Um choque cultural pode ser muito
traumático. Estar em um país estrangeiro, longe de suas tradições e costumes
pode causar desde um leve constrangimento até situações mais graves.
Desde uma leve ofensa, até derramamento de sangue.
Agora imagine um choque cultural com
super-poderes.
No contraponto da divindade de
Diana, temos o Homem Morcego de Gotham, um homem sem nenhum poder especial além
de sua obstinação e vontade inabaláveis. Embora o resultado final do seu
trabalho seja prover um mundo de luz para as pessoas, Batman enxerga tudo em
tons muito escuros, e uma vez determinado a levar um criminoso a pagar por seus
crimes, sua sede de justiça não pode ser saciada até que tal objetivo seja
alcançado.
Mas o que acontece quando esse mundo
pintado em tons tão escuros se mostra repleto de outras nuances de preto e
cinza, fazendo com que o objetivo desse homem sombrio entre em conflito com as
crenças inabaláveis da criatura divina que atende pelo nome de Mulher Maravilha?
O que é o juramento de
Hiketeia?
Na
Antiga Grécia existia uma lei onde um suplicante poderia implorar por abrigo em
momentos de necessidade. Ao aceitar a súplica, seu mestre o protegerá e o
levará consigo para sua casa, oferecerá hospitalidade e fará dele um membro da
sua família.
As
leis costumavam ser rígidas naqueles idos tempos, onde assassinato era punido
com sangue e quebrar promessas uma desonra punível com a morte. Desde esses
tempos idos, as assim chamadas “Fúrias”, também conhecidas como Eríneas pelos
gregos estão destinadas a levar vingança contra os assassinos, os mentirosos,
os infiéis.
Ai
daquele que quebrasse seu sagrado juramento de Hiketeia. Pois teria a triste
sina de sofrer a justa vingança pelas mãos implacáveis dessas bondosas
senhoras.
Uma suposta criminosa pede exílio na
embaixada de Themyscira prostrando-se aos pés de Diana e oferecendo-se como sua
hóspede, invocando para tanto o juramento de Hiketeia. Devota em suas
tradições, Diana a acolhe. Mas a mesma suposta criminosa está com Batman em seu
encalço, e ele não pretende voltar a Gotham sem levá-la com ele.
A história nos traz esse embate
moral, colocando duas forças motrizes em lados opostos de um ponto de vista, o
que no caso deles, pode ser sinônimo de uma batalha devastadora.
Considerando-se que as lendas são
verdadeiras, as Eríneas estão à espreita, e sua justa vingança não poderá ser
aplacada caso o juramento de Hiketeia seja quebrado.
Greg Rucka é um escritor
excepcional, que fez maravilhas ao roteirizar algumas das melhores fases do
Batman, e juntamente com Ed Brubaker nos trouxe a impecável série “Gotham
Central” (Publicada no Brasil como “Gotham City Contra o Crime”). Além disso
ele também foi um dos grandes nomes por trás do título da Mulher Maravilha,
escrevendo uma fase memorável, onde conseguiu se desvencilhar respeitosamente
do legado deixado por George Pérez e mostrou com originalidade uma nova forma
de se contar histórias da princesa amazona, talvez superado apenas recentemente
por Brian Azzarello que assumiu o título da personagem após o evento Novos
52. Vale também destacar aqui o excelente trabalho de Rucka à frente da
personagem Batwoman, consolidando seu talento para escrever personagens
femininas fortes e interessantes.
A arte de J.G. Jones lhe caiu
como uma luva: realista ao representar a humanidade dos personagens e lúdica ao
ilustrar toda a fantasia da trama. Perfeito para um encontro entre Batman e a
Mulher Maravilha.
Mulher
Maravilha: Hiketeia é uma das grandes obras relacionadas
à personagem. É a aventura da princesa amazona que todo fã do Batman não pode
deixar de ter!
Por Rodrigo Garrit
Fonte: O Santuário
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