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Planeta Resenha Marvel: GUERRA CIVIL

De tempos em tempos, como todo bom leitor de quadrinhos está careca de saber, as grandes editoras dão um guinada em sua linha editorial, afetando todos os títulos que publicam com reviravoltas que às vezes deixam os leitores de cabelo em pé, seja de surpresa por contentamento ou por puro desgosto. Nessas investidas, a Marvel já deu alguns tiros no pé, mas também deu algumas bolas dentro.


Guerra Civil é um bom exemplo de tiro certo da Casa das Ideias, um chute certeiro, bem no ângulo. Isso porque envolveu quase todos os personagens da editora – mesmo que alguns não tenham aparecido – de maneira relevante, sem forçação de barra para que todo mundo desse as caras. A história é a seguinte: o governo norte-americano aprova uma lei que estabelece que todos os heróis devem ser devidamente registrados e ter suas identidades reveladas. Isso porque o número de super-heróis tem aumentado muito, e consequentemente, as práticas irresponsáveis por parte deles. A gota d´água foi um grupelho constituído por super-heróis adolescentes que possuía um reality show na TV. Em uma de suas missões televisionadas, o grupo se envolve numa pancadaria próxima a uma escola, quando um dos vilões, próximo da derrota e numa atitude desesperada, gera uma explosão que ocasiona a morte de centenas de crianças.

Após a tragédia, alguns heróis mudam de posição e outros se mantêm ainda mais firmes, principalmente porque o governo quer que todos eles prestem contas à S.H.I.E.L.D., ou seja, os super-heróis vão se tornar uma espécie de superpolícia. Assim, há uma enorme ruptura e eles se dividem de acordo com seus ideais, em um grupo pró-registro, liderado pelo Homem de Ferro, e outro contrário ao registro, comandado pelo Capitão América. Sim! O ícone americano todo certinho se volta contra os ditames governamentais de seu país! E o resultado é, no mínimo, surpreendente e empolgante.

Ambos os lados possuem sólidas justificativas e fica difícil para o leitor tomar partido, principalmente porque há traição, espionagem e vira-casacas envolvidos. Mas há também aqueles que ficam neutros na história. Uns poucos é verdade. O maior exemplo são os X-Men, que já são conhecidos por serem mutantes e, justamente pelo preconceito que sofrem, estão cag*#%$ e andando pro governo. E tem também o Dr. Estranho, que sai em retiro e começa a fazer greve de fome (!!!) pela paz entre os heróis.

A resolução dos conflitos não fica só na pancadaria, apesar de quase sempre terminar nela. Os diálogos criados pelo escocês Mark Millar são uma aula de roteiro e mais entusiasmantes do que as cenas de batalha, que também não fazem feio e são capazes de fazer o leitor levantar da cadeira como se estivesse vendo um filme ou jogado um videogame. Mérito da arte competentíssima de Steve McNiven e das cores ora vívidas, ora melancólicas de Morry Hollowell. Palmas para a dupla.

Este encadernado da Salvat reúne as sete edições que formaram o arco principal da saga. Mas a história toda teve um desenrolar muito maior, envolvendo dezenas de títulos da Marvel. Para acompanhar a história completona, seria necessário ler centenas de revistas. Mas só com este encadernado já dá para se divertir bastante com uma das melhores histórias criadas pela Casa das Ideias nos últimos anos, talvez em todos os tempos.

Item indispensável para qualquer fã não só de super-heróis, mas de quadrinhos como um todo.

Guerra Civil (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 50) - 208 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em maio de 2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).

Por Leonardo Porto Passos

Fonte: HQ Maniacs

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2 Comentários

  1. eu pensava que era o Capitão que comandava os heróis a se registrar já que ele é o "Patriota Perfeito"!! Marcos Punch.

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    1. Pois é, mas o Capitão, embora patriota, sempre teve um senso de justiça muito apurado, independente de ser do governo ou não. Até quando ele trabalhava pra SHIELD, quando ele via algo errado, era contra. O mesmo aconteceu em Guerra Civil. Seu senso de moral não permitiu que ele concordasse com a lei. Certo ou errado, isso depende de cada um, mas para o Cap, a lei de registro ia totalmente contra o que ele acreditava.

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