[o artigo abaixo contém spoilers]
Batman
#23 é uma edição que deve ser lida muito
cuidadosamente pelos fãs do Morcego, ou detalhes importantíssimas desta revista
recheada de diálogos e informações passarão despercebidos pelo leitor menos
atento. Scott Snyder e Greg Capullo dão
um passo muito sutil ao caminho que Bruce Wayne faz para se transformar no
Batman, sendo que o mais importantes desta terceira parte da história é o que
acontece em volta do protagonista, e não com ele propriamente dito.
Snyder segue o rumo
dado por Christopher Nolan no filme Batman Begins de
2005, o qual é muito mais focado nas batalhas pessoais e interiores de Wayne do
que na ação como o Batman em
si. Nesta revista, o autor resolveu fazer paralelos entre a
origem cinematográfica mais recente do herói e todos os quadrinhos que a
basearam, que vão de Detective Comics #33 de
Bill Finger e Bob Kane até Batman: Ano Um de
Frank Miller e David Mazzucchelli.
Batman #23
Roteiro: Scott Snyder
Arte: Greg Capullo
Arte-Final: Danny Miki
Cores: FCO Plascencia
Capas: Greg Capullo, Gary Frank
As participações do
tio Philip Kane e
do sensacional vilão Edward Nygma [Nota:
acredite, leitor; se você não gostava ou não via nada demais no Charada, vai
começar a adorar este inimigo misterioso do Homem-Morcego] dão a sustância que
a história precisava para continuar caminhando sem parecer gratuita.
Lembrem-se: o Ano Zero trata-se de um tapa-buracos numa origem que já foi
construída e descontruída dezenas de vezes no decorrer dos quase 75 anos de
existência do Batman. Logo, nada mais justo que aproveitar (ou criar) outros
elementos que justifiquem esta publicação.
Nygma não é só obcecado com charadas e mistérios. Não. Ele
também é frio, muito mais calculista que o próprio Wayne,e não mede esforços (e
nem falta de escrúpulos) para derrubar o império da família mais famosa de
Gotham ao montar um plano muito bem bolado para tirar Kane de seu caminho. Mais
do que isso, a história sugere uma parceria sombria entre o futuro Charada e a
Gangue do Capuz Vermelho, já que ela toma uma iniciativa assertiva e macabra
para destruir Wayne nesta edição.
Snyder adora a
complexidade da relação entre o Batman e o Coringa, dando cada vez mais a entender que o
líder da gangue do Capuz é liderada pelo vilão antes de sua transformação no
Palhaço do Crime. Ainda que isso bata de frente com A Piada Mortal (em
teoria ainda parte da cronologia DC mesmo depois do Reboot), que explora
justamente o acaso e a coincidência, esta mudança de perspectiva faz sentido
com o novo Batman pós Novos 52. Aliás, ao mostrar Nygma se transformando no
Charada ao mesmo tempo em que mostra o sadismo do Coringa pré-transformação e
do Batman pré-Homem-Morcego, Snyder tira do caminho a velha questão “quem criou
quem”, sugerida muitas vezes nas revistas e no próprio Batman – O Filme (Warner
Bros., 1989) de Tim Burton. Todos se criaram juntos, cada um á sua
razão, e daí sim entra os elementos da coincidência e do acaso. Foram coisas
que aconteceram, e cada uma delas deu razão a cada peão neste tabuleiro de se
transformar em algo que condizesse com sua personalidade e seu objetivo.
Alfred Pennyworth começa a ganhar mais destaque como
mentor e pai de Bruce ao recuperá-lo da batalha destruidora contra a Gangue do
Capuz e costurar as feridas de seu patrão. É o nascimento do Alfred que todos
amam.
Snyder e Capullo
mantêm um ritmo satisfatório e interessante para Ano Zero, justificando a
existência da saga com histórias que revelam mais detalhes sobre o desenrolar
da transformação do homem em
mito. O jeito “desenho animado” de Capullo desenhar auxilia
na tonalidade da narrativa, que muitas vezes lembra a animação de Bruce Timm.
Pra fechar vale comentar a curta história de Snyder, James Tynion IV e
Rafael Albuquerque, que mostra Bruce barbudo e preso com 24 anos e caindo na
porrada com outros encarcerados. Batman Begins total!
Nota: 8/10
Referências (por número de
página):
1-Logo na primeira página um
flashback de Batman Begins vem à mente dos leitores;
5-A visão tora de um cambaleante Wayne na batalha contra o Capuz
Vermelho dá uma ótima noção visual do que a narrativa está passando;
1-10-As primeiras 10 páginas, em geral, possuem grande simetria entre os
quadros, com o próprio Capuz brincando com isso ao atirar exatamente na mesma
altura dos rostos de Thomas e Martha Wayne no quadro principal da família;
11-Sim, a Torre Wayne forma um morcego no topo;
20-Novamente Batman Begins, desta vez com Bruce adulto.
Fonte: Terra Zero
3 Comentários
caramba não tenho nem o que comentar! se essa revista é tudo isso que fala nesse post eu preciso ler ela várias vezes em busca de todos esses detalhes!! pelo jeito esse ano Zero tá sendo construido por um bom arquiteto!! Marcos Punch.
ResponderExcluirComo eu estou numa maratona de ler tudo de Novos 52, com certeza acabei deixando passar muita coisa, mas eu gostei dessa saga como um todo, por isso, mais pra frente, pretendo ler ela de uma só vez e com mais calma.
ExcluirDepois que você ler, diz o que achou.
com certeza direi!!Marcos Punch.
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