O mundo dos quadrinhos tem uma máxima:
“qualquer revista pode ser a primeira revista de alguém”. Claro que em meio a
sagas, arcos que duram um ano, e amarras cronológicas, esse tipo de raciocínio
se perdeu. Aqueles leitores que se arriscam a folhear, de maneira quase sempre
tímida, as páginas de uma revista, se encontra perdido em meio à histórias já
iniciadas e fica com aquela sensação de quem “pegou o bonde andando”. É por
isso que “Superman nº 22” (Panini Comics) é um ótimo momento para quem tem curiosidade
ou quer começar a ler o Superman “Novos 52”, afinal, todas as revistas do mix
estão, justamente, começando novos arcos.
Originalmente
publicado em:
Superman
18-19
Superman Unchained 1
Superman Unchained 1
Detalhes
da edição
17 x 26 cm
76 páginas
Capa Couché
Lombada Grampo
Papel Pisa Brite
Publicação Mensal
Preço: R$ 7.20
Distribuição Nacional
76 páginas
Capa Couché
Lombada Grampo
Papel Pisa Brite
Publicação Mensal
Preço: R$ 7.20
Distribuição Nacional
Escrita por
Scott Lobdel, com as artes de Aaron
Kuder, Tyler Kirkham e Robson Rocha, “Superman Vol.3 #18” começa com um combate entre
Órion, que está na Terra depois de ter dados as caras nas páginas da Mulher
Maravilha. Enquanto se digladiava com um Leviatã, o Pai Celestial o convoca de
volta ao lar, mas o novo deus descobre que essa ideia já não o agrada, ele
chega à conclusão de que os deuses não são tão interessantes quanto os humanos.
Enquanto
isso, o Superman enfrenta a corte dos Estados Unidos, obrigado à dar
explicações sobre a Fortaleza da Solidão. Superman tenta explicar que o lugar é
apenas o seu lar e que, apesar do que foi visto durante o ataque de H’El, o
lugar não oferece ameaça. O Senado propõe que o Superman permita que todo o
arsenal disponível na fortaleza seja catalogado e inspecionado por um
representante do governo, uma proposta que é veementemente negada pelo Superman.
Em Metrópolis, a equipe do Planeta Diário assistia à transmissão ao vivo
do que se desenrolava no senado, tão concentrada que não viu Morgan Edge
chegar, querendo saber aonde Lois Lane – que já não era repórter desde o
reboot, mantendo-se na editoração da parte jornalística do conglomerado de
Morgan Edge – foi parar. Perry revela que ofereceu à Lois o emprego de repórter
novamente e que, nesse momento, ela estava nas escadas do senado entrevistando
o Superman.
A noite, em
um clube noturno, Clark encontra-se com Cat
Grant - que havia sido a
única membro do planeta diário que, surpreendentemente, “comprara” a ideia de
Clark quando este deixou o Planeta Diário, com um discurso sobre jornalismo – e
ela revela à ele seus planos para os dois: um jornal online que daria espaço
para os dois abordarem os conteúdos que sempre lhes foi característico. Clark
rejeita a ideia e diz à Cat que tentaria conseguir o emprego dela de volta.
Enquanto ela tentava convencê-lo do contrário, sem motivo aparente, as pessoas
começam a se jogar pelo parapeito do prédio.
O Superman age rapidamente resgatando as pessoas que simplesmente se
jogavam. Mas, assim que as colocava em segurança, elas se jogavam novamente. O
Homem de Aço usa seus poderes para identificar o que pode estar causando esse
comportamento, e encontra um sinal sendo transmitido pelo equipamento do DJ.
Com sua visão de calor ele destrói o equipamento e interrompe o sinal e as
pessoas, de volta à sí, criticam o Superman por ter arruinado a festa.
Murmúrios de que o Superman não é confiável e sobre sua fortaleza de gelo são
gravados por Cat, que vê neles uma chance de provar ao Clark o potencial de seu
jornal online.
Em algum
lugar, alguém monitora o que está acontecendo, admirando o caos que causou
naquela noite.
Nesse
momento, nos Laboratórios STAR, os cientistas detectam leituras fora do comum:
Hector Hammond que estava em sua custódia, em coma, começou a registrar
atividade cerebral, passando para um estado de sonho.
Enquanto isso, o Pai Celestial tenta fazer com que Órion escute o que
ele tem à dizer, e ele revela uma profecia que se iniciou com a destruição do
planeta, uma ameaça à todo o cosmo foi liberada, e essa ameaça é o Superman.
“Superman Vol.3 #19”, ainda com o texto do
Lobdell mas agora com a arte de Kenneth
Rocafort, começa com o Superman lidando com uma invasão de seres movidos à
radiação vermelha, os Saturnianos. O Homem de Aço se mostra incrivelmente
calmo, diante de uma situação aparentemente crítica – capturado pelos inimigos
e debilitado pela genética destes. Com toda calma do mundo, Superman diz que os
inimigos tem 47 segundos para acabarem com a invasão. Obviamente o inimigo não
dá ouvidos, e segue com o clássico discurso do vilão.
Quando a contagem regressiva acaba, Superman revela que havia notado que
toda aquela área de prédios era, na verdade, naves Saturnianas disfarçadas e
que ele havia jogado para o alto vários tanques de água que ele tinha reunido
por toda cidade. A contagem regressiva era, justamente, o tempo que esses
tanques levariam para cair. Os tanques caem e inundam o local, e o Superman usa
seu sopro gelado para congelar o exercito invasor e lançá-los de volta à
órbita.
Ele, então,
se dá conta de que está atrasado para um “chá de casa nova” na casa da Lois,
mas antes ele precisaria checar a nave mãe Saturniana. Para sua sorte, sua
atual namorada já está presente na festa: Diana Prince, a Mulher
Maravilha.
Nos Laboratórios STAR, a inconstante atividade cerebral de Hector
Hammond mantém os cientistas ocupados. Dessa vez, para ser exato, era a total
falta dela. Hector Hammond está morto?
Clark volta
à Metropolis, para a festa, após ter constatado que a nave mãe não oferece
perigo, e, ao bater na porta é recebido com Lois, vestida como Mulher
Maravilha, que o agarra em um beijo apaixonado. Então ele se vê, novamente, em
frente à porta, sem entender bem o que tinha acabado de acontecer. Teria sido
um sonho? Lois, novamente, o recebe. Dessa vez com roupas normais.
Órion chega,
novamente, na Terra e vai direto ao STAR, aonde encontra o corpo de Hector Hammond, desapontado por
descobrir que a fonte de todo o poder maligno que ele vinha rastreando não era,
de fato, o Superman que o Pai Celestial ordenou que caçasse. Órion, por
garantia, iria matar Hammond, mas os cientistas do STAR o impedem, dizendo que
vão fazer o que for preciso para proteger seu objeto de estudos. Órion, após
descobrir que o corpo de Hammond está sem uma mente, se pergunta se a mente de
Hammond não teria se abrigado no corpo do Superman, o que daria início à
profecia revelada pelo Pai
Celestial. Ele inicia sua busca pela consciência de Hammond, para ela o
levar até onde o Superman.
Na festa,
Clark começa a notar que os convidados de Lois estão apresentando um
comportamento anormal. E a situação vai se agravando quadro à quadro. Ele
começa a se perguntar se essa série de comportamentos bizarros não teria alguma
conexão com o que aconteceu na festa na noite passada, mas Diana o afasta de
lá, levando-o até a sacada, onde ele pede desculpas por estar atrasado. Ela
avança para beijá-lo, mas antes que os lábios se toquem Clark é puxado para
longe por alguma força invisível, caindo em um rio.
Ativando seu traje, ele se prepara para
lutar contra o misterioso inimigo que descobriu sua identidade. De alguma
forma, ter sido jogado ali daquele jeito clareou suas ideias. Clark se deu
conta que a cidade inteira estava sendo manipulada e que, mesmo sua mente,
estava sendo afetada. Ele sai da água, pronto para a luta, e diante dele, está
Ório, decidido a por fim numa terrível profecia.
Aqui começa a aguardada “Superman Unchained“, de Scott Snyder e Jim Lee. O antecipado título,
que foi parte da comemoração de 75 anos do personagem, chega ao Brasil de forma
tímida. Pessoalmente, acho que um título com uma dupla criativa tão atrativa
(comercialmente falando) merecia um encadernado, não é, afinal, nenhum absurdo,
visto que teve apenas nove edições. Mas… Vamos à história.
Estamos em
Nagasaki, no Japão. O ano é 1945. Uma criança brinca na rua, observando os céus
com um binóculo. Um avião. O garoto olha com expectativa. Uma bomba. Caindo…
Caindo. É quando a bomba se abre, revelando um humanóide azul com olhos
incandescentes. O que vem depois, todos sabemos…
Nos tempo atuais, o Superman está indo em direção à uma estação espacial
que caí rumo à uma catástrofe. Ele descobre uma forma de desativar o motor
nuclear da estação antes que este exploda, e salva os astronautas. Mas isso é
apenas um dos sete outros satélites que ele precisou resgatar naquele dia.
Todos em queda livre em direção à Terra.
Lex
Luthor é o primeiro suspeito. Atualmente
sendo transferido para a nova penitenciaria de segurança máxima de Metropolis,
Luthor nega envolvimento e sugere que os cyber-terroristas da Ascensão estejam
envonvidos, mas a teoria é refutada pelo Superman, que alega que isso é grande
de mais para eles.
De volta à vida de Clark
Kent, ele descobre, através de uma conversa com Lois, que oito objetos
cairam do céu, e que os oito foram resgatados pelo Superman. Mas Clark não
sabia de um oitavo objeto, e o mistério sobre quem o impediu de colidir leva ao
Mar de Andaman, onde ele encontra o satélite que, supostamente teria salvo.
Ele, então,
é atingido – acidentalmente, aparentemente – por um submarino americano que
imediatamente liga para o seu superior pedindo instruções sobre como proceder,
e ninguém menos do que o General Sam Lane é o homem no controle.
O General diz que o mais importante seria o
Superman não descobrir a localização de sua base secreta. Uma fortaleza
solidificada, localizada no subsolo, que, segundo o General, abriga o
“verdadeiro Superman”, – uma misteriosa figura humanóide azul com olhos incandescente
– e que esse Superman trabalha para os Estados Unidos há 75 anos.
A história se encerra com um epílogo, desenhado por Dustin
Nguyen, onde Jimmy e Perry White conversam quando, no meio do
oceano um homem sem olhos é resgatado, e esse homem chama pelo nome da Lois
Lane.
Perceberam
que foi uma resenha curta? É porque, ainda que a história seja rica nos
detalhes e fundamentos do universo do Superman – e o mérito da narrativa bem
feita do Scott Snyder deve ser ressaltada – não acontece muita coisa, de fato.
Páginas e mais páginas são perdidas durante o resgate do satélite, principalmente
por que a história fica de lado para dar lugar às páginas duplas do Jim
Lee – aliás, eu
simplesmente DETESTO páginas duplas verticais. Ter que virar a revista para ler
me faz sentir como se estivesse vendo uma revista adulta ou algo assim.
Surpreendentemente,
eu precisei sentar duas ou três vezes para conseguir ler a história do início
ao fim, o que é incomum! E, não, a história não é ruim! Mas esse primeiro
capitulo foi tão… “Mais do mesmo” que não me segurou como eu imaginei que o
faria. Tirando a revelação de que a bomba de Nagasaki (e provavelmente a de
Hiroshima, também) foi causada por um meta-humano, não há nada de
surpreendente. Talvez, seja cedo para julgar o título, mas é visível em dados
momentos que a história está sendo deixada de lado para valorizar os painéis do
Jim Lee.
Ainda assim,
“Superman nº 22”, é um ótimo ponto de partida para quem quer conhecer o
personagem nesses “Novos 52”. Ainda que nenhuma das histórias seja brilhante
(de forma alguma), as histórias caminham para um ponto divertido e,
principalmente, exigem pouco (ou nenhum) conhecimento prévio do que vinha se
passando com o personagem.
Em tempos em
que as primeiras edições dos “Novos 52” estão praticamente “valendo seu peso em
ouro”, é bom ter um ponto de partida descompromissado e que possa ser divertido
para novos leitores.
Por Morcelli
Fonte: Terra Zero
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