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Planeta Resenha Marvel Salvat: ZUMBIS MARVEL

O conceito de zumbis não é tão recente quando se pode supor. Provavelmente o mito tem origem na cultura vodu haitiana, que dizia ser capaz de fazer uma pessoa morta voltar à vida em busca de vingança. Mas o grande responsável pela popularização dos mortos-vivos foi o diretor e roteirista de cinema norte-americano George A. Romero, com a sua indispensável Trilogia dos Mortos, composta pelos clássicos A Noite dos Mortos Vivos (1968), Despertar dos Mortos (1978) e Dia dos Mortos (1985).



Em 1990, outro diretor americano especialista em filmes de horror, Tom Savini, lançou um bem-sucedido remake de A Noite dos Mortos Vivos, com o mesmo título. O filme foi um enorme sucesso e desencadeou uma enxurrada de filmes de apocalipse zumbi, inclusive com três novas produções do mestre Romero, Terra dos Mortos (2005), Diário dos Mortos (2007) e A Ilha dos Mortos (2009). E quando vieram os quadrinhos The Walking Dead, da Image Comics, em outubro de 2003, a coisa virou febre.

Hoje existem zumbis em tudo quanto é lugar: cinema, quadrinhos, jogos, literatura... E a Marvel Comics, uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo, não poderia deixar a oportunidade escapar entre os dedos, não é mesmo? Assim, por puro oportunismo mercadológico, a Casa das Ideias correu atrás de Robert Kirkman, criador e roteirista das revistas em quadrinhos The Walking Dead, e solicitou ao novo bambambã da indústria pop que ele criasse uma série de quadrinhos que relacionasse os super-heróis Marvel com zumbis, dando continuidade à ideia de Mark Millar, que, em Ultimate Fantastic Four #21 a 23, transformou heróis em mortos-vivos superpoderosos.

Este encadernado da Salvat tem início com um Magneto desesperado e esgotado diante de um bando de super-heróis em decomposição sedentos por carne humana. Aparentemente ele é um dos últimos humanos não infectados na Terra, e, portanto, é perseguido incessantemente, assim como toda carne fresca que aparece pela frente.

Eis que surge o Surfista Prateado para informar sobre a vinda de Galactus. E em decorrência desta nova aparição, os heróis zumbis se tornam ainda mais poderosos, e agora vão para cima de Galactus, afinal, ele possui carne suficiente para todos se alimentarem por um bom tempo. Só que o grandão é poderoso demais, daí surge a necessidade de um plano de contra-ataque concebido por Hank Pym, Tony Stark e Bruce Banner. Como se não bastassem os heróis doidos pra transformar o Devorador de Mundos num banquete, surgem também os vilões zumbis para disputar cada centímetro de carne que ainda há na Terra.

OK, a Marvel não poderia ficar de fora da invasão zumbi, já que é um dos maiores bastiões da cultura pop, e nada mais natural que ela entrasse na dança. Sempre foi assim. Só que o resultado, apesar da popularidade que conquistou, pode desagradar a muitos fãs que veem no conceito zumbi algo mais do que apenas sangue e correria. Kirkman optou pelo humor negro nos momentos de pausa da matança, o que pode ser uma faca de dois gumes, já que tira o foco e a força da situação caótica e niilista que envolve uma invasão zumbi generalizada. Além do mais, o humor negro norte-americano é bem diferente do brasileiro, para dizer o mínimo. Assim, muitas piadinhas passam despercebidas ou são ignoradas propositalmente. Em alguns momentos, soam ingênuas e até entediantes. E assim, a sensação de angústia, euforia e desolação dá lugar a comentários bobos sobre saciação, gosto de carne e membros mutilados.

Apesar de divertida, a série Zumbis Marvel não passa de entretenimento oportunista que pouco explora o potencial que o conceito de zumbis poderia proporcionar ao universo dos super-heróis. Diverte – e com ressalvas –, mas não passa disso.

Zumbis Marvel (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 49) - 136 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em julho de 2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).

Por Leonardo Porto Passos

Fonte: HQ Maniacs

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