Antes
mesmo do epílogo, Logan e Scott são mostrados combatendo sentinelas,
as unidades móveis robóticas responsáveis por tentar extinguir a sua espécie,
para logo depois mostrar uma viagem no tempo com Donald
Trask III (neto de Bolivar Trask) e Nova: duas
pessoas com posições distintas na batalha entre Homo Sapiens e Homo
Superior – nos
quadrinhos, é mostrada uma simulação à la Holodeck de Star Trek New Generation, contendo a
extinção do Homo Sapiens Neanderthal pelo Homo Sapiens Sapiens. Para Nova, isso
era profético: aconteceria novamente.
Morrison tem preocupação até em explicar os
uniformes antigos e as novas vestimentas, justificando que os trajes retrôs
eram o símbolo do heroísmo, e que causariam nos humanos menos estranheza, no
entanto estes tempos já passaram. O núcleo mostrado é uma equipe reduzida: Professor
X, Ciclope, Wolverine, Fera, Jean
Grey e Emma
Frost. Xavier faz uso da Cerebra – uma versão aperfeiçoada da máquina
mental que expande seus poderes, Cérebro – e recebe um aviso mental de que algo
muito ruim se aproxima, algo catastrófico.
Os arroubos
entre Wolverine e Ciclope são muito engraçados: “Sabe o que eu
mais admiro em você, Summer? Sua calma demente diante do perigo!” – a fala
mostra um óbvio desprezo do velho Logan pelo escoteiro monóculo, mas explicita
também o fato do segundo ser uma figura de autoridade, mesmo para o arredio
carcaju. Os combates em que se metem seguem a mesma tônica, com Ciclope fracassando nos embates físicos e Wolverine resmungando.
A ideia de Nova é atacar a “nova raça dominante” enquanto ela
está na adolescência evolutiva, fraca ainda
para se defender com toda a força, e o ataque viria com novas versões de
sentinelas, híbridos mais versáteis e com mais recursos tecnológicos. Para ela,
os mutantes são malefícios: comparados a doenças horrendas como a varíola,
devem ser igualmente exterminados. Seu plano consiste, em um primeiro momento,
em devastar Genosha, república onde Magneto era
o soberano. Lá um genocídio acontece e a população de quase 20 milhões de
mutantes é dizimada sem piedade por jatos dos megassentinelas.
Com a
“morte” de Magneto e a preocupação de Xavier com Nova, as posições distintas sobre a
guerra mutantes x humanos ganham novos porta-vozes, com Jean defendendo o pacifismo, e Frost buscando o intervencionismo belicista
anticonservador, pronta para o revide aos ataques ao lugar que chamava de
lar. Cassandra Nova se revela um ser de espécie
desconhecida, superior até aos mutantes, que sabe do defeito genético humano,
estopim do apocalipse de sua raça, utilizando-se disso para tentar exterminar
os seus adversários naturais – os portadores do gene X. Xavier a executa sem dó, não só pela morte
dos 16 milhões, mas também por legítima defesa. No entanto, os motivos de Nova
ter tantas semelhanças com o telepata cadeirante ficam em suspenso.
A DR entre Jean e Scott é interessante. Por
mais que discussões de relações sejam enfadonhas no mundo real, o acréscimo do
poder mental à fórmula causa uma abordagem interessante. Scott fala que da
última vez que a mulher entrou em sua mente, ela eliminou algumas ilusões de
sua psique, e que isto o deixou mais cínico e mais atormentado – no entanto, a
conversa é subitamente interrompida pelo anúncio público de Charles assumindo ser o mentor dos X-Men em rede nacional: é um novo tempo, e é
preciso de novas posturas.
E de
Extinção resgata o cunho social muitas vezes
esquecido da historiografia do grupo mutante, emula Deus
ama, o homem mata e
atualiza muito dos seus conceitos. É um exercício muito bem executado de
criatividade de Morrison/Quitely e um dos melhores momentos dos X-Men nas últimas décadas.
Fonte: Vortex
Cultural
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