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Opinião do Planeta: Um bate-papo sobre o filme Vingadores – Era de Ultron

Finalmente assisti a Vingadores – Era de Ultron, e gostaria de deixar alguns comentários sobre o filme. Já li muitas matérias e vários programas que conseguiram analisar e opinar muito bem sobre o filme, por isso, dessa vez, eu e o Giuliano de Lima Liberalli, colaborador do Planeta resolvemos apenas deixar algumas observações do que achamos.


Sobre a estrutura do filme:

Ro: O segundo filme tem basicamente a mesma estrutura que o primeiro – três arcos com todos eles culminando em cenas de luta, cada uma maior que a outra – o primeiro arco com os Vingadores enfrentando a primeira aparição de Ultron (30 minutos), o segundo arco em que vemos a luta entre o Homem de Ferro com a Hulkbuster e o Hulk (60 minutos) e o terceiro arco com a luta final dos Vingadores contra Ultron e suas cópias. Naturalmente o filme tem outras cenas de lutas, mas os arcos em si se baseiam nessas três principais.

Giu: Realmente o filme conseguiu ter um início, meio e fim como você marcou, a seqüência inicial da invasão dos Vingadores ao forte da HIDRA foi um meio de mostrar que o entrosamento da equipe aumentou desde o último filme, curioso já que no final do anterior eles seguiram caminhos praticamente distintos, além de que a invasão da Feiticeira Escarlate a mente de Stark serviu para plantar a semente de Ultron se aproveitando do trauma que Stark teve com a invasão Chitauri e o que aconteceria se o mundo fosse invadido de novo e os Vingadores não dessem conta, resposta: Ultron.

Sobre o humor:


Ro: O tom humorístico que caracteriza os filmes da Marvel Studios está presente, mas não achei tão exagerado, para mim, foi mais ou menos igual ao primeiro. Particularmente prefiro um equilíbrio que foi bem mostrado em Capitão América – Soldado Invernal, pois acho que um filme com tantas cenas engraçadas acaba limitando os momentos em que o espectador pode se identificar com algum personagem que morre, ou com alguma situação que poderia ser mais dramática. Mesmo assim, como eu também gosto de me divertir sem compromisso, o filme entrega mais uma vez essa proposta.

Giu: Exato, a proposta de um filme, óbvio além de fazer sucesso, é divertir, e o filme consegue isso. Muitos criticaram um excesso de humor que eu também não vi, desde o primeiro filme, Thor e o Capitão ficavam como peixes fora da água quando rolava alguma citação e Thor também foi responsável por momentos cômicos, aliás é da personalidade dele. O jogo de ‘Quem Levanta o Martelo?’ foi uma cena muito legal, infelizmente os trailers entregaram essa cena muito cedo, a expressão de pasmo do Thor quando o Capitão move o martelo por milímetros é impagável e quando Visão o levanta como se não fosse nada? Valeu o ingresso.
  
Sobre algumas incoerências:

Ro: Assim como acontece nas HQs, o filme também deixa algumas dúvidas. Por exemplo, se James Rhodes, o Máquina de Combate e Sam Wilson, o Falcão também estavam presentes quando Ultron apareceu, acho que eles deveriam ter uma maior participação em enfrentar o vilão, até para dar a impressão de que eles também se preocuparam com essa ameaça, apesar de que Rhodes aparece na luta final. Há também o aparente envolvimento romântico entre Natasha e Banner, que não me parece ter sido bem explicado, nem no decorrer do filme (pelo menos eu não percebi). Outra situação que pode criar dúvidas, foi a presença do Prof. Selvig ao acompanhar o Thor até a caverna quando ele tem a visão das Joias do Infinito, pois me pareceu que a presença dele não foi necessária. Mas, como eu disse, é um filme baseado em HQs de heróis, por isso, não me incomodou.

Giu: Se tem uma coisa que o malfadado Homem-Aranha 3 ensinou foi o que não fazer quando junta muitos personagens em cena. Dentro do contexto, aprofundar mais esses personagens daria mais trabalho para a produção criando mais desenvolvimentos para eles e, assim como acontece nas HQs, heróis não deveriam pipocar de todos os cantos quando alguém estivesse atacando Nova York, por exemplo? Lembrando que só nessa cidade circulam Quarteto Fantástico, Vingadores, Capitão América, Homem-Aranha, Demolidor e vários outros, toda ameaça deveria virar um circo de tantos heróis aparecendo. O que entendi do envolvimento Banner x Natasha foi que a Viúva é uma pessoa que possui traumas e mutilações tão profundas que entende e simpatiza com Banner quando este sente que nunca poderá se sentir uma pessoa que pode viver e amar como as outras e o fato de ela é que acalma o Hulk já dá a entender que ela consegue alcançar o homem dentro do monstro.

Sobre a trama:

Ro: A trama é simples, assim como grande parte (não tudo, eu sei) das histórias em quadrinhos, baseando-se na ação, algum romance, ameaça global, conflitos de interesses e opiniões, um pouco de drama, humor (um pouco demais talvez), uma morte de um herói, ganchos para as próximas histórias, ou seja, o que normalmente encontramos nas HQs.

Giu: E esse é o objetivo do filme, marcar os arcos principais das fases da Marvel e ser a cola que mantém todos unidos até o clímax nas seqüências da Guerra do Infinito nas partes 3 e 4 de Vingadores, acho melhor que eles deixem as tramas mais complexas para os filmes solo dos heróis.

Sobre a participação de Stan Lee:


Ro: Mestre Stan “The Man” Lee teve uma participação simplesmente “Excelsior” nesse filme.

Giu: A presença de Stan é sempre divertida, acho que as pontas são pequenas, ele poderia ter algum personagem mais regular, tipo um Vigia. Não seria incrível se Stan se revelasse um Vigia em algum filme?

Sobre alguns presentes para os fãs:


Ro: Para os fãs que conhecem os personagens além dos filmes, mas também pelos quadrinhos, animações ou jogos de videogames, o filme traz várias referências interessantes, como a participação de Ulysses Klaw (o futuro vilão Garra Sônica), Wakanda como sendo uma nação famosa pelo vibranium, a menção à Jocasta, a armadura Hulkbuster, O Hulk ficar com mais raiva ainda quando Stark diz que ele é o Banner, a inserção de novos heróis como o Mercúrio, a Feiticeira Escarlate e o Visão. Aliás, vê-los em tela, me lembrou de uma antiga formação dos Vingadores no final dos anos 60 e início dos anos 70, com o Capitão América, Feiticeira Escarlate, Mercúrio e Gavião Arqueiro, e logo em seguida o Visão. Por falar nisso, a cena em que o Capitão, a Viúva e o Gavião Arqueiro estão na Coreia tentando resgatar o “berço”, e recebem a ajuda do Pietro e da Wanda, me remeteu aos bons tempos dessa formação antiga dos Vingadores – obrigado Joss Whedon por esse momento! Com certeza, os fãs (que vão além de apenas os filmes) não tem o que reclamar.

Giu: Sim, é uma homenagem a formação dos Vingadores que foi comandada pelo Capitão logo depois que os originais se afastaram para cuidar de suas vida e também uma mostra que eles respeitam a história da equipe, a presença de Wakanda foi para aquecer os motores para o vindouro filme do Pantera Negra e, como citei antes, a luta da Hulkbuster com o Hulk só não foi épica porque não levaram adiante a idéia de trazer o Hulk Cinza, mais inteligente, para o filme, seria demais o Hulk falando umas verdades para o Stark, isso ficaram devendo.

Sobre algumas participações especiais:

Ro: Mesmo para quem apenas conhece e acompanha somente os filmes, deve ter gostado da participação de Peggy Carter quando ela estava esperando a dança prometida no primeiro filme do Capitão América, e também a presença de Heimdall quando Thor tem a visão do Ragnarok.

Giu: Sem mais o que dizer, emocionante o Capitão vivendo o momento que perdeu para sempre e, por questões de edição, quem deveria ter aparecido para o Thor era o Loki, daria um gancho melhor para o terceiro filme do Thor uma visão de Loki vivo em Asgard.

Sobre os novos personagens Wanda e Pietro:


Ro: Gostei da interação e desenvolvimento dos personagens. Mais uma vez, todos tiveram uma participação relativamente boa. Particularmente achei a personalidade do Mercúrio dos Vingadores mais próxima das HQs do que o Mercúrio dos X-Men – mais arrogante e autoconfiante, às vezes até meio ranzinza do que juvenil e brincalhão da versão do filme dos mutantes. A Feiticeira já começou a apresentar uma certa esquizofrenia e talvez um futuro romance com o Visão.

Giu: Também concordo 100%, essa situação da Feiticeira invadir mentes uma atrás da outra vai acabar trazendo problemas para ela e o Mercúrio foi retratado quase fielmente aos quadrinhos, faltou um pouco de raiva contra os humanos, mas como nesse filme ele não é um filho de Magneto, não pode ser explorada essa raiva. 

Sobre o vilão:


Ro: Ultron merece um adendo à parte – não me pareceu um inimigo fisicamente tão perigoso quanto aos chitauris do primeiro filme, mas ele conseguiu seu intento, na minha opinião – conseguiu de uma certa forma acabar com a formação original de dentro pra fora, tanto é que no final do filme, temos um novo grupo de heróis. A origem do vilão no filme foi retratada de maneira esplendida, uma inteligência artificial que é criada de forma toda distorcida. Tanto é que, na primeira vez que ele aparece, ele fica andando de um lado para o outro todo torto, falando consigo mesmo, como se não soubesse exatamente o que está fazendo. Um vilão que nasceu todo distorcido e vai aprimorando no decorrer do filme, dando indícios de uma personalidade esquizofrênica e mimada, um salvador da humanidade com um objetivo bem definido, mas totalmente equivocado. Um maníaco que cria cópias de si mesmo, mas que não hesita em destruir uma delas só para expressar seu ego e seu poder. Achei interessante.

Giu: Ultron foi retratado como um Pinóquio, o menino que queria se tornar gente, ou melhor, algo melhor do que humano e sua evolução no filme foi bem feita, com ele se tornando cada vez mais consciente de suas fraquezas e o que deveria fazer para se tornar cada vez mais e mais blindado. E, se entendi bem, a mente dele é a de um Stark paranóico por controle, obcecado em proteger a raça humana de ameaças, mas o problema é que ele entende que a maior ameaça para a humanidade é ela mesma e a destruição de uma cópia sua foi meio que uma cobra trocando de pele, descartando uma velha e feia por outra mais bonita, reluzente e eficaz.

Sobre o criador do vilão:


Ro: Falando em Tony Stark, ele também se mostra um personagem interessante nesse filme, enfatizando sua personalidade perfeccionista, sempre em busca do melhor, mas nem sempre acerta. Sua aparente "teimosia" em criar Ultron e depois o VIsão mostra exatamente isso. Desde o início ele era um criador incansável que só provou o gosto do heroísmo no primeiro Vingadores e viu em Homem de Ferro 3 e principalmente depois da "visão" que ele teve sob o efeito da Feiticeira Escarlate motivos para "salvar" a Terra. Ultron reflete esse conceito urgente e equivocado.

Giu: Tony Stark é a estrela dos Vingadores, ponto. Indiretamente, o universo das situações circula em volta dele, prova de que Guerra Civil vai se originar justamente devido a sua megalomania em fazer tudo funcionar do seu jeito. Vou ver o filme de novo para refrescar minha memória, mas o Visão não seria uma tentativa de Ultron de gerar o corpo perfeito para sua consciência? Ele levanta o martelo do Thor! E joga com ele! Quer mais? A salvação dos Vingadores é que a consciência de Jarvis domina o corpo do Visão criando mais uma defesa para a Terra. Apesar das críticas, eu gostei da definição do visual do Visão, ficou bem retratado na minha opinião.

Então é isso, procuramos não fazer nenhuma resenha ou análise, mas apenas tecer alguns comentários sobre o que achamos do filme, e fazer o possível para sermos imparciais, seguindo sempre o lema do blog – respeito e sinceridade.
No geral, o filme agradou dentro da sua proposta e o Universo Marvel nos cinemas fecha mais um ciclo, apesar de que, de acordo com a própria Marvel, a fase 2 só acaba com o filme do Homem-Formiga.
De qualquer forma, o “segundo encadernado” está chegando ao fim, e várias pontas estão soltas pelo universo cinematográfico Marvel.



Por Roger e Giuliano

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3 Comentários

  1. um Bate papo criterioso com os dois Roteiristas,criticos de Cinema e redatores do Planeta!! continuem com essa Dupla Dinâmica e tecendo sua teia de fabulosos comentários sobre os filmes da Marvel/ DC!! Marcos Punch.

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    1. Obrigado Marcos! Agora, roteiristas e críticos foi bondade sua. Somos esforçados e gostamos do que fazemos. Se bem que o Giuliano é o lado mais erudito do blog. Pode-se dizer que eu fico com lado mais "pop". Valeu pelo incentivo. Quem sabe teremos a oportunidade de outros bate-papos assim.

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    2. Giulianno Liberalli8 de julho de 2015 às 05:03

      Rapaz, assim eu fico envergonhado. Valeu pelos elogios, Marcos e assino embaixo do Roger. Isso começou com um simples 'O que você achou?', acredito que teremos outros mais a frente. Abraços!

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