Como vimos anteriormente, a Era de
Prata era uma época tão explosiva em matéria de criatividade que até mesmo os
personagens coadjuvantes tinham suas próprias revistas mensais. Eram tantas as
ideias para se colocar em um roteiro que apenas a revista mensal do super-herói
principal não era suficiente para dar conta de todas. Teoricamente era isso.
Mesmo assim, personagens
coadjuvantes (até com um peso maior que o de Jimmy Olsen), nunca negaram o
papel que cumpriam nas histórias. Um desses personagens era Perry White, editor
do jornal onde Clark Kent (então identidade secreta do Super-Homem) trabalhava,
o Planeta Diário. White é um personagem que não surgiu exatamente nos
quadrinhos do herói, mas em um programa (norte americano) de rádio que
apresentava suas aventuras na década de 1940. Até então, nos quadrinhos, o
“chefe” de Clark Kent era o hoje pouco conhecido George Taylor, editor do
jornal Estrela Diária.
Perry White
foi inserido discretamente nos quadrinhos como uma espécie de repórter-mor,
mais experiente e líder nato da redação. Eventualmente, por suas
características de liderança, acabava se tornando uma espécie de editor
interino quando da ausência de Taylor.
O editor se tornou popular entre os
leitores e acabou (tão discretamente quanto sua inserção na mitologia dos
quadrinhos) sendo focado como principal editor da redação onde Clark
trabalhava. Com a mudança, o jornal também passa a se chamar Planeta Diário.
Apesar de
nunca ter sua revista própria (sim, tinha potencial para tanto, mas…), White
não era um mero coadjuvante. Era “O” coadjuvante, talvez o símbolo máximo dessa
posição. Tornou-se indispensável que ele aparecesse em TODAS as aventuras do
Super-Homem, por menor que fosse sua influência nas histórias.
Na Era de Prata, essas aparições
chegaram a ser exageradas e versões pra lá de bizarras de White apareceram,
principalmente na década de 1960. Vemos então uma versão futurista espacial,
onde ele é editor do Diário do Sistema Solar; uma versão robô, com o seu nome,
no futuro da Legião dos Super-Heróis; e até mesmo um sósia vilão (claro, não
poderia faltar).
Era uma
espécie de chefe ranzinza e enérgico, mas com um grande coração que ganhava o
respeito de toda sua equipe. Mais do que um patrão, Perry White era tido por
todos como um amigo. O próprio Super-Homem tinha imenso respeito pelo editor,
dedicando uma ala de sua Fortaleza da Solidão com o seu nome.
Nos anos 70,
com a absoluta popularização da TV nos meios de comunicação, que rivalizava
diretamente com a imprensa escrita, Perry White viu o Planeta Diário ser
adquirido pela Rede Galáxia de Televisão, tendo como novo patrão o vilanesco
Morgan Edge.
O “quase-fim” do personagem levou os
escritores a criarem uma trama onde White saía de cena por conta de ser
diagnosticado com Mal de Alzheimer. Apesar da ideia ter sido levada adiante,
com a reformulação posterior, em meados da década de 80, o editor volta a
aparecer e ocupar sua cadeira definitivamente, continuando a dar seus berros
pela redação até os dias de hoje.
Perry White
ocupa, por direito, o lugar de um dos coadjuvantes mais importantes nas
histórias em
quadrinhos. Com todas suas peculiaridades e manias, que,
aliás, é responsável por levarmos um puxão de orelhas ao iniciar esse artigo.
Pois uma das broncas recorrentes de White, que sempre recaem sobre o pobre
Jimmy Olsen, é que ele detesta ser chamado de “chefe”. Desculpe, Sr. White.
Fonte: Impulso HQ
2 Comentários
até a Identidade civil do Super tem Chefe...Marcos Punch.
ResponderExcluirE de pensar que o Perry White também não foi criado nos quadrinhos...
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