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Opinião do Planeta: Capitão América - Guerra Civil (Resenhas)

Capitão América – Guerra Civil se provou um sucesso de bilheteria em pouco tempo. Está na hora do Planeta Marvel/DC deixar suas impressões sobre o filme, e para isso, conto mais uma vez com nosso colaborador Giulianno de Lima Liberalli.



Opinião do Giulianno:
A Marvel alcançou um novo patamar com Capitão América – Guerra Civil levando uma das mais difíceis questões sobre o universo dos super-heróis às últimas consequências: As ações dos heróis são realmente benéficas ou apenas antecipam desastres maiores? Como o Secretário Ross mostrou no filme cada missão do grupo de super-humanos só levou a mais destruição e morte, mas se eles não tivessem agido quantos mais teriam morrido? O próprio mundo teria sido dominado ou destruído pelas mãos de forças alienígenas ou pelas mãos de organizações secretas. E se eles fossem controlados pelo governo como um grupo especial o resultado seria outro? Talvez sim, talvez não, só que são seres muito poderosos para ficarem sob o controle de interesses governamentais como os que o Capitão combateu em Soldado Invernal onde o inimigo estava escondido dentro da maior agência de segurança mundial, a SHIELD e sem sua intervenção milhares teriam morrido, porque uma inteligência artificial decidiu que seriam futuramente perigosos para a nova ordem mundial.

Com um roteiro sólido Guerra Civil empolga em adaptar a homônima saga de HQ em um único filme com um resultado bastante satisfatório e que continua a evolução da saga Marvel no cinema sem deixar a peteca cair, mostrando que é possível realizar um filme de ação com vários heróis em cena aproveitando todos sem deixar alguém de lado por algum furo de roteiro ou edição e nesse quesito os irmãos Russo marcaram pontos novamente. Mesmo que alguns tenham breves participações não deixam de ser marcantes. À bem da verdade para mim eu estava assistindo a Vingadores 2.5, claro que o principal elemento em cena era o Capitão América já que a trama gira em torno das ações dos Vingadores sobre o seu comando e o estopim para o confronto entre os heróis foi a questão do Soldado Invernal, mas o futuro da comunidade heroica era o centro das atenções. Como a crítica e as bilheterias mostram acertaram mais uma vez!


Chris Evans tem sua melhor interpretação como Capitão América até hoje, sua atuação não é mais do mesmo como acontece com muitos atores de filmes em série que não demonstram nenhuma evolução, seu Capitão está mais entregue e determinado aos seus ideais do que nunca e para comparar basta vermos Henry Cavill em Homem de Aço, ele não mudou nada de um filme para o outro continuando a mostrar um Superman alienígena pouco expressivo, e o que dizer de Downey Jr? Ele levou muito a sério a frase “Eu sou o Homem de Ferro” porque não tem como encaixar outra pessoa no personagem, ele brilha e domina a cena sempre que aparece com uma atuação marcante e enérgica, quase que roubando o filme para si e o confronto entre os dois que sutilmente se anunciava desde o primeiro Vingadores finalmente explode quando os dois aliados batalham até quase a morte em uma das melhores cenas do filme.

Apresentados no filme anterior, Visão e Feiticeira Escarlate também mostram sinais de evolução em seus personagens, particularmente gostei mais do Visão nesse filme, o personagem começa a demonstrar uma aproximação à humanidade, um interesse maior nas questões e dúvidas humanas e também deixa claro que parte dessa humanidade está atraída pela Feiticeira Escarlate, alguém pode culpa-lo por isso? Pantera Negra foi uma boa adição ao elenco, apesar de ter que ser rapidamente apresentado e partir para a ação não ficou vazio e desprovido de sentido, sua participação teve um porquê, um motivo e ficou muito legal, seu filme deverá ser outro sucesso na lista. Homem Formiga foi outro show, Paul Rudd está bem à vontade no papel e é responsável por alguns dos melhores momentos cômicos do filme e, mostrando que eles conhecem o terreno onde estão pisando, a transformação no Gigante arrepiou os fãs e, o que é melhor, ele lutou como Gigante, interagiu e destruiu, foi uma participação efetiva, um show.


Por falar em show tivemos o ponto alto do filme: A apresentação do novo Homem-Aranha, dessa vez pela Marvel e honrou o personagem nos quadrinhos: ágil, falastrão e piadista, era esse Homem-Aranha que não surgiu nos últimos filmes, seu lugar é na Marvel Studios e ponto final, nada de falatório sobre a sua origem, todos sabemos, só precisávamos da introdução certa, suas cenas com Tony Stark no Queens e o combate no aeroporto com o Capitão América valeram a espera, agora é esperar o novo filme para ver se temos razão. Só senti falta de um grande vilão na história, Zemo teve motivos para desencadear todo o conflito que causou, mas senti meio vazio, faltou um pouco de paixão ao personagem, as produções da Marvel estão um pouco carentes de vilões realmente aterrorizantes, espero que Thanos quebre essa linha de pensamento.

Concluindo, a Marvel mostrou que é possível trazer para as telas vários heróis e aproveitar todos em cena, contar uma boa história e deixar os fãs felizes. Contagem regressiva para a Guerra Infinita, Thanos e o que promete ser o maior quebra pau nas telas e a maior quebra de recordes de bilheteria, a ansiedade só aumenta...

Opinião do Roger:
Pra começar, preciso dizer que a Marvel tem a seu favor um universo cinematográfico já estabelecido, o que ajuda bastante. Capitão América: Guerra Civil teve a difícil missão de adaptar uma das grandes sagas dos quadrinhos e ainda assim, ser uma sequência de Capitão América: Soldado Invernal. Em minha opinião, o filme conseguiu fazer isso, trabalhando o lado “Guerra Civil” na primeira metade e o lado “Capitão América/Soldado Invernal” na segunda metade.

As referências das HQs, como sempre, estão lá. A cena da mãe do menino que morreu acusando Tony Stark, Steve/Sharon, Visão/Wanda, Homem-Formiga na flecha do Gavião Arqueiro, Visão vestido com pullover, bom uso dos poderes dos heróis, algumas cenas clássicas. Achei que o estopim para o Tratado de Sokóvia foi bem explorado logo no início com o incidente dos Novos Vingadores enfrentando o Ossos Cruzados (nas HQs foi a explosão na escola, no filme temos o atentado à missão de paz de Wakanda). Ajudou a dar mais peso ao motivo da intervenção governamental, e ainda criou um bom motivo para a participação do Pantera Negra, que aliás, foi fantástica. Dá para imaginar o Pantera Negra escrito na fase de Reginald Hudlin, um verdadeiro regente. As questões levantadas para referenciar Guerra Civil foram bem construídas, e mais uma vez, o fato do Universo Cinematográfico da Marvel já estar em funcionamento há um tempo, ajudou. Ao mesmo tempo, o roteiro nunca deixa de lado que se trata de um filme do Capitão América em busca da redenção de Bucky.


As cenas de luta foram empolgantes, e a participação do Scott Lang na cena do aeroporto foi demais. Não imaginei que fosse acontecer algo parecido. Aliás, a cena de luta no aeroporto foi muito bem construída e entregou o que se esperava dentro das limitações da quantidade de heróis envolvidos. Ao invés da morte do Golias (nas HQs), temos o grave incidente com o Máquina de Combate (não me lembro se ele ainda é chamado de Máquina de Combate nos filmes...).

A apresentação do Homem-Aranha ficou muito boa, mostrando bem a essência do herói, falador, brincalhão, ágil e muito forte. Por falar nisso, a introdução do Pantera Negra e do Homem-Aranha deixou bem claro para mim, o forte controle que os produtores da Marvel exercem em seus filmes. Enquanto assistia o filme, cheguei a pensar: “Os diretores dos filmes solos desses dois heróis precisarão seguir o que foi estabelecido aqui para esses personagens, principalmente em termos de personalidade”. Enfim, isso não chega a ser um ponto negativo, apenas uma constatação.


O desenvolvimento e tempo de tela dos heróis ficaram muito bons, embora, mesmo que não ficasse não teria problemas, pois é um filme do Capitão América e não dos Vingadores. De qualquer forma, o filme equilibra bem a participação dos Vingadores. Gostei também do equilíbrio no tom do filme, com relação à ação, drama e humor. Dessa vez, vi um Homem de Ferro/Tony Stark bem melhor (gostaria de ter visto ele dessa forma em Homem de Ferro 3). E por falar em Homem de Ferro, já era de se esperar que ele teria uma participação maior do que os outros heróis. Chegou um momento em que achei que o nome do filme poderia ser Capitão América e Homem de Ferro.

Mas agora chegou o momento de citar algumas coisas que não gostei tanto assim. E começo com o vilão. Sim, eu sou um leitor das antigas e até certo ponto conservador, então, fica claro que não gostei do Zemo (assim como não gostei do Mandarim em Homem de Ferro 3). Tudo bem, os diretores tem seus méritos ao fazer referências às HQs, em duas coisas que eu pude notar com relação ao vilão. Referência ao vilão Dr. Faustus que faz uso de palavras-chave para induzir a mente das pessoas (ele fez isso em tempos mais recentes com Sharon Carter na fase de Ed Brubaker na revista do Capitão América). No filme, Zemo aplica esse método quando está com o Soldado Invernal. E há outra referência do próprio Zemo tentando incriminar Bucky por seus “crimes” como Soldado Invernal já na fase final de Brubaker nos quadrinhos. Mesmo assim, não é o Zemo (nem o Heinrich, nem seu filho Helmut). A motivação confere, mas o personagem em si não.

Também achei a reação de Tony Stark no final do filme, quando soube da morte de seus pais um pouco exagerada. A relação entre eles não foi construída de uma forma tão afetuosa assim a ponto dele ter a reação que teve. Tudo bem, estamos falando sobre a morte dos próprios pais, mas a construção nos filmes anteriores não leva a isso. A mesma coisa aconteceu quando vi a forma como foi mostrada a relação de amizade entre Steve e Bucky em Soldado Invernal. Assisti várias vezes o primeiro Capitão América e não cheguei a ficar com a impressão de uma amizade tão forte como foi mostrado no segundo filme. São situações de certa forma incoerentes para mim.


O “recrutamento” ou “ajuntamento” por parte do Time Capitão ficou um pouco corrido demais, embora a explicação esteja lá. Mas, o “recrutamento” do Homem-Aranha ficou meio incoerente. Àquela altura, Tony Stark já defendia o Tratado de Sokóvia e estava convencido de seus motivos, então, não vejo como ele poderia recrutar um adolescente que só estava na ativa há uns seis meses. E por falar em Homem-Aranha, eu entendo perfeitamente que a diferença de idade entre Peter e a Tia May deve ser algo apresentado no filme com a apresentação da Marisa Tomei. Confesso que nas HQs, a Tia May parecia mais a avó do Peter do que sua tia (pela idade). No universo Ultimate, Brian Bendis tentou dar uma “arrumada” nessa questão, apresentando uma Tia May um pouco mais jovem, Mas a Tia May do universo cinematográfico ficou jovem mesmo. Eu sei que a atriz já tem mais de 50 anos, mas ela está bem jovial nas telas. OK, não é nada tão sério assim.

No final das contas, espero que os futuros filmes da Marvel mantenham esse tom mais equilibrado. Seja nos filmes do Pantera Negra, Dr. Estranho, Capitã Marvel e os próximos Vingadores. Abro uma exceção para Guardiões da Galáxia e Homem-Aranha, pois a própria essência deles nos quadrinhos são calcados no humor, embora no caso do Aranha, o drama não pode ser deixado de lado. Gostei bastante do filme, embora não a ponto de considerar o melhor filme da Marvel, afinal não esqueço do impacto de ver o primeiro Homem de Ferro e primeiro Vingadores, além de ficar surpreso ao ver a “seriedade” apresentada em Soldado Invernal. Mesmo assim, superou minhas expectativas.






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5 Comentários

  1. Giulianno Liberalli22 de maio de 2016 às 17:46

    É, Roger, se Homem de Ferro 3 tivesse essa firmeza teria sido um filme bem melhor mesmo, porém acho que o problema é que os idealizadores do filme na época tinham em mente aventura e não algo mais profundo e sombrio como as produções que se seguiram mostraram. E como havia muita informação para se processar em um filme apenas é que deu esse ar de correria para os acontecimentos, senão o filme teria que ser em duas partes. Realmente a Tia May sempre pareceu Vovó May, mas como o Aranha está na adolescência não fica tão estranho uma tia mais conservada, certo que não precisava parecer tão nova a ponto de render piadinhas do Tony Stark, pessoalmente aprovei a mudança. Quanto a revelação da morte dos pais do Tony, para mim ele sempre foi o tipo do cara que tenta refrear as emoções ao máximo como homem de negócios, só que ficar cara a cara com o assassino dos seus pais é o estopim para a ira de qualquer um. Mesmo com tudo isso é um dos melhores filmes até agora, não o melhor, mas chegou perto.

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    1. Às vezes ainda assisto os trailers do Homem de Ferro 3, e fico com a impressão de que se o filme seguisse aquele tom, estaria no meu top 5 dos filmes da Marvel Studios sem dúvida, mas concordo com você sobre o tom mais aventuresco. Sim, o Bendis já havia mostrado sua visão sobre uma tia May mais jovem, em Ultimate Spider-Man, o que faz mais sentido. Eu entendo perfeitamente a reação do Tony à morte de seus pais, só que achei que a construção não foi muito boa. Ficou parecido com a amizade entre o Steve e o Bucky. Assistindo novamente o primeiro Capitão América, não me passa a sensação de uma amizade tão íntima e estreita como a que apareceu no Guerra Civil, ou até mesmo em Soldado Invernal. Tanto é que, em Soldado Invernal, tiveram que mostrar flashbacks entre a amizade dos dois durante os anos 40, que não apareciam no primeiro Capitão. É a coisa da construção mesmo.

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  2. Giulianno, eu também brincava dizendo que estava na expectativa de ver o Vingadores 2.5...rs. Dessa vez, vi uma grande atuação do Downey Jr, ele mostrou que o Tony brincalhão sempre estará lá, mas acabei vendo o Tony Stark mais sério até agora, mais ou menos como eu gostaria de ter visto em Homem de Ferro 3. O que você achou das convocações dos dois "times"? Achei um pouco corrido (o que é até compreensível), mas será que o Peter Parker não é muito jovem demais para ser levado a um embate tão sério? Ou será que eu perdi alguma explicação sobre o motivo do Tony ter recrutado o Aranha? No começo também estranhei um pouco a presença do Homem-Formiga no "time Cap", já que no seu filme solo ele se esforçou tanto em fazer parte dos "mocinhos"... mas até tentei entender que ele admirava o Capitão, etc, além do que, não queria ficar só procurando defeitos, afinal qualquer filme vai ter, independente do gênero. De qualquer forma, me divertiu e eu gostei.

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    1. Giulianno Liberalli23 de maio de 2016 às 17:49

      Roger, a principal função de um filme é entreter e divertir e foi isso que Guerra Civil conseguiu fazer, correspondeu às expectativas da grande maioria dos fãs trazendo quase tudo o que a Marvel tem de melhor das HQs para as telas, coisa que anos atrás julgavam ser impossível. Não havia muito tempo para desenvolver a questão do recrutamento dos times para a batalha, só isso já consumiria mais tempo de exibição ainda, seria quase um Senhor dos Anéis da Marvel fora que o custo ficaria bem mais elevado ainda. Para mim o Homem Formiga entrou nessa por que ele queria estar entre os grandes, fazer parte de um time e como ex-presidiário ele sabe o que é estar debaixo das garras do sistema, é um rebelde por natureza e não gostaria de ser controlado futuramente pelo governo, deve ter sido esse o argumento. Agora o Aranha, Stark mediu o poder, não a idade, haja visto que ele quase derrotou o Capitão e teria derrotado se fosse mais experiente e calmo no uso das suas habilidades e houve uma clara manipulação de Stark para convencê-lo, mostrando que o seu segredo não estaria mais a salvo se ele não tomasse uma decisão. E Downey Jr mostrou que tem fôlego para mais filmes como Homem de Ferro, assim como Chris Evans, não veria problema se eles continuassem nos papéis além de Guerra Infinita.

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    2. Muito boas as suas observações sobre o Homem-Formiga e o Homem-Aranha. Não tinha me atentado para esses pontos, e concordo com você Giulianno. Por isso eu gosto dessas conversas, para clarear e ampliar as ideias. Além disso, você disse uma coisa que eu sempre me apeguei e estava deixando um pouco para trás sem me aperceber - filmes com nossos heróis preferidos há alguns atrás seria algo inconcebível. Ver em live action esses personagens é algo a ser levado em consideração sempre.

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