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Colaboradores do Planeta: Mensais ou Encadernados – A Difícil Vida do Colecionador

Nosso colaborador Giulianno de Lima Liberalli traz para todos os fãs, colecionadores ou apenas leitores ocasionais, a história das publicações Marvel e DC a partir da editora Abril, sob a ótica de um ávido colecionador.


Sempre gostei de colecionar HQs, desde que me entendo por gente e aprendi a ler tomei gosto por livros e história em quadrinhos, principalmente as de super-heróis Marvel e DC, obviamente. Peguei mais a época da Editora Abril com Heróis da TV, Capitão América, Super Aventuras Marvel entre outras pela Marvel, aí vieram da DC: Super-Homem (mudou para Superman quando a Abril investiu na sua série de mensais de luxo, a Linha Premium), Batman e Heróis em Ação com os Titãs, Guerreiro, Arqueiro Verde e Esquadrão Atari, depois o título mudou para Super Amigos. Foi um tempo muito bom do final da década de 70 e meados da década de 80, muitos títulos em formatinho apareciam nas bancas e faziam a festa dos fãs de quadrinhos de heróis que tinham muitas opções a escolher.


Hoje o formato americano é o que predomina nas bancas, a Panini popularizou o formato para as publicações mensais, quando começou no Brasil em 2000 tinha um formato diferente, tipo revista. A linha Premium da Abril foi lançada em formato americano porque esse formato tinha ficado marcado para as edições especiais e mini-séries de luxo, dando por encerrada a publicação de revistas mensais em formatinho. Foi um teste de receptividade para os quadrinhos de heróis que estavam atingindo níveis maiores de aceitação entre o público mais maduro desde a revolução causada por publicações como as Graphic Novels, Watchmen, Heróis Renascem, Batman - A Piada Mortal e eventos como a alardeada Morte do Super-Homem, chegando a matérias de jornais e sendo tratadas como fenômenos culturais.


Uma vantagem dos formatinhos era o preço mais acessível na época, como eram menores e reuniam várias histórias, dava para colecionar muita coisa diferente, pois saiam com um preço que, mesmo se todo o conteúdo da publicação não agradasse, não pesava demais no bolso de um mero colecionador ter um ou outro material menos legal, o restante compensava. E dava para ser bem diverso, cheguei a colecionar vários títulos mensalmente das duas editoras. A Abril tinha um esquema de publicação bem interessante, às vezes cortava seqüências inteiras para não passar do limite de páginas da revista ou editava a aparência de alguns personagens porque estava defasada na cronologia entre títulos diferentes, um exemplo claro foi durante a saga do Hulk separado do Banner e que era perseguido pelos Vingadores, na época James Rhodes era o Homem de Ferro, mas como ainda era Tony Stark que aparecia nas aventuras publicadas em outra revista, a saída da Abril era colorir a pele que aparecia pelo capacete com a cor branca. Divertido, contanto que não se importasse com essas discrepâncias.

Com o aumento do valor das revistas passando para a linha Premium, publicação mensal de luxo, ficou pesado colecionar algumas revistas mensais e tive que selecionar para não ficar caro demais e com isso também aumentou minha freqüência de visitas aos sebos para achar materiais legais a um precinho mais em conta do que nas bancas. E chegou a época das grandes mudanças, a Editora Abril terminou seu contrato de publicação da linha Marvel no Brasil, ficando a DC em suas mãos, por enquanto. A Panini chegou como a nova autorizada a publicar Marvel no país e chegou radicalmente com um ritmo mais ligado aos leitores, mais integrado, coisa que a Abril aos poucos havia deixado de lado se distanciando do contato com os leitores. Um marketing hostil das novas publicações Marvel da Panini imprensou a pobre DC na Abril iniciando uma curta guerra editorial, extinguindo a linha Premium da
Abril e voltando uma linha de formatinhos mais simples para tentar segurar os leitores. Durou pouco, logo depois a linha DC também começou a ser publicada pela Panini. Entretanto, o formatinho estava extinto definitivamente, o formato americano estava firmado nas bancas, não tem como negar que a qualidade das publicações Marvel e DC pela Panini era muito superior ao trabalho da Abril, o saldo foi positivo para os leitores, mas como nem tudo são flores, isso teve um custo maior para os que colecionam revistas mensais, edições maiores, mais bonitas e mais caras que pesaram mais no bolso. A Panini percebeu essa mudança para os leitores e lançou alguns títulos em formatos menores e preços mais acessíveis como Hulk & Demolidor, Quarteto Fantástico & Capitão Marvel e Marvel Apresenta.

Foi uma curta experiência e o formato americano continuou predominando. O grande problema de se colecionar mensais é que não somos como os americanos, cada herói tem seu título próprio publicado mensalmente em revistas de 28 páginas em média no exterior, aqui não tem mercado editorial para um ritmo desse porte e ficamos nos mixes de vários heróis ou vários títulos do mesmo herói em uma publicação, financeiramente é vantagem se levar em conta que um original americano custa em média 3,00 dólares com uma história e temos revistas com 3, 4 ou mais com um custo menor do que esse, só que quem gosta do Quarteto Fantástico pode não gostar dos Thunderbolts, quem gosta do Flash e Aquaman pode não gostar de Mulher Maravilha e Exterminador, é o gosto de cada um, mas se fizerem uma pesquisa verão que a percentagem dos leitores que gosta de todos os personagens da publicação é pequena. Agora uma tendência que vem se firmando já tem algum tempo está se tornando uma ótima alternativa: encadernados e publicações especiais reunindo sagas fechadas, como os bem sucedidos Demolidor, Monstro do Pântano e Deadpool, a linha Marvel Deluxe e outros especiais que vem sendo publicados, muito bom para quem não quer colecionar mensais de 3 ou 4 personagens gostando da metade deles passando a comprar os arcos fechados lançados posteriormente como Flash, Aquaman e Batman nos Novos 52 ou material clássico/contemporâneo na coleção MARVEL SALVAT e, futuramente, a DC da EAGLEMOSS que deverá chegar as bancas no ano que vem.


Mesmo com todos os percalços e deslizes editoriais da Panini e da Salvat, temos muito material bom a disposição juntamente com o destaque que os super-heróis estão tendo nos cinemas que está atraindo mais e mais leitores para as suas revistas, só que a balança continua pendendo entre os leitores que permanecem na coleção das mensais com suas várias sagas e os leitores que estão optando cada vez mais pelos encadernados que reúnem essas sagas. Como sou de origem mais humilde, estou migrando cada vez mais para os encadernados, e vocês?  

Por Giulianno de Lima Liberalli
Colaborador do Planeta Marvel/DC


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2 Comentários

  1. Eu fico tentando a migrar para os encadernados, mas é complicado porque há diversos fatores que ainda me deixam com uma pulga atrás da orelha. O primeiro é o preço. Grandes encadernados giram em torno de 50/60 reais. Não sei se o custo beneficio compensa para quem coleciona mensais, porque se você gasta 100 reais com mensais você compra em média 10 revistas (daquelas cuja faixa de preço gira em torno de 7,50 a 10 reais, dependendo do número de páginas), ou seja, 10 personagens diferentes para você explorar, ao invés de 2 nos encadernados.

    Também tem a questão da demora. O encadernado do flash (e demais encadernados dos novos 52), por exemplo, só saiu três anos depois que a mensal foi lançada aqui. Daí você já tem que esperar um ano de atraso que já tem para as editoras lá dos EUA e depois ainda espera mais três anos e acaba lendo uma história de 4 anos atrás. Não sou muito adepto de scans, mas nesse caso eu preferia ler por eles mesmo.

    A melhor saída que encontrei até o momento foi intercalar; comprar encadernados mais em conta online em lojas como saraiva e fnac (passo longe daqueles que custam mais de 30 reais, porque acabariam comprometendo o orçamento das mensais) e continuar acompanhando as mensais.

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    1. Oi, Edilton, beleza? Verdade, seu ponto de vista tem vários méritos, essa questão varia bastante da mentalidade e do poder aquisitivo de um colecionador para outro. Essa demora é inevitável para dar um espaço entre o lançamento das mensais e a futura compilação em encadernados, no momento estou entre analisar o rendimento das histórias para colecionar mensalmente e ficar esperando os encadernados aparecem com descontos e comprar, um exemplo é o do Flash - Seguindo em Frente, saiu a 29,90 e comprei na fnac por 21,50 com frete um mês depois do lançamento, aí virou bom negócio, outra situação é essa fase do Superman de Geoff Johns e Romita Jr. que vai começar a sair agora na revista mensal, vou apostar que vai sair encadernada em um futuro não muito distante e aí eu compro. Quanto aos scans, só corro atrás do que realmente não consigo adquirir, como The Walking Dead, a HQM parou a publicação no nº 36 sem previsão de volta, forçadamente parti para ler as scans e estou no nº 103, que levaria um tempão para ser publicada aqui nesse ritmo. Obrigado pelos comentários, abraços e volte sempre!

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