Quando surgiu no número 83 da
revista Journey Into Mystery, em agosto de 1962, o personagem Thor, o Deus do
Trovão, pouco tinha de mitológico. Suas aventuras, no início, mostravam o
inverso do que se sabe hoje. O herói, na verdade, era o médico Donald Blake,
que encontrou um cajado (que lhe foi muito útil como “bengala”, já que era
manco), dentro de uma caverna em terras nórdicas.
A abordagem
“menos-deus-do-trovão” e mais “super-herói” (da época) deveu-se ao escritor
Larry Lieber, irmão de Stan Lee, que colocava Thor envolvido em problemas com
os comunistas (os vilões da década de 60 do ponto de vista americano), a guerra
armamentista e até mesmo ameaças alienígenas!
O herói se tornou, dessa forma, uma
espécie de Superman da editora Marvel, já que Blake utilizava suas
transformações para salvar o mundo de tais ameaças. Curioso notar a influência
de Robert Bernstein, não creditado, porém conhecido na Marvel Comics como R.
Berns que, anteriormente, foi um importante escritor das histórias do Superman.
Daí, então, a inspiração para o clima das primeiras histórias de Thor.
Donald
Blake, apesar de médico renomado, é mostrado como um atrapalhado personagem em
meio às histórias. E não só pelo fato de ser manco. Sua enfermeira assistente
(apaixonada platonicamente pelo médico), a belíssima Jane Foster, vivia
comparando o patrão com o novo herói que surgia na cidade. Até mesmo a ocasião em que Blake encontra o
cajado, que se transforma no também mitológico martelo de Thor, se dá em um
momento um tanto quanto pastelão da história.
Invasores de
Saturno (homens feitos de pedra, parecidos com as cabeças gigantes que existem
na Ilha de Páscoa) pousam na Terra com a intenção de dominar o planeta. Um
cidadão local testemunha a chegada das criaturas, mas poucas pessoas acreditam
nele, exceto o xereta Donald Blake, que nada tinha que se meter onde não foi
chamado. Além de bisbilhotar, ainda se deixa localizar pelas criaturas.
Apesar da desvantagem de não poder
correr, o médico tem a sorte de encontrar a caverna onde se encontra o cajado
místico… e o resto é história.
Blake, ao se
transformar, não só adquire poderes sobre-humanos, mas o visual do nórdico deus
(de longos cabelos loiros) e a habilidade de manejar o martelo místico que, ao
ser arremessado (e ser capaz de destruir tudo em seu caminho) retorna às mãos
de seu dono, tal qual um bumerangue.
O único
detalhe (e sempre há únicos detalhes em histórias de super-heróis) é que Blake
não pode ficar longe do martelo por mais de 60 segundos. Caso isso aconteça,
ele volta a ser o indefeso médico novamente. Porém, é curioso notar como essa
“fraqueza” é utilizada nas primeiras histórias.
Ao invés de ser uma desvantagem, ela
se torna até vantagem estratégica, já que seus inimigos ignoram essa condição e
isso lhe permite escapar como o franzino Donald Blake, quando as armadilhas são
feitas para o corpulento Thor. Por outro lado, apenas Thor é capaz de levantar
o pesado martelo, uma vez que só aqueles que são dignos do poder de Thor são
capazes de fazê-lo se mover.
Outra
curiosidade é que as transformações de Blake em Thor pouco têm de discrição. Na
maioria das vezes ele se torna o herói bem na frente de seus inimigos. Acontece
que a transformação ocorre após um forte brilho (um raio) fazendo todos pensar
que Blake foi tirado do local por Thor. Hoje, já não se fazem vilões tão
ingênuos quanto antigamente…
Fonte: Impulso HQ
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