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Colaboradores do Planeta Especial: A Piada que Não Envelhece

Continuando nossa humilde celebração de um ano de colaborações do Giulianno de Lima Liberalli, ele nos brinda com uma das maiores e mais impactantes obras dos anos 1980. Prepare-se para uma viagem ao centro de uma mente imprevisível.



Antes de mais nada, gostaria de dizer que esse artigo é um agradecimento à recepção que tive aqui no blog, estou completando um ano de colaboração nesse mês de junho de 2016. Adoro HQs e quase todas as suas mídias derivadas, essa recente onda de sucesso nos cinemas só me fez ter certeza que esse é um filão de ideias praticamente inesgotáveis que pode alcançar e estimular a todos os níveis de arte, agradar a quase todos os níveis de audiência, seja das mais básicas às mais intelectuais, acredito que não houve uma época como essa aonde os heróis ocuparam tamanho espaço de destaque em todas as plataformas de comunicação.

E para comemorar esse primeiro ano, decidi revisitar um velho conhecido nosso, objeto do primeiro texto que escrevi dedicado ao blog: O Coringa. Mas é por um motivo especial, muito especial, Batman - A Piada Mortal ganha sua primeira versão animada que vai estrear em agosto desse ano na forma de um longa metragem destinado a audiência mais madura, como a adaptação animada de Cavaleiro das Trevas, trazendo os talentos de Kevin Conroy
e Mark Hammil dublando respectivamente Batman e o Coringa emprestando novamente suas já consagradas vozes para essa empreitada de grande responsabilidade: dar vida àquela que é considerada uma das maiores HQs já feitas sobre o Batman e a origem definitiva do Palhaço do Crime.

Depois do mundo das HQs ter sido sacudido com a chegada de Batman – O Cavaleiro das Trevas, A Queda de Murdock (Daredevil: Born Again) e Watchmen, obras que completam 30 anos de publicação, trabalhos ousados e revolucionários das mentes geniais de Frank Miller, Alan Moore, Brian Bolland, David Mazzuchelli e Klaus Janson, mostrando que as HQs poderiam ser direcionadas para o público mais adulto colocando os heróis de maneira mais sombria e com menos, bem menos, daquela temática infanto-juvenil que marcou boa parte da história das histórias em quadrinhos foi lançada em 1988 A Piada Mortal, a HQ sobre a origem do maior inimigo do Batman e uma viagem de horror pela mente psicótica de um homem e o seu passado trágico consagrando essa nova era dos quadrinhos.

A história se inicia em uma chuvosa e fria noite em Gotham City com uma visita do Batman ao Asilo Arkham, para tentar dar mais uma chance de reabilitação para o Coringa, uma última tentativa de resgatar o homem preso dentro do psicopata, apenas para descobrir que ele conseguiu fugir mais uma vez e está à solta na cidade representando um perigo para qualquer um que se coloque no seu caminho. Batman concentra seus esforços para localizar o vilão enquanto ele arruma o palco para mais uma das suas loucuras mortais raptando o Comissário Gordon e aleijando Bárbara Gordon fria e cruelmente com um tiro na espinha. Ele monta um circo de horrores e aberrações para quebrar o espírito de Gordon com tortura e terror psicológico exibindo fotos de sua filha nua, humilhada e baleada em um macabro trem fantasma. Ainda envia um convite para o Batman ir ao seu encontro como convidado especial da sua ópera à insanidade convocando o Cavaleiro das Trevas para um combate final.

A história é entremeada com flashbacks mostrando o passado do Coringa, um fracassado comediante que aceita participar de um roubo na indústria química aonde trabalhou para tentar dar uma vida melhor para sua esposa grávida, morta na noite antes do assalto em um acidente doméstico. Tentado a desistir por causa da morte da esposa, não consegue por ter se comprometido com os outros assaltantes que não aceitaram sua recusa e na noite do crime tudo dá errado, colocam nele o traje de um bandido da época, o Capuz Vermelho, para tentar despistar a polícia só que a fábrica não estava desprotegida e ele acaba encarando a polícia e um Batman em início de carreira, no desespero da fuga cai nos produtos químicos e desaparece das vistas de todos. O acidente desfigura seu rosto e sua pele arruinando sua sanidade para sempre dando origem ao mais carismático e perigoso vilão dos quadrinhos. O texto de Alan Moore é soturno, marcante, criando diálogos inesquecíveis como a visita do Batman ao Asilo, a conversa da Bárbara e do Comissário pouco antes do ataque do Coringa
, quando Batman vai ver Bárbara no hospital, o monólogo do Coringa sobre a fragilidade do homem e o confronto entre eles no final enquanto o Coringa questiona suas motivações para ser um vigilante. Somado a isso temos a arte de Brian Bolland, famoso por Camelot 3000, Juiz Dredd e inúmeras outras contribuições para os quadrinhos, que criou o clima exato para o texto de Moore com imagens impactantes como o momento que Gordon observa a filha baleada, o pânico de Bárbara temendo pela vida do pai no hospital, os flashbacks do Coringa e algumas das expressões mais perturbadoras já feitas para um vilão de quadrinhos, destaque para a primeira vez que o Coringa dá sua gargalhada macabra.

É famosa a qualidade das animações baseadas nos quadrinhos da DC Comics, vindo de uma série de sucessos como Liga da Justiça, Liga da Justiça Sem Limites e Batman – A Série Animada, só podemos ter boas expectativas na estreia dessa adaptação daquela que é considerada a melhor história já feita sobre a eterna luta entre Batman e Coringa, porém um mistério sobre a Piada Mortal nunca foi devidamente esclarecido: O que realmente acontece no final? Algumas teorias da conspiração dizem que Batman finalmente mata o palhaço e que a onomatopeia da sirene da polícia seria o grito final do Coringa. Absurdo? Será mesmo? Eu prefiro o mistério que o final deixa em aberto na piada contada pelo Coringa, uma piada mortal.


“Como duas pessoas que não se conhecem podem se odiar tanto?” – Batman

“Você teve um dia ruim uma vez, não é? Eu sei como é, a gente tem um dia ruim e tudo muda. Senão, porque você se vestiria como um rato voador?” – Coringa.

Por Giulianno de Lima Liberalli
Colaborador do Planeta Marvel/DC


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2 Comentários

  1. Cavaleiro das Trevas e Watchmen são quase que obrigatórios, mas você também relembrou outro titulo que deve entrar nessa proposta de uma história mais séria e adulta, que foi o Born Again, muito bem lembrado. Sobre a Piada Mortal, eu me lembro que na época em li pela primeira vez, em 1988, fiquei com dúvida sobre o destino do Coringa, se ele tinha morrido ou não, e ficar sem saber uma resposta definitiva dava um "sabor" especial. E também eu comparava o que aconteceu com o Coringa antes dele se transformar no Palhaço do Crime, com o que aconteceu com o Gordon. Para mim, era como se o Gordon estivesse respondendo ao Coringa que, por maior que seja o sofrimento, era possível manter a integridade. Bom, falando no Coringa, o que você achou sobre a existência de três Coringas, Giulianno?

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  2. Roger, nessa situação a resistência de Gordon aos ataques do Coringa foram justamente para mostrar que a fraqueza estava no indivíduo, não no ser humano. O policial mostra que pode superar grandes traumas e enfrentar as situações com mente fria e controlada. Tanto que ele fala para o Batman antes de enfrentar o Coringa: "Temos que mostrar para ele que do nosso jeito funciona". Quanto a três Coringas... Honestamente não gostei muito disso, o Coringa é algo tão sólido, único, essas tentativas de criar uma nova história para ele podem ser mais prejudiciais do que benéficas à essência do personagem.

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