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Planeta Resenha Marvel: CAPITÃO AMÉRICA - O SOLDADO INVERNAL

Se a primeira parte da saga, Tempo Esgotado, era mais focada em espionagem, nesta segunda parte, O Soldado Invernal, o foco é a intriga e a conspiração. E isso faz toda a diferença, pois os momentos de ação são reduzidos para dar espaço aos diálogos, aos recordatórios e às situações dramáticas. Portanto, a quantidade de texto é bem maior, o que torna a leitura mais lenta, com maior necessidade de imersão por parte do leitor. Sendo assim, não espere pelas costumeiras cenas do Capitão América pulando pra lá e pra cá feito pipoca e brincando de frisbee com seu escudo, que ricocheteia em paredes e cabeças com a mesma facilidade que desvia o percurso de projéteis e armas brancas. 


Ed Brubaker mantém a mão precisa ao escrever ótimos diálogos, sem excessos e com bastante profundidade. Os conflitos internos dos personagens, principalmente de Sharon Carter e Steve Rogers, são muito bem trabalhados, e dá pra sentir na pele a dor de ambos diante das situações que se apresentam: a primeira tem o namorado assassinado, enquanto o segundo tem um grande amigo “ressuscitado”.

A Marvel Comics sempre teve a fama de editora que não sabe o significado de morte. Ou, pelo menos, de morte irreversível, definitiva. A grande maioria dos personagens da Casa das Ideias que foram mortos acabou voltando à vida em algum momento. Dentre as raras exceções estavam Benjamim Parker, tio do Homem-Aranha; Gwen Stacy, antiga namorada do Aranha; e Bucky Barnes, ex-parceiro do Capitão. Estavam...

Steve Rogers foi dado como morto na Segunda Guerra Mundial. Quando seu corpo foi descoberto congelado no oceano, porém com vida, houve início a uma nova etapa na vida de Rogers, que agora teria que se adaptar aos tempos modernos e encarar a morte do ex-parceiro e melhor amigo, Bucky. Esse foi o conflito do personagem explorado à exaustão durante décadas. Até que perceberam que essa história já estava dando no saco e resolveram virar tudo de ponta-cabeça. Portanto, mais um personagem “duro de matar” que faria inveja a John McClane (Bruce Willis). Restaria apenas saber como a história seria contada, se com base em muita lorota e papagaiada ou de maneira mais crível e consistente. O problema é contar uma história de alguém que volta à vida sem que isso pareça conversinha pra boi dormir. Olha, dá pra dizer que Ed Brubaker obteve êxito considerável.

Nada de portais extradimensionais, entidades cósmicas, máquinas mirabolantes, artefatos quase onipotentes, poções mágicas ou saídas milagrosas. Brubaker optou por recontar a morte de Bucky com informações que, na verdade, estavam perdidas e, portanto, fora do alcance dos leitores. Assim, ele arrumou uma solução bem bacana que não é difícil de engolir. E ainda, de quebra, dá pano pra manga para o desenvolvimento de diversas histórias subsequentes, originárias não apenas no retorno de Bucky, mas na maneira como se deu esse retorno e em todos os envolvidos no processo. Ponto positivo para o roteirista.

A saga trouxe novo fôlego às histórias do Capitão América, que por muito tempo ficou preso às próprias limitações, mas agora tem novos dilemas com os quais lidar. A ideia toda foi tão bem-sucedida que o segundo filme do Capitão América é inspirado em O Soldado Invernal, levando, inclusive, o mesmo título. E até mesmo leitores que torcem o nariz para o personagem poderão encontrar nesta saga algo que os agrade. Afinal, qualidade merece ser reconhecida.

Capitão América - O Soldado Invernal (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 45) - 144 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 29,90 - lançado em janeiro de 2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).


Fonte: HQ Maniacs

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