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Planeta Resenha Marvel: X-Men: Massacre de Mutantes (parte 02)

Louise Simonson trabalha, por sua vez, com o X-Factor mostrando, em primeiro lugar, sua atitude paradoxal já comentada. Além disso, e talvez o mais importante, ela mostra como as inversões de papéis se davam no Universo Marvel dos anos 1980. Magneto era o Diretor dos X-Men – Xavier fora abduzido mais uma vez – e nem por isso era uma pessoa bacana, legal, cheia de Guaravita na ideia. Vemos que os antigos contatos do vilão tentam se aproveitar disso e o convidam a dar um rolezinho no Clube do Inferno. É claro que os membros originais dos X-Men, agora X-Factor, iriam testemunhar Erik Magnus (o Lehnsherr só aparecerá no futuro) adentrando o recinto dos reis e rainhas da Cabala do Clube. O mais interessante, porém, é que, mesmo testemunhando isso, o X-Factor não pode fazer nada, pois se tornaram a coqueluche da classe média.

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Continuando a trabalhar com as inversões, vemos que, em tempos de discriminação social às claras, pode-se fazer todo o tipo de aliança. A Força Federal é um ótimo exemplo disso. Mística (Tio Sam), Sina, Avalanche, Pyro, Blob e Mulher-Aranha (futura Aracne) fizeram um acordo com o governo dos EUA para realizar missões designadas. Mais parecendo a versão mutante do Esquadrão Suicida da DC Comics, a Força Federal apresenta um lado diferente. Como a Mística ainda não se tornou a louca varrida dos anos 1990/2000, vemos que a líder da Irmandade faz a mediação entre o grupo e o Governo Federal. O stress é tremendo, pois seu grupo precisa de resultados e tudo o que conseguem é…

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 sofrer do preconceito generalizado. Enquanto tudo isso acontece, nos esgotos de Nova Iorque, há uma limpeza étnica acontecendo.

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Devemos lembrar que, na visão de Claremont, os Morlocks são mutantes que se escondem numa espécie de gueto pela simples consciência de que viver na superfície só aumentaria o preconceito inerente aos mutantes. Eles não se parecem com você, eles não se parecem comigo, são considerados pela maioria como aberrações. Dessa forma, a limpeza étnica no gueto em pleno curso leva os X-Men mais uma vez a proteger sua raça. Também temos de lembrar que Tempestade, a atual líder dos X-Men, também é líder dos Morlocks e possui a obrigação de proteger seu grupo. Os heróis são levados ao limite e Colossus, o mais pacífico dentre os X-Men, toma a seguinte atitude:

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Vampira desmaia, Kitty vira um fantasma, Colossus sofre sérios ferimentos e mata Maré Selvagem. Diferente das lamurientas HQ atuais, Piotr jura vingança. Um fato que poderia passar despercebido é aproveitado por Claremont para utilizar de maneira coerente – Tempestade é quem mais sofre com tudo o que acontece com seus grupos. Enquanto Ororo sofre por seus pares, é tempo de curar os feridos. A Mansão X torna-se uma enfermaria e os Novos Mutantes são convocados em seu auxílio. O grande problema é que a líder desse grupo, Miragem, tornou-se uma Valquíria – uma das guerreiras vikings que possuem o poder de ver aqueles que irão morrer. Miragem fica incapacitada, pois…

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Mostra-se, então, que o argumento aproveita a continuidade da Marvel para dramatizar ainda mais o perigo que ronda a vida dos mutantes nesse momento. Agitados, como todo adolescente, o grupo briga entre si para realizar as missões mais simples – preparar sanduíches, fazer bandagens etc. Então, os jovens resolvem provar que são dignos e partem para os esgotos, mas os Carrascos não são os únicos inimigos que estão à espreita. Magus (eita nome besta), o pai de Warlock (não confundir com Ele, criação de Jack Kirby), encontrou seu filho e está pronto para desafiá-lo pela supremacia entre pai e filho, algo típico de sua cultura. Os jovens heróis conseguem escapar dessa ameaça, mas seus tutores perdem seu rastro.

Na segunda aventura do X-Factor, nós temos a melhor sequência da história, para desespero de Ebony Spiderman. Somos levados novamente aos esgotos e à limpeza perpetrada pelos Carrascos. O X-Factor só pode assistir incrédulo à matança. De fato, o grupo de vilões é extremamente objetivo em aniquilar os Morlocks, mas, em todos os casos, não consegue fazer valer sua força contra os grupos X, muito mais organizados. Louise Simonson, auxiliada pelo marido (que faz os rabiscos), mostram como a vida dupla e pública interfere em todas as decisões do grupo Exterminadores/X-Factor. Ciclope casado e amando Jean Grey, a menina puta da vida com o que ela considera uma traição – mesmo estando morta; Fera voltando a ser humano com aparência simiesca, Bobby sendo novamente o infantil do grupo e Anjo, inútil como sempre, namorando uma civil e dando um mole impressionante para a ruiva da equipe.

Tudo isso interferindo em todas as decisões do primeiro grupo formado pelo professor Xavier.
A vida dupla tem suas vantagens, pois os Exterminadores ganham rapidamente a admiração de todos os mutantes e, em tempos de crise, confiar em alguém é um grande alento. Mesmo assim, quando os mutantes chegam ao complexo do X-Factor, o susto quase sempre é o mesmo:

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Na cena, mais uma vez, desde que Louise Simonson começou a usar Warren Worthington III em suas histórias, percebe-se a implicância da autora com o personagem. O Anjo nada mais é do que o financiador principal do X-Factor, o homem da mochila grande e o inútil voador dos Exterminadores. Afinal de contas, a “vantagem tática” de reconhecimento de um homem voador é inútil dentro dos esgotos. Na página acima, percebe-se o quanto ele está numa descendente: mal levanta voo para capturar Skids e é driblado com enorme facilidade. Triste, mas necessário.


Fonte: Iluminerds

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