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MARVELS – Quem está preparado para um mundo repleto de Maravilhas?

Imagine presenciar o surgimento de maravilhas que antes certamente seriam consideradas impossíveis. Tudo isso através dos olhos e das lentes do repórter fotográfico Phil Sheldon, testemunhando o nascimento do universo Marvel, da primeira aparição do Tocha Humana original até o fatídico dia da morte de Gwen Stacy pelas mãos do Duende Verde, talvez o momento mais marcante da carreira heroica do Homem-Aranha.
Um divisor de águas visual, que mudaria para sempre os limites entre o real e a ficção nas histórias em quadrinhos.
Assim é Marvels.
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Mas vamos falar sobre o trabalho do roteirista da série. O esforço da pesquisa de Kurt Busiek é primoroso. Ele montou uma linha cronológica de acontecimentos importantes envolvendo os Vingadores, X-Men, Capitão América, Hulk, Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha, assim como outros personagens importantes da Casa das Ideias, construindo assim um quebra cabeças que ficara flutuando à deriva por anos na mente das fãs da editora. Mas coletando esses eventos e reunindo-os, ele soube dizer exatamente onde e quando cada personagem estava e o que estava fazendo durante determinado evento, juntando uma colcha de retalhos que tornou crível o desenrolar das histórias e a interação dos personagens desde os primórdios geniais de Stan Lee e Jack Kirby até o momento que escolheu para fechar sua trama.
Mas, se o roteiro inteligente e extremamente bem estruturado já concedia à história enorme credibilidade, imagine o que acontece quando as pinturas de Alex Ross se fundem a esse quebra cabeças?  É a perfeita transposição da fantasia para o mundo real; sem importar o quão improváveis fossem as situações e os poderes dos personagens envolvidos… estava acontecendo ali, bem diante de seus olhos.
Era real.
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Embora seja tida como uma das histórias mais clássicas e emblemáticas da Marvel das últimas décadas, este resenhista desde sempre envolvido no universo dos quadrinhos, ainda não havia lido a citada história, tendo tido contato apenas com a arte de Alex Ross em seu trabalho na concorrência, com O Reino do Amanhã (outro clássico) e Justiça, além de alguns outros trabalhos adicionais na DC Comics.  Mas sempre ouvi  falar muito de Marvels. E de alguma forma, mesmo sem lê-la, eu sabia que era importante, fazia parte de tudo aquilo que eu gostava. De alguma forma, esteve presente na minha trajetória de fã de quadrinhos.
Não sei porque nunca li Marvels antes, embora quisesse muito. Existem coisas que crescem conosco, existem em nosso inconsciente, fazem parte de nosso universo particular mas não se mostram ou não chegam diretamente para nós.
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Outro exemplo interessante disso é que só recentemente, com as republicações da Panini em suas edições definitivas, pude ter o prazer de ler a série Sandman de Neil Gaiman, embora sempre tivesse ouvido falar dela constantemente. O trabalho de Gaiman no personagem me soa tão familiar, que é como se eu sempre estivesse ali, mesmo sem nunca ter lido nenhuma edição.
E assim é com Marvels.
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Muitas vezes o leitor de quadrinhos acompanha uma determinada ou determinadas séries por tantos anos, que acaba se tornando “íntimo” dos personagens, é quase como se o conhecessem, como se pudessem um dia encontrar com eles na rua. Bem, com Marvels, isso é literalmente colocado no papel.
A história é fantástica e merece seu título de clássico eterno por vários motivos óbvios; um enredo bem construído, as imagens realistas e a bela caracterização dos personagens… mas ela ainda tem algo a mais. Porque Marvels não se contenta em ser apenas mais uma história… ela remonta e reconta várias histórias, nos faz reviver alguns dos melhores momentos da história da Marvel, de uma perspectiva nunca antes vista.  É extremamente prazeroso revisitar esses momentos chave, que em muitas vezes definiram os personagens e os tornaram as lendas que são.
Eu realmente não sei porque nunca li Marvels antes, em todos esses anos de fã de quadrinhos. Mas, após ler o encadernado com a história completa numa tacada só, posso dizer que sinto a mesma coisa que aconteceu quando finalmente li Sandman e provavelmente vou sentir quando ler os grandes clássicos do passado dos quais sempre ouvi falar mas nunca cheguei a por os olhos. Nesses mágicos casos, é como se a história sempre estivesse ali, de alguma forma, comigo. É uma inevitável sensação de deja vu, acompanhada de uma identificação imediata. Para os verdadeiro fãs de quadrinhos, essa é a maior das recompensas.
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Sabe, acho que talvez seja essa sensação, leve e agradável… a sensação de chegar em um lugar completamente novo mas que ao mesmo tempo é uma espécie de retorno ao lar, que faça com que os verdadeiros clássicos sejam eternos.
E assim é com Marvels.

Fonte: O Santuário

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2 Comentários

  1. essa colcha de retalhos como diz no texto que o Busiek costurou foi sensacional mesmo!!e arte do Ross nem se fala!bom o cara é Mestre!! Marcos Punch.

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    1. Marvels é um clássico que merece estar na estante de todo bom colecionador. Uma leitura que não requer nenhum conhecimento profundo da cronologia, e ainda traz a arte suprema de Alex Ross conforme você já disse.

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