode botar todos os seus esforços a perder, e manchar a
reputação do herói que ele roubou para si.
Mas o novo Homem-Aranha também é um personagem problemático.
Ele pode tanto render uma sequência de histórias que tratará da redenção de um
vilão conhecido dos fãs do Aranha, como um teste de paciência para quem não
suporta a ideia desde que ela foi divulgada, e detesta cada manifestação de
antipatia deste novo-velho personagem. Além disto, Slott não é um grande
escritor. Seus diálogos são bem canastrões, assim como o comportamento de
praticamente todos os personagens. Suas caracterizações são superficiais e
estereotipadas. E também fiquei um pouco decepcionado com o fato do autor
terminar a história já deixando uma pista sobre como Peter Parker voltará, meio
que tentando fazer uma média com quem não está gostando da ideia, e garantindo
que ela tem prazo de validade, apesar de já ter garantido que durará pelo menos
um ano.
Já nos
desenhos Ryan Stegman se
sai melhor que seu parceiro criativo. Seu estilo dinâmico e caricato se encaixa
muito bem num título do Homem-Aranha.
E é isto. Uma história boa, longe do desastre que muitos
antecipavam, mas que poderia ser melhor do que foi em mãos mais talentosas. A
boa notícia é que Dan Slott escreve de um jeito que não dá pra levar totalmente
a sério o que está acontecendo, tanto que para as próximas edições já existe a
promessa de um Aranha-Sinal (!) e de um parceiro mirim (?!) para o novo herói.
Se tudo isto render histórias divertidas já terá valido a pena, e para os fãs
do Peter resta esperar que este ano passe logo e ele retome seu lugar.
Fonte: Nerd GeekFeelings
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