A literatura ocupa
uma parte importante do Planeta Marvel/DC. Nosso colaborador Giulianno de Lima Liberalli deixa suas impressões e
experiências de leitura sobre essa obra.
Quando adquiri o
livro Os Últimos Dias de Krypton, de Kevin J. Anderson, fiquei com um certo
receio do que iria encontrar ao começar a leitura afinal falar sobre Krypton
poderia ser algo entediante levando em consideração que não é uma história
sobre super-heróis, mas sobre a civilização natal do Superman, sobre o seu
planeta e os seus costumes sem super poderes envolvidos ou grandes ameaças
típicas do universo dos heróis da DC e qual não foi minha surpresa em descobrir
que era uma história envolvente sobre os últimos tempos de vida de uma antiga e
idílica civilização à beira da extinção?
O autor que tem mais
de 20 milhões de livros vendidos no mundo todo, tendo no currículo Dune, Star Wars
e X-Files, mostra nessa obra uma visão envolvente da cultura kryptoniana, da
raça futurística nos seus momentos finais, o desespero do futuro pai do
Superman, Jor-El, em tentar salvar seu mundo e a sua família da destruição
enfrentando a falta de visão dos seus compatriotas e os esquemas malignos do
perigoso Zod, auxiliado pelo gigante mudo Nam-Ek e pela bela e perigosa
Aethyr-Ka, cuja maldade consegue alterar toda vida do planeta moribundo.
O tempo de história
da narrativa é de cerca de um ano antes do nascimento de Kal-El e a extinção do
planeta. Jor-El e seu irmão Zor-El são os maiores cientistas do planeta. Zor-El
e sua esposa Alura são os administradores de Argo City, uma das mais belas
cidades de Krypton composta por artistas e pescadores, Alura é especialista em
botânica e Zor-El cuida de toda a estrutura da cidade com atenção e orgulho da
sua população. Mas fenômenos naturais incomuns começam a ocorrer e Zor-El
inicia pesquisas geológicas no planeta com conclusões alarmantes.

Enquanto Zor-El
examina o planeta, Jor-El volta sua atenção para Rao, o sol de Krypton, cujo
comportamento também começa a dar sinais de mudança se revelando uma ameaça
ainda maior para os kryptonianos. Ambos os cientistas buscam apoio no Conselho
de Krypton localizado em Kandor para conseguirem auxílio a fim de evitar a
grande catástrofe que se aproxima, porém o Conselho é composto por pessoas
obtusas e de caráter descrente às perigosas afirmações dos dois irmãos, tanto
que seus apelos se mostram ineficazes e ambos decidem seguir por sua própria
conta e risco na busca por provas de que estão certos.
Assistindo a tudo
isso nos bastidores e buscando as melhores oportunidades de conseguir vantagens
está Zod, o Comissário Zod, responsável pela análise e confisco de qualquer material
que se mostre perigoso para a sociedade kryptoniana, sempre observando de perto
as fantásticas invenções de Jor-El, sob essa alegação ele monta um perigoso
esquema para alcançar o posto de poder que há tanto tempo deseja. Até que a
inesperada visita de um ser alienígena se torna o ponto de partida para os seus
planos de conquista e poder. Em meio a tudo isso, assistimos o início do
relacionamento de Jor-El e Lara, filha de uma família de grandes artistas e que
começa a nutrir sentimentos pelo grande cientista.
A saga é contada de
maneira ágil e envolvente, temos a visão de que Krypton é um planeta que, sob
muitos aspectos, se assemelha a uma Terra de um possível futuro aonde seu povo
já obteve quase todas as conquistas possíveis, vivendo seus dias de maneira
desapaixonada, desprovida das ambições de busca por mais conhecimento fora do
seu sistema solar, decisão essa tomada em parte devido a uma passagem negra de
sua história que os fez abandonar as viagens espaciais e os planos de migrar a
raça kryptoniana pelas 28 galáxias conhecidas e conhecer seus irmãos das
estrelas. Percebe-se que o autor tem um grande apreço pela mitologia do
Superman e do universo DC inserindo referências e citações que os fãs da
editora facilmente reconhecerão durante a leitura, como a Zona Fantasma,
Brainiac e o triste destino da cidade de Kandor. Vale muito a pena conhecer os
últimos não tão gloriosos tempos da existência do povo que viria a dar para a
Terra o seu maior super-herói, o Superman, a sua mensagem de que se nós não
prestarmos mais atenção ao nosso planeta, não cuidarmos mais da sua natureza,
cessar o abuso de seus recursos naturais sem cuidados e refrear a ambição cega
e desmedida dos nossos governantes, poderemos ter um destino trágico, tanto
quanto ou pior do que os avançados kryptonianos.

Por Giulianno de Lima Liberalli