Novos 52: Kid Flash

Após o reboot de 2011 da DC Comics, que culminou nos Novos 52, a cronologia de (quase) todos os heróis foi zerada. Com isso, o Flash possui apenas 5 anos de carreira, e seria muito cedo para estar atrelado a um parceiro mirim. Mas a DC não gostaria de perder um personagem tão rico e carismático quanto Bart Allen, afinal, eles já estavam perdendo Wally West. Assim, o Kid Flash foi introduzido na revista dos Novos Titãs, sem nenhuma ligação com o Flash, exceto os poderes.

Espírito Adolescente

Roteiro: Scott Lobdell
Desenhos: Brett Booth
Arte-final: Norm Rapmund
Cores: Andrew Dalhouse
Editor original: Bobbie Chase
Publicação original: Teen Titans v.4 #1 a #7 (novembro de 2011 a maio de 2012)
Publicação nacional: Novos Titãs & Superboy #1 a #7 (junho de 2012 a fevereiro de 2013) – Panini Comics

Felizmente, Bart Allen é um dos principais personagens desta nova equipe, e ganha bastante destaque nestas primeiras histórias. Ele é o primeiro personagem que aparece na edição de estreia, com Scott Lobdell já mostrando que pretende usar a personalidade impulsiva típica de quando ele era o Impulso, na série da Justiça Jovem (“Young Justice v.1” – 1998-2003). Porém, a referência não é totalmente aplicável, pois o Impulso daquela época era uma criança, sua impulsividade era utilizada de um jeito bastante infantil. Aqui, Bart é um adolescente, e sua impulsividade é utilizada de maneira muito mais inconsequente, egoísta e pedante.

Nesta primeira cena, por exemplo, Bart invade um incêndio que estava sendo controlado pelos bombeiros e acaba provocando uma explosão, mas não sem antes roubar o microfone de uma jornalista e se exibir para a câmera. Por causa disso, ele acaba sendo capturado pela Momentum, uma organização que está caçando adolescentes meta-humanos, e preso junto com Danny, a Rua, e Solstício.

A fuga de Bart da instalação onde estava preso proporciona uma excelente página dupla, que consegue representar muito bem a sua velocidade, mostrando-o em vários lugares ao mesmo tempo sem perder o sentido da narrativa. Assim, Kid Flash, Solstício e Danny, a Rua, juntam-se a Robin Vermelho, Moça-Maravilha, Casamata e Rastejadora para formar pela primeira vez os Novos Titãs, com o objetivo de combater a Momentum. Mas seu primeiro desafio acaba sendo contra o Superboy, que estava trabalhando para a Momentum na época.

Na luta contra o Superboy, novamente Bart age impulsivamente, ignorando as ordens do Robin Vermelho, e enchendo o clone de porrada em supervelocidade. Mas Superboy usa seus poderes para afastar e acelerar psionicamente o corpo do Kid Flash, forçando a Moça-Maravilha a chutá-lo para longe, removendo a influência do Superboy.

Por causa desse ataque do Superboy, os poderes do Kid Flash começam a ficar descontrolados, e Robin Vermelho o leva até Virgil Hawkins (o herói Superchoque), nos Laboratórios STAR. Virgil constrói um uniforme que mantém o corpo de Bart coeso, evitando que seus poderes se descontrolem novamente. Resolvido este problema, Bart ajuda os Titãs a salvarem o Superboy da Momentum e encontram pela primeira vez o líder da organização, chamado Colheita.

Também é preciso comentar o uniforme do Kid Flash, que vai evoluindo ao longo desse arco, e proporciona alguns momentos engraçados. No início da história, ele usa um uniforme muito caseiro, com roupas comuns e um raio na camisa que lembram bastante o uniforme tradicional de Wally West quando foi Kid Flash, completando com óculos de natação, joelheiras e cotoveleiras. Depois da explosão do incêndio e da fuga da prisão da Momentum, esse uniforme fica completamente rasgado, e Bart pega um uniforme antigo do Robin Vermelho, substituindo apenas o “R” do peito por um raio e adicionando um óculos especial. Por fim, o uniforme feito por Virgil Hawkins lembra esse uniforme original do Kid Flash, mas adiciona detalhes e elementos típicos dos uniformes dos Novos 52. O uniforme não é feio, o ponto mais polêmico dele era a abertura superior do capuz, que na primeira imagem de divulgação formava um moicano no cabelo do Bart. Felizmente, no interior da revista esta abertura ficou mais larga, removendo esta estranheza.

Quanto à origem do Kid Flash nesta nova cronologia, assim que Bart encontra Tim Drake pela primeira vez, este lhe pergunta sobre como ele conseguiu seus poderes. Allen responde que suas memórias começam seis meses atrás, com ele em um orfanato sem lembrar de nada e já com superpoderes. A detetive Jocelyn Lure, que estranhamente sabe falar Interlac, reconhece Bart Allen como um criminoso com uma longa ficha em um banco de dados aparentemente futurista, mas não são dadas maiores explicações.

A Seleção

Roteiro: Scott Lobdell, Tom DeFalco
Desenhos: Brett Booth, Ig Guara, R. B. Silva, Aaron Kuder e Pete Woods
Arte-final: Norm Rapmund, JP Mayer, Sal Regla, Marlo Alquiza, John Livesay, Rob Lean, Iban Coello e Pete Woods
Cores: Andrew Dalhouse, Lee Loughridge, Richard Horie, Tanya Horie, Hi-Fi e Brad Anderson
Editor original: Bobbie Chase, Chris Conroy e Brian Cunningham
Publicação original: Teen Titans v.4 #8 a #10, Teen Titans Annual #1, Superboy #8 e #9, Legion Lost #8 e #9 (junho de 2012 a agosto de 2012)
Publicação nacional: Novos Titãs v.3 #1 e #2 (junho e agosto de 2013) – Panini Comics

Em um crossover triplo, com Superboy e a Legião Perdida, os Novos Titãs veem-se presos pela Momentum, e forçados a lutar por suas vidas contra outros adolescentes meta-humanos. Kid Flash sofre uma tortura psíquica nas mãos de Agouro, que dá mais pistas sobre a origem do personagem. Agouro diz que alguém “teceu uma tapeçaria” na mente dele, e o veste com um uniforme padrão dos prisioneiros da Momentum (extremamente inspirado em Tron). Não é explicado como esse novo uniforme contém os poderes dele, como o outro, mas é possível que eles tenham alterado o seu próprio uniforme, mantendo assim as suas características.

Outra pista sobre a origem do Kid Flash é dada por Lobo Cinzento, da Legião Perdida. Ele ataca Bart quando reconhece seu cheiro, dizendo não saber como ele escapou para este período temporal, e que muita gente morreu por causa de suas ações. Ele é salvo por Tellus, que diz para ele esquecer o passado e se concentrar no seu futuro. Por todas essas pistas já podemos deduzir que Bart é um viajante do tempo vindo do futuro, assim como era no pré-reboot. Mas alguma coisa em seu passado é diferente da sua origem anterior. Ele cometeu crimes no futuro e alguém apagou sua mente quando ele veio (ou foi enviado) para o presente.

Durante a longa batalha contra Colheita e seus capangas, Kid Flash finalmente consegue ser um pouco menos impulsivo e aprende a trabalhar melhor em equipe. Ao escaparem, os Titãs se veem perdidos em uma ilha de dinossauros. E é lá que acontece uma importante mudança para Bart, quando ele declara seu amor por Solstício e os dois começam a namorar. Bart já tinha tido uma namorada em sua série regular como Impulso, mas novamente aqui isso é tratado de maneira muito mais maliciosa, bastante diferente do Bart infantilizado de antes.

Quando os dinossauros andavam pela Terra

Roteiro: Fabian Nicieza
Arte: Jorge Jiménez
Cores: Brad Anderson e Guy Major
Editor original: Eddie Berganza
Publicação original: Teen Titans v.4 #11 e #12 (backups) e DC Universe Presents #12 (setembro e outubro de 2012)
Publicação nacional: Novos Titãs v.3 #2 (agosto de 2013) – Panini Comics

A DC Universe Presents foi uma revista lançada junto com o reboot, que sempre trazia histórias de heróis que não tinham série própria, e a 12ª edição desta foi inteiramente dedicada ao Kid Flash, que continha ainda um prólogo e um epílogo como histórias secundárias na revista dos Novos Titãs. Esta história não foi escrita pelo roteirista dos Titãs, mas por Fabian Nicieza, um velho amigo de Lobdell.

A premissa vem diretamente do final da saga anterior dos Titãs: quando eles estavam presos em uma ilha de dinossauros e foram teleportados para casa, três dinossauros humanoides voltaram junto. Bart os encontra acidentalmente e os enfrenta, mas acaba descobrindo que apenas um deles está disposto a cometer crimes, para libertar seus “irmãos” répteis. Com a ajuda dos outros dois, Bart consegue impedi-lo de transformar as pessoas em répteis, mas Steg consegue fugir para os esgotos no final, criando uma sociedade de répteis evoluídos.

Essa história é bem fraca, mas é divertida. Serve para passar o tempo e ver uma história só do Kid Flash (a única até agora nos Novos 52), mas nada mais do que isso. As histórias solo de Bart Allen antes do reboot eram muito melhores, mesmo aquelas questionáveis do período em que ele foi o Flash.

A origem da Moça-Maravilha

Roteiro: Scott Lobdell e Fabian Nicieza
Desenhos: Brett Booth e Ale Garza
Arte-final: Norm Rapmund e Ale Garza
Cores: Andrew Dalhouse
Editor original: Eddie Berganza
Publicação original: Teen Titans v.4 #11 a #14 (setembro de 2012 a janeiro de 2013)
Publicação nacional: Novos Titãs v.3 #2 e #0 (agosto e outubro de 2013) – Panini Comics

O arco seguinte da revista dos Novos Titãs é focado na Moça-Maravilha e sua armadura mística. O Kid Flash auxilia os Titãs, mas não tem nenhum grande destaque, apenas um aprofundamento maior de sua amizade com Miguel Jose Barragan, o Casamata, e o seu namoro com Solstício. Além dessa teve a edição zero dos Novos Titãs, mas totalmente dedicada ao Tim Drake; Bart e os outros nem aparecem.

Para concluir, o Kid Flash dos Novos 52 é um personagem bastante diferente do que os fãs antigos estão acostumados. Ele deixou a infantilidade de lado e agora é um típico adolescente contemporâneo: viciado em videogame, namora, vê pornografia e sofre de ansiedade, mas nem por isso é um personagem ruim. Pra quem estava acostumado com o Bart pré-reboot, é difícil pensar nele desse jeito, mas os leitores novos podem se identificar com isso. As histórias dos Novos Titãs não se destacam pelo roteiro, que é bastante simples e apelativo, mas são divertidas de se ler. A arte é questionável, há quem goste e quem odeie. Eu acho sensualizada demais, e prefiro muito mais as edições desenhadas pelo Ig Guara, este sim um desenhista que sabe trabalhar adequadamente com personagens adolescentes.

Fonte: Terra Zero