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Planeta Marvel NOW: Thunderbolts #1

[o artigo abaixo contém spoilers]

Roteiros de Daniel Way
Desenhos de Steve Dillon
Cores de Guru eFX

A primeira encarnação dos Thunderbolts surgiu em meados da década de 1990 como consequência da saga Massacre. Enquanto heróis como os Vingadores e o Quarteto Fantástico foram dados como mortos após o confronto final com o vilão que deu nome à saga, um grupo de vilões tirou proveito do vácuo deixado pela ausência das duas equipes e se fez passar por heróis. Sua atuação como tais foi tão bem planejada que em pouco tempo os Thunderbolts tornou-se um dos grupos mais queridos de um mundo que, repentinamente, perdeu a proteção de seus maiores heróis. Alguns dos integrantes se adaptaram tão bem à rotina heróica, e ao fato de serem aclamados por seus feitos, que acabaram gostando da ideia de ajudar pessoas e continuaram atuando como heróis, mesmo depois de serem desmascarados, quando os Vingadores voltaram do universo paralelo onde estiverem durante sua ausência. Porém a outra parte da equipe não conseguiu domar sua má índole, e prosseguiu em seus planos maléficos.

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Com o passar dos anos os Thuderbolts tiveram várias formações, mas a ideia básica de antigos vilões se tornando heróis perdurou por um tempo, até a saga Guerra Civil, quando o governo dos Estados Unidos permitiu que Norman Osborn ficasse encarregado da formação e controle de um grupo de vilões, empregados pelo governo para ajudá-lo a caçar os heróis que passaram a atuar clandestinamente, quando se posicionaram contra a Lei de Registro de Super-Humanos.
Esta formação durou até a saga Invasão Secreta, quando os Thunderbolts se destacaram em sua atuação contra os Skrulls, sendo considerados, ao lado de Norman Osborn, os principais responsáveis por impedir que a raça alienígena dominasse nosso planeta. Daí pra frente os Thunderbolts se tornaram os Vingadores Sombrios, enquanto uma nova equipe foi formada para atuar secretamente, também sob a liderança de Norman Osborn, em missões de espionagem, e fazendo outros trabalhos sujos para o ex-Duende Verde.
Depois da saga O Cerco, quando Osborn perdeu seu poder após forçar uma guerra contra os asgardianos, uma nova versão dos Thunderbolts foi criada e ficou sob o comando do vingador Luke Cage. Eles continuaram como vilões sob o comando do governo para fazer o bem em troca de redução de penas e outros privilégios. Não acompanhei esta última fase da equipe, mas, de início, ela não parece ter relação direta com a equipe atual (o que meio que torna inútil toda esta minha introdução, mas, enfim…).

Para a estreia da nova versão dos Thunderbolts, Daniel Way preferiu enfatizar quão seguros de si e despreocupados são todos os integrantes desta nova formação. Assim, temos aparições rápidas e retratos superficiais de cada um deles. Nelas o escritor já mostra que optou por um caminho mais caricato e com toques de humor negro (em alguns pontos de caráter duvidoso).

Os encontros entre eles e o General Ross, idealizador da nova versão da equipe, são muito forçados. Ele aparece como uma versão em quadrinhos do Coronel Kilgore de Apocalipse Now, conversando tranquilamente em meio a tiroteios como se nada de grave estivesse acontecendo ao seu redor. Isto, somado à violência gráfica da história, que embora não seja nada fora do comum (apenas muito sangue jorrando de cortes, buracos de bala e perfurações de adagas), reforça a imagem que o escritor criou para si de seguidor do “estilo Garth Ennis.” Resta saber se ficará mais gore do que isto nas próximas edições, quando botarem todos esses caras num mesmo lugar enfrentando, espera-se, inimigos que justifiquem a união de indivíduos tão altamente perigosos quanto eles.


É necessário destacar as boas sacadas deste novo título dos Thunderbolts, começando pela mais óbvia: o novo líder ser um personagem cujo apelido é também o nome da equipe. É como se o General Thaddeus E. “Thunderbolt” Ross sempre estivesse destinado a assumir este papel, pois o personagem existe há mais tempo que os Thunderbolts, embora até então ninguém tivesse pensado em ligá-lo diretamente à equipe. Assim, é um tanto irônica a escolha dele para reuni-los e liderá-los, tornando-o uma espécie de dono dos demais membros, seus próprios Thunderbolts.
Outra boa ideia é a trama central desta edição ser focada no diálogo entre Frank Castle e o General Ross. Ambos possuem formação militar, mas enquanto o Justiceiro na maior parte de sua carreira foi apenas um homem “normal” combatendo criminosos “normais” (estou estrategicamente descartando aqui as fases em que ele foi um anjo e uma versão “monstro de Frankenstein” de si mesmo), Thadeus Ross até pouco tempo atrás foi o militar que tinha como maior objetivo de sua vida capturar e/ou matar o Hulk, até, através de uma série de circunstâncias que não cabem neste texto (porque desconheço seus detalhes), ganhar a mesma maldição de seu maior inimigo, tornando-se o Hulk Vermelho. Após gerar muitas confusões e enfrentar praticamente todos os principais heróis do Universo Marvel, ele acabou virando membro dos Vingadores a convite do Capitão América, numa espécie de coleguismo entre militares, e também como forma de ajudá-lo a redimir-se de todos os problemas que causou nos primeiros dias após sua transformação.
O melhor momento da conversa dos dois é quando Ross finalmente admite o quanto o Departamento de Defesa dos EUA sente que deve ao Justiceiro pelo trabalho de limpeza que fez ao longo de seus anos de atuação, eliminando definitivamente centenas, talvez milhares de criminosos, evitando, com isto, a morte de boas pessoas. Daí sua tentativa de recrutá-lo para os Thunderbolts, claro que à sua maneira, contando com um bocado de “persuasão personalizada”.
Além de Ross e o Justiceiro muito pouco é mostrado e explorado sobre os demais membros. Sabemos apenas que a equipe ainda contará com: Venom (que não é mais Eddie Brock há algum tempo, mas Flash Thompson, o valentão que pentelhava Peter Parker no colegial e acabou virando um militar condecorado, até perder as pernas num conflito, e ser selecionado como novo hospedeiro do simbionte alienígena); Deadpool, o mercenário com a língua maior que o calibre de suas armas, fator de cura acelerado e cara deformada; e Elektra, a mercenária grega ex-amante do Demolidor, cujo par de armas preferido são suas adagas. A equipe ainda contará com outra vilã do Hulk que sinceramente desconheço, que aparentemente servirá como uma espécie de coringa do Ross a ser usada em alguma situação emergencial. Portanto, é uma seleção de membros que, embora inusitada, é promissora. Resta saber se um roteirista irregular como Daniel Way dará conta de explorar o potencial dos personagens, as motivações de cada um e as possibilidades de interação que apresentam.

Já os desenhos do Steve Dillon estão apenas razoáveis, e cada vez mais distantes da qualidade que possuíam na época que desenhou Preacher, obra máxima de Garth Ennis.

Muitos leitores não gostam de seu traço por ele ir muito “direto ao ponto,” sem usar técnicas de luz e sombra elaboradas, e sem invencionices na escolha de ângulos de “câmera,” além de não ter uma diagramação de páginas particularmente arrojada. Apesar de todos estes fatores, ainda acho ele um desenhista adequado para um título cuja ação pede cenas de violência mais cruas e sem rodeios.
Apesar de uma estreia um tanto “morna” e sem grandes momentos e ideias, esta primeira edição cria uma expectativa para a próxima, quando, espero, veremos como funcionará a interação dos novos membros da equipe. Torçamos para que Way saiba jogar com as cartas que tem em mãos.


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4 Comentários

  1. os Thunderbolts pelo menos ficou com uma premissa parecida com a do Esquadrão Suicida(pelo menos durante esse comando do Luke Cage! pelo que eu entedi lendo aqui!). os Justiceiro foi um Anjo?!? um Frankestein?! Santos trovões de Bota!!que "criatividade" fizeram no Castle!! Marcos Punch.

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    1. Na fase do Cage sim, os vilões que participavam tinha suas penas reduzidas (sem contar que alguns tentavam fugir).
      Me recusei a ler, mas o Justiceiro já foi tudo isso aí mesmo. Para ver quanta barbaridade um personagem pode passar na vida.

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  2. gostei desse primeiro número do Thunderbolts !achei a história "bacaninha" e o desenho do Dillon foi um atrativo apesar da "baixa qualidade" citada no texto! que é um artista que deixa o rosto dos personagens com uma expressão estranha ,que parece que os personagens são todos vampiros ou doidos!! acho que essa formação não deve durar muito tempo e daqui a "uns anos" vai ter uns novos vilões com a "Botina do Trovão"!!! Marcos Punch.

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    1. Os desenhos do Dillon são meio "quadrados" e todos os rostos parecem iguais...kkk. Também não gosto muito dos desenhos dele.
      Se você gostou, continua a ler, inclusive quando trocar de roteirista e entrar o Charles Soule, que a fase melhora ainda mais!

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