Grandes Heróis Marvel #16

Editora Abril , Junho 1987, formatinho

 

Houve um tempo em que a cultura do mix (revista mensal com arcos de vários personagens / grupos de autores e artistas variados num mesmo volume) nos presenteavam com fases inesquecíveis do HQ moderno. Diferente de hoje quando até a história principal do mix já não é grande coisa os mixes dos anos oitenta da Editora Abril eram divertidos e até históricos (vide o “Superaventuras Marvel” que teve em suas páginas a “Saga da Fênix Negra” de Chris Claremont e John Byrne, o Demolidor de Frank Miller, Conan, Tropa Alfa, Mestre do Kung Fu, entre outras).

“Grandes Heróis Marvel” foi uma revista trimestral que apresentavam histórias de arcos ou temas semelhantes. Esta revista possibilitou conhecermos clássicos como “A Morte do Guardião” de John Byrne, “A Morte da Fênix”, “A Morte de Adam Warlock” e várias outras. A edição 16 de “Grandes Heróis…” foi um dos maiores exemplos do poderio e qualidade do material que a Abril tinha em mãos. Eram 3 histórias de períodos diferentes mas com bons roteiros e arte excepcional.

“Combate no Reino Eterno” (que também é capa da revista) tem roteiros de Stan Lee, desenhos do mestre John Buscema e arte-final de seu irmão Sal Buscema (eterno ídolo do Mano Araújo). Nela o Surfista é levado à Asgard e, manipulado por Loki, ele desafia Thor para um duelo. Como personagens tão nobres podem lutar entre si? A espetacular arte de John Buscema ilustra toda a angústia do Surfista Prateado ainda sob o exílio imposto por Galactus que o prende à Terra. O Deus da Mentira promete que se vencer Thor ele o mandará para sua amada Shalla-Bal. Que chances terá o cavaleiro das estrelas contra um Deus?

“Fim da Solidão” tem argumento de Stan Lee (todas as histórias desta edição tem roteiros do velho safado), desenhos de outro mestre, Jim Steranko e arte-final de Joe Sinnott. Nela vemos o Capitão América saudoso do amigo Buck Barnes ao mesmo tempo que entre no meio de uma batalha dos Caça-Hulk e o Gigante Esmeralda. Após uma luta colossal Hulk foge deixando seu amigo Rick Jones desacordado. Capitão leva Rick para a mansão dos Vingadores. Enquanto continua imerso em nostalgia não percebe que Rick acordou e pegou um antigo uniforme de Buck e o veste… Antes de maiores discussões vemos um ataque relâmpago da Hidra à mansão. Como sempre Steve vence os grupo terrorista mas não sem antes notar a nobreza de Rick Jones. Iniciava-se sua parceria com o eterno sidekick do Universo Marvel. A arte de Steranko está aqui em toda sua exuberância, com nuances surreais e de op art.

A última história desta revista é um “Conto de Asgard” com Balder, o Bravo. Roteirizado por Lee e com arte do “Rei” Jack Kirby (e arte final de Vince Colletta) ela mostra o “mais bondoso dos Deuses” sendo punido por ter abandonado o front de batalha para salvar um pássaro ferido. Odin manda que lhe fossem arremessados (sem reação de Balder) uma flecha e uma lança e ambas são repelidas por uma planta que surge do chão e por um gavião que segura a lança. Na verdade tudo era uma provação de Odin que, orgulhoso, exalta para toda Asgard que Balder seria sempre protegido pelas forças da Natureza. 

Stan Lee, Jim Steranko, Jack Kirby, John Buscema… Que revista atual pode ter tantos artistas deste nível?

“Mas nunca renderei meu coração! Um dia, de alguma forma os grilhões se partirão e, por fim, o Surfista Prateado conhecerá outra vez a Liberdade” - Stan Lee – “Combate no Reino Eterno”.

Por Andy Nakamura

Fonte: Dínamo