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Batman: Desconstruindo o Ano Zero - Interlúdio do vilão

[o artigo abaixo contém spoilers]

Dizem alguns boatos que a ideia de comemorar o segundo ano dos Novos 52 com o Mês dos Vilões veio do desejo de Scott Snyder de criar uma nova roupagem para o Charada, vilão chave de seu novo arco Batman: Ano Zero. Até o momento a história tem permanecido como a mais vendida da DC Comics, dividindo espaço com Superman Unchained, também de Snyder. Portanto, para não se atrasar com prazos e dar chance ao pessoal novo da editora, Snyder apenas argumentou o excelente roteiro de Ray Fawkes nesta edição 100% dedicada ao vilão dos desafios.

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Faltava uma abordagem devida ao Charada há muitos anos. Suas versões, tanto dentro como fora dos quadrinhos, sempre deixavam a desejar no aspecto conceitual: em nível atômico, cada vilão do Batman tem uma essência muito particular. O Charada também possui isso, mas ela parecia inatingível. Até agora.

Ficha Técnica:
Batman: The Riddler #23.2
Roteiro: Ray Fawkes
Argumento: Scott Snyder
Arte: Jeremy Haun
Cores: John Rauch
Capa: Guillem March


Fawkes demonstra, através de enigmas mais elaborados e uma narrativa que arranca de dentro pra fora quem o personagem realmente é, o quanto o Charada pode ser perigosíssimo para Batman e para Gotham City. Tão cruel quanto o Coringa e rodeado de transtornos e fobias (especialmente hafefobia, o medo de ser tocado) bizarros, o Charada não está em busca apenas do que o topo da cadeia alimentar social tem a oferecer, mas também age dominado por um caos controlado. Ele, por si só, é uma força caótica imensa, mas esta força é canalizada em esquemas enigmáticos e friamente calculados, tornando o corpo deste homem tão vulnerável quanto o de qualquer outro, mas com uma mente implacável e capaz de desafiar, sem muito esforço, a do próprio Homem-Morcego.


A edição consegue funcionar extremamente bem porque uma série de motivos, sendo os principais: a) a qualidade do texto de Fawkes; b) conseguir funcionar sozinha e como parte de Ano Zero; ter uma arte linda de Jeremy Haun e cores ainda mais fantásticas de John Rauch; d) colocar o Charada num lugar merecido. Aliás, a personalidade sofisticada do vilão lembra muito a de Gus Fring (para quem já viu Breaking Bad), o que só comprova o nível de periculosidade de um homem quase desprovido de sentimentos em favor de uma racionalidade ímpar, obcecada e deturpada.

De personagem com apenas uma única dimensão, o Edward Nygma se torna uma peça chave para as histórias do Batman desta nova década, deixando a esperança de que a construção tão boa de sua história se torne a semente para coisas ainda mais grandiosas.


Fonte: Terra Zero

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