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Planeta Marvel NOW: The Superior Spider-Man #1

[o artigo abaixo contém spoilers]

Roteiros de Dan Slott
Desenhos de Ryan Stegman
Cores de Edgar Delgado

O resumo da ópera é o seguinte: o Dr. Octopus estava com um câncer terminal, e diante disto resolveu se redimir, e fazer o máximo de bem para o mundo enquanto ainda lhe restava tempo. Usando seu amplo conhecimento científico ele começou a desenvolver tecnologias que ajudassem a sanar grandes males de nosso planeta, como o buraco na camada de ozônio por exemplo, entre outros. Só que daí, em seus dias finais, o vilão concluiu que o que ele havia feito ainda não era suficiente, e foi além. Otto encontrou uma forma de transferir sua mente para o corpo de Peter Parker, e fez isto de forma que o rapaz sequer percebeu, até já ser tarde demais. Quando o domínio do vilão se tornou completo, ele expulsou Peter de dentro de seu corpo, e o jogou dentro do corpo moribundo em que estava. Dessa forma o Dr. Octopus virou o Homem-Aranha, enquanto Peter Parker tornou-se a contragosto um de seus maiores inimigos.

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Como se isto não bastasse, na edição final de Amazing Spider-Man, a de número 700, lançada na última semana de 2012, o Octopus-Aranha tomou uma atitude ainda mais drástica para impedir que toda a situação fosse revertida por uma nova troca de corpos. Usando seu novo e jovem corpo, ele entrou em confronto com Aranha-Octopus, que usava seu corpo decrépito para tentar recuperar o controle do seu corpo original, e o matou, eliminando de uma vez por todas qualquer possibilidade de Peter Parker voltar a assumir seu verdadeiro papel.
Por tudo isto as expectativas em torno deste Homem-Aranha Superior não são nada boas. Fazer leitores antigos – e mesmo os novatos, que assistiram O Espetacular Homem-Aranha nos cinemas ano passado – engolirem grandes mudanças já é difícil, imagine convencê-los de que vale a pena acompanhar um título em que o corpo de seu herói favorito agora é controlado pela mente de um de seus inimigos mais conhecidos. Esta é a tarefa que o roteirista Dan Slott, arquiteto de toda essa nova fase, têm em mãos.

O Superior do título reflete muito bem a postura de Octavius como Homem-Aranha, um herói que, literalmente, se acha melhor que a versão anterior do personagem, e deixa seu orgulho e a vontade de mostrar que é o mais inteligente no recinto influenciarem suas ações. Ele deixa claro seu desprezo por quem julga indigno de sua atenção, e seu desejo de ser o centro das atenções, a ponto de acionar a imprensa para que ela registre sua luta contra o Sexteto Sinistro, os inimigos que enfrenta nesta primeira edição.
A ideia de botá-lo de cara confrontando uma versão menos “digna” de seu antigo grupo é boa, pois torna o embate tanto físico quanto simbólico, já que o Sexteto é um dos “pecados” que o Octopus cometeu durante sua carreira criminosa, e agora ele recebe a chance de redimir-se ao combatê-lo. Não chega a ser uma ideia original, mas funciona relativamente bem.
Durante suas duas lutas com o grupo a postura deste novo Homem-Aranha fica mais evidente. Ele é um herói que usa todos os seus conhecimentos científicos para derrotar seus inimigos, a ponto de decidir injetar em seus inimigos nanorobôs de rastreamento, uma estratégia muito invasiva que talvez Peter Parker não empregaria, mas que Octopus faz sem hesitar. Também deu pra entender porque Dan Slott se referiu ao novo Aranha em algumas entrevistas como um pouco parecido com o Batman, pois há semelhanças, como a obstinação de ambos em atingir a máxima performance como combatente do crime. A diferença é que o Octopus-Aranha toma decisões moralmente duvidosas, o que o deixa sempre numa posição em que ele pode botar todos os seus esforços a perder, e manchar a reputação do herói que ele roubou para si.
Mas o novo Homem-Aranha também é um personagem problemático. Ele pode tanto render uma sequência de histórias que tratará da redenção de um vilão conhecido dos fãs do Aranha, como um teste de paciência para quem não suporta a ideia desde que ela foi divulgada, e detesta cada manifestação de antipatia deste novo-velho personagem. Além disto, Slott não é um grande escritor. Seus diálogos são bem canastrões, assim como o comportamento de praticamente todos os personagens. Suas caracterizações são superficiais e estereotipadas. E também fiquei um pouco decepcionado com o fato do autor terminar a história já deixando uma pista sobre como Peter Parker voltará, meio que tentando fazer uma média com quem não está gostando da ideia, e garantindo que ela tem prazo de validade, apesar de já ter garantido que durará pelo menos um ano.
Já nos desenhos Ryan Stegman se sai melhor que seu parceiro criativo. Seu estilo dinâmico e caricato se encaixa muito bem num título do Homem-Aranha.
E é isto. Uma história boa, longe do desastre que muitos antecipavam, mas que poderia ser melhor do que foi em mãos mais talentosas. A boa notícia é que Dan Slott escreve de um jeito que não dá pra levar totalmente a sério o que está acontecendo, tanto que para as próximas edições já existe a promessa de um Aranha-Sinal (!) e de um parceiro mirim (?!) para o novo herói. Se tudo isto render histórias divertidas já terá valido a pena, e para os fãs do Peter resta esperar que este ano passe logo e ele retome seu lugar.


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