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Planeta Resenha Marvel: O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA - A ÚLTIMA CAÇADA DE KRAVEN

Quando o Homem-Aranha surgiu no início da década de 1960, fez a diferença entre os super-heróis, não por ser invencível, por ser um galã milionário ou por ser um líder nato. Pelo contrário. O motivo de seu carisma é justamente a sua normalidade. Um adolescente cheio de problemas que se vê diante de uma situação inusitada, quando recebe poderes sobre-humanos, e que, ainda assim, continua tendo que enfrentar problemas mundanos, só que agora na mesma medida em que precisa enfrentar supervilões.


Enquanto ele socava algum maníaco e fazia piadas para descontrair e amenizar a tensão, ele rachava a cabeça para arrumar uma solução para as contas atrasadas ou encontrar formas de manter seu segredo diante da família, namorada e amigos. Ou seja, um cidadão comum por trás de um uniforme, o que gerou grande aproximação com os leitores, cidadãos normais que tinham problemas em comum com o aracnídeo. Ponto positivo para Stan Lee e Steve Ditko, que souberam explorar a dicotomia do herói entre ser um cidadão comum e salvar a vizinhança de lunáticos babando por poder e/ou dinheiro.

Daí em diante, muitas histórias fascinantes – e muitas horríveis também, como é de praxe no universo dos super-heróis – foram protagonizadas por Peter Parker e seu alter ego, tornando-o um dos mais populares heróis modernos, não só nos quadrinhos, mas nas animações, cinema, brinquedos, games e tudo o mais. E uma de suas histórias mais emblemáticas é, sem dúvida, A Última Caçada de Kraven.

Sergei Kravinoff, nome verdadeiro do vilão que tem sua alcunha no título deste clássico absoluto, é um russo maníaco por caçadas, um maluco sinistro, animalesco, selvagem e imprevisível, “qualidades” que o tornam um vilão de mão cheia, com muito potencial a ser explorado, como muito bem o fez J. M. DeMatteis. O roteirista percorreu com grande profundidade a personalidade de cada personagem, não de maneira convencional como muitos já fizeram, mas com visível acuidade. Em parceria com o talentosíssimo Mike Zeck, foi formada uma dupla criativa que foi muito feliz em priorizar a narrativa visual em detrimento dos diálogos, hábito que ainda era muito incomum à época, em que muitas cenas eram redundantes pelas imagens e textos dizerem a mesma coisa (“Vou atirar em você com minha incrível arma superultra destruidora!”). O ponto alto desta saga são os monólogos internos, extremamente eficazes, e até mesmo algumas incursões de fluxos de consciência, pouco corriqueiros à época. Coisa fina!

As ambições de Kraven foram expostas de maneira nunca vista antes, assim como os medos de Peter Parker e seu dilema em ser um herói mascarado. Até mesmo um vilão medíocre como Rattus ficou interessante em A Última Caçada de Kraven. Nenhum texto parece enfadonho, nenhuma cena de ação ficou desnecessária e as motivações dos personagens são vivas a ponto de o leitor se sentir na pele de cada um deles. E tudo isso com um Homem-Aranha vestido de negro, o que confere à história uma aura ainda mais tensa e sombria.

Para reler e se regozijar sempre que possível, principalmente em dias de histórias tão comercialóides e rasas com pouco ou nada a dizer.

O Espetacular Homem-Aranha - A Última Caçada de Kraven (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 9) - 160 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em novembro de 2013 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).


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