É importante permanecer fiel aos uniformes dos quadrinhos nos filmes de super heróis?

Quando nossos personagens favoritos dos quadrinhos são adaptados para o cinema, é normal o desejo de vê-los da melhor forma possível e isso obviamente inclui uma boa caracterização visual.

Conforme o gênero vai se desenvolvendo, mais elementos dos quadrinhos são introduzidos e os fãs vão ficando cada vez mais satisfeitos. Creio que a grande maioria ficou bem feliz com o novo visual do Batman, algo mais puxado para o visual icônico e abandonando as armaduras pretas presentes desde 1989. Heróis como Homem de Ferro, Thor e Hulk ganharam espaço nas mídias com visuais modernos e familiares para o público. Os conceitos visuais mais “impossíveis”, coloridos e viajados estão se tornando realidade e aquela velha afirmação que “certas coisas não funcionam no cinema” vai se tornando cada vez mais ultrapassada.

A importância dos uniformes

Você reconhece um personagem de quadrinhos primeiramente pelo traje que ele utiliza. O uniforme não é enfeite, em um mundo de fantasiados super poderosos, ele se torna a identidade visual do personagem ou da equipe. Batman por exemplo, o traje sempre é formado por cores escuras, assimilando a aparência de um morcego com a capa e assim intimidando os inimigos. Por muitas vezes os X-Men utilizaram uniformes diferentes mas com algo que pudesse caracterizá-los como equipe, porém sempre buscando destacar a individualidade de cada um. Até o Homem-Aranha, que vez ou outra troca de uniforme, sempre segue o mesmo “padrão”, fazendo que seja impossível não reconhecê-lo.

As mudanças necessárias

Sou um defensor da fidelidade no traje. Quando fazem bem feito, fica lindo aos olhos, como provam o traje do Aranha em O Espetacular Homem-Aranha 2 e dos vigilantes de Watchmen. Mas é claro que existem elementos que funcionam melhor nos quadrinhos e precisam ser adaptados (guardem essa palavra) para o cinema. Reparem que eu disse ADAPTADOS, e não descaracterizados. Prova disso é o que acontece com os uniformes do Capitão America e do Superman nos filmes, embora não identicos ao material fonte, continuam fieis em sua essência e fazem jus às identidades visuais dos personagens.

Comparando os trajes utilizados por Christopher Reeves e Henry Cavill, temos dois Supermen diferentes na estéstica mas essencialmente com os mesmos propósitos. A cueca – obviamente – foi embora, visto que nem existe mais nos quadrinhos. O  traje de Homem de Aço ganhou alguns adornos de aspectos extraterrestres, fazendo com que o público rapidamente notasse que ele não é um homem do nosso planeta.

O mesmo pode ser dito do Capitão America de Chris Evans. O personagem já utilizou três trajes dentro dos filmes da Marvel, todos com aspectos que lembravam os uniformes que Steve Rogers já trajou nas páginas dos quadrinhos. As asinhas sumiram e deram espaço para um capacete militar que reforça a ideia do soldado, as “escamas” presentes no uniforme foram trocadas por um traje mais robusto e resistente, as cores da bandeira ainda estão ali, o Capitão America ainda está ali.

As mudanças desnecessárias

Quando você vai assistir um filme de herói, ativar o senso do imaginário é o primeiro requisito, mas isso não significa que podem abusar de você. Primeiramente, você tem que ACREDITAR que tal pessoa está vestindo tal uniforme e que aquilo ali de fato está acontecendo no filme, o que não é o caso do Lanterna Verde. Com o uniforme feito inteiramente no CGI, ele acaba distraindo quem está assistindo além de ter ficado bem desagradável. Não é algo que dá para levar a sério.

Olhando para o traje dos X-Men no cinema, é fácil notar que a Fox e Bryan Singer tiveram medo de ousar em um campo que, naquela época, pouco era valorizado. Os uniformes de couro escuro não faziam NENHUMA referência aos personagens dos quadrinhos, tornando todos iguais e o pior de tudo… poderiam ser qualquer um ali, ninguém tinha identidade visual.

Em um mercado cada vez mais exigente e puxado para o imaginativo, permanecer parado no tempo em questão de caracterização – tanto estética quanto na história – pode ser perigoso. Tem muita gente se esforçando pra trazer material de qualidade para as telonas, estão provando que NADA é inadaptável e que tudo pode funcionar em filme, desde que seja bem feito!

Por Avelar

Fonte: Legião dos Heróis